Ilegalidades em Entre-os-Rios
As juntas de freguesia de Castelo de Paiva recebiam donativos dos areeiros que exerciam actividade no rio Douro, com conhecimento do presidente da Câmara Municipal, denunciou o relatório da Procuradoria-Geral da República (PGR), divulgado esta semana.
Esta conclusão retira-se dos depoimentos das testemunhas ouvidas pelo Ministério Público durante o inquérito-crime da PGR às causas da queda da ponte de Entre-os-Rios a que a Lusa teve acesso.
O presidente da Junta de Freguesia de Pedorido, José Manuel Moreira Barbosa, admitiu, em declarações ao Ministério Público, ter recebido «vários donativos dos areeiros» desde que exerce o cargo, em 1998. E afirmou mesmo que o presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva tinha conhecimento dos donativos e que, inclusive, contribuía para a sua obtenção, uma situação que Paulo Teixeira negou nas declarações prestadas no inquérito ao Ministério Público.O autarca de Pedorido explicou que «na Assembleia Municipal de 27 de Dezembro de 2000, o presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva lhe ter dito que tinha retido no bolso um cheque de três mil contos, cheque que tinha conseguido com a colaboração da Câmara. Não se recorda quem era o emitente desse cheque, mas tem a certeza que se tratava de um areeiro que operava o rio Douro».
O relatório aponta, ainda, para a existência de avisos de que a actividade extractiva no rio Douro poderia resultar no colapso da ponte Hintze Ribeiro. Por outras palavras, os perigos eram conhecidos há vários anos pelos poderes públicos.