O rejuvenescimento do Partido

Luísa Araújo (Membro da Comissão Política)

Re­ju­ve­nes­ci­mento do Par­tido é re­cru­ta­mento de jo­vens, é en­vol­vi­mento e par­ti­ci­pação de jo­vens na or­ga­ni­zação e na acção do Par­tido, é in­te­gração de jo­vens nos or­ga­nismos e a sua res­pon­sa­bi­li­zação por ta­refas con­cretas.

A JCP é es­sen­cial no re­ju­ve­nes­ci­mento do Par­tido

Es­tamos num mo­mento sig­ni­fi­ca­tivo de re­ju­ve­nes­ci­mento do Par­tido. Na Con­fe­rência Na­ci­onal, re­a­li­zada em Junho pas­sado, de­ci­dimos uma cam­panha de re­cru­ta­mento, es­sen­cial para o re­ju­ve­nes­ci­mento do Par­tido. Entre os novos mem­bros do Par­tido, desde essa al­tura, mais de 40% têm menos de 30 anos, ten­dência de re­ju­ve­nes­ci­mento que se tem vindo a acen­tuar nos úl­timos anos.

A pró­pria vida con­firma que esta foi sempre uma pre­o­cu­pação do PCP, Par­tido re­vo­lu­ci­o­nário que con­si­dera de grande im­por­tância a con­ver­gência de ex­pe­ri­ên­cias, de co­nhe­ci­mentos, de re­flexão para a in­ter­venção de todos e de cada um e da con­ti­nui­dade de um per­curso his­tó­rico que se quer apro­fundar junto das novas ge­ra­ções.

O PCP é o Par­tido da ju­ven­tude porque o seu Pro­grama, as suas pro­postas, a sua acção têm o con­teúdo que in­tegra as po­lí­ticas ne­ces­sá­rias para a con­cre­ti­zação das as­pi­ra­ções e das es­pe­ranças da ju­ven­tude por­tu­guesa. O re­forço do nú­mero de jo­vens que aderem ao Par­tido está li­gado à cre­di­bi­li­dade da nossa acção e da con­fi­ança nas nossas pro­postas. Ac­ções sis­te­má­ticas de de­tur­pação dos ob­jec­tivos, forma de estar e de se or­ga­nizar do PCP, tendo, com cer­teza, efeitos ne­ga­tivos, não têm im­pe­dido que mi­lhares de jo­vens adiram ao Par­tido e nele de­sen­volvam as suas ca­pa­ci­dades de in­ter­venção so­cial e po­lí­tica.

Con­si­de­ramos que no re­ju­ve­nes­ci­mento do Par­tido a JCP é es­sen­cial, pela par­ti­ci­pação dos seus mem­bros na vida do Par­tido e pela sua pro­xi­mi­dade a am­plos sec­tores ju­venis com a sua aná­lise, pro­posta e in­ter­venção em torno de re­a­li­dades e pro­blemas ju­venis, ali­adas à pre­o­cu­pação de re­cru­ta­mento de jo­vens para o Par­tido. Isto exige, também, uma es­treita ar­ti­cu­lação entre qua­dros e or­ga­nismos da JCP e do Par­tido.

Os nú­meros de novos ins­critos na JCP me­recem igual­mente des­taque, no­me­a­da­mente as ade­sões ve­ri­fi­cadas na fase pre­pa­ra­tória do VII Con­gresso que, no pe­ríodo de um ano, ul­tra­passou as 1 500. Este facto traduz igual­mente o re­forço da in­fluência do Par­tido junto da ju­ven­tude.

 

Dados sig­ni­fi­ca­tivos

 

As re­centes lutas, par­ti­cu­lar­mente as greves dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica e a Greve Geral e as lutas dos es­tu­dantes, de­mons­tram es­pí­rito crí­tico e rei­vin­di­ca­tivo de sec­tores di­versos da ju­ven­tude. Entre ou­tros dados, me­rece des­taque o facto de no 1º se­mestre de 2002 a CGTP re­gistar que entre as mais de 33 000 novas sin­di­ca­li­za­ções, 36,5% são jo­vens tra­ba­lha­dores com menos de 30 anos e que 27% dos de­le­gados sin­di­cais eleitos em igual pe­ríodo também per­tencem a esse uni­verso etário.

O es­cla­re­ci­mento e acção do Par­tido e da JCP em vá­rias áreas tem sido es­sen­cial para o re­forço da cons­ci­ência so­cial de mi­lhares de jo­vens. As ade­sões ao Par­tido são ex­pressão de de­sen­vol­vi­mentos neste campo, que, ob­jec­ti­va­mente, apro­fundam pers­pec­tivas de alar­ga­mento do Par­tido para além do que já se ve­ri­fica hoje e nos co­loca a ne­ces­si­dade de, a todos os ní­veis do Par­tido e em di­fe­rentes áreas, de­sen­volver um tra­balho mais pro­fundo de co­nhe­ci­mento de re­a­li­dades con­cretas, de es­tado de es­pí­rito, de con­di­ções de luta e as formas de in­ter­venção para exercer a nossa in­fluência no sen­tido de apro­fun­da­mento da or­ga­ni­zação e da luta contra a po­lí­tica de di­reita.

O tra­balho do Par­tido deve ser re­flec­tido numa pers­pec­tiva di­a­léc­tica. Para além dos efeitos na mo­bi­li­zação para a luta, cria entre sec­tores ju­venis maior in­te­resse e cons­ci­ência da ne­ces­si­dade da luta or­ga­ni­zada. Por isso é es­sen­cial que os or­ga­nismos do Par­tido e da JCP cor­res­pondam às po­ten­ci­a­li­dades de tra­balho que hoje estão ao al­cance das or­ga­ni­za­ções e dêem a opor­tu­ni­dade de ser mem­bros do Par­tido os muitos jo­vens que se des­tacam pela sua co­ragem e de­ter­mi­nação na luta em de­fesa dos di­reitos de­mo­crá­ticos.

A par do re­cru­ta­mento é cons­tante o de­safio do re­ju­ve­nes­ci­mento dos or­ga­nismos e da atri­buição de res­pon­sa­bi­li­dades a qua­dros jo­vens a vá­rios ní­veis e isto é in­dis­pen­sável à di­nâ­mica e ao re­forço do Par­tido, quer através do alar­ga­mento de or­ga­nismos, quer através da cons­ti­tuição de novos or­ga­nismos, no­me­a­da­mente cé­lulas de em­presa ou de lo­cais de tra­balho, Co­mis­sões de Fre­guesia ou Grupos de Tra­balho para áreas es­pe­cí­ficas de in­ter­venção.

Es­tamos num mo­mento de grandes pos­si­bi­li­dades de re­ju­ve­nes­ci­mento das vá­rias or­ga­ni­za­ções do Par­tido. Os jo­vens co­mu­nistas de­sejam in­tervir, querem con­tri­buir com o seu co­nhe­ci­mento e ex­pe­ri­ência, querem ver re­a­li­zadas as suas ex­pec­ta­tivas de par­ti­ci­pação na vida re­vo­lu­ci­o­nária. Isto só é pos­sível com a sua efec­tiva in­te­gração e que as suas ta­refas cor­res­pondam, também, às suas con­di­ções, dis­po­ni­bi­li­dades, gostos e ape­tên­cias. Isto cor­res­ponde a re­ju­ve­nes­ci­mento do Par­tido.



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