Crise na MB Pereira da Costa SA

No passado dia 30, os trabalhadores concentraram-se à porta da empresa.
Fazia um mês que esperavam pelo salário de Setembro. Alertaram a comunicação social e recusaram trabalhar enquanto não obtivessem resposta satisfatória por parte da administração. A pressão deu resultado e os salários, após três dias de promessas adiadas, lá apareceram. Para João Serpa, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Mármores e Madeiras do Sul, ficou assim provado, mais uma vez, que «só lutando se consegue alguma coisa».
Em situação de insolvência financeira, a MB Pereira da Costa e os seus 400 trabalhadores aguardam decisão do Tribunal do Comércio para que avance o processo de recuperação extraordinária.
Situada na Venda Nova, Amadora, a MB Pereira da Costa SA, em laboração desde 1962, está com graves problemas de tesouraria que têm levado ao pagamento em atraso de salários e deixado apreensivos os 400 trabalhadores desta empresa. João Serpa, contou ao Avante! que a unidade tem como principal cliente a EDP, empresa da qual dependem 60 por cento de toda a facturação.
Com salários a rondar, em média, 450 euros mensais, a MB Pereira da Costa tinha, há pouco mais de um ano, cerca de 1500 trabalhadores. Agora tem apenas quatro centenas.
João Serpa revelou que os problemas começaram com a concorrência desleal.
A empresa perdeu clientes, uma vez que os orçamentos tinham um custo bastante superior em relação a outras empresas que não orçamentavam os custos fixos, incluindo os encargos sociais, «usando formas de fugir a esses encargos». Como a MB Pereira da Costa sempre cumpriu as suas obrigações, acabou por ficar prejudicada, começou a perder clientes e ficou impedida de concorrer directamente a obras públicas em concursos, uma vez que passou a ser devedora da Segurança Social.
O principal credor da empresa é o Estado, mas também a banca tem aqui créditos de que não abdica. A 15 de Outubro passado, entrou no Tribunal do Comércio de Lisboa o processo de recuperação extraordinária, acompanhado por um diagnóstico onde é revelado o montante da dívida à Segurança Social e quais são os restantes credores além do Estado, desde a banca - BPSM e Espírito Santo - aos fornecedores. Aguarda-se agora a nomeação do administrador judicial.
Trabalhadores e sindicatos esperam que o tribunal se pronuncie quanto ao prosseguimento do processo.
Para fazer face aos encargos, a empresa conta com o estaleiro situado na Venda Nova, avaliado em 5 milhões de euros, e um terreno no Linhó, não hipotecado e avaliado em cerca de 900 mil euros, podendo a sua venda servir para pagar os salários.
O estaleiro está situado numa zona de requalificação urbana e a empresa pretende vender esse terreno e alugar instalações alternativas na zona de Lisboa.
O sindicato não concorda, uma vez que a venda irá descapitalizar ainda mais a empresa, retirando-lhe todo o património que tem sido a garantia para credores e trabalhadores.


Mais artigos de: Trabalhadores

Mudar de Governo

Muitos milhares de trabalhadores responderam ao apelo da CGTP e trouxeram os motivos do seu protesto para as ruas de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Coimbra. Ficou claramente expressa a determinação de lutar por outra política e outro governo.

Resistência e greve a 21

Os sindicatos da Frente Comum avançam com um plano de resistência à crescente ofensiva do Governo contra os trabalhadores da Administração Pública.

Ferroviários exigem mais segurança

Os trabalhadores do Depósito de Revisão do Rossio decidiram realizar na próxima terça-feira um dia de acção por mais segurança nos comboios, que inclui uma greve, entre as 14 e as 16 horas, informou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário.A decisão foi tomada a 29 de Outubro, poucos dias depois de um...

Luta surpresa

Com os nervos em franja devido ao anúncio de encerramento da Docapesca, os pescadores bloquearam o desembarque de passageiros no Cais do Sodré e no Cais da Alfândega, em Lisboa, na passada segunda-feira, num acto de desobediência civil e sem qualquer pré-aviso. Ás sete e meia da manhã, batelões e barcos da Transtejo...

Transdev pára amanhã

Os trabalhadores da Rodoviária de Entre-Douro-e-Minho, da Domingos da Cunha, da Caima Transportes, da Charline, da Rodoviária da Beira Litoral e dos Transportes Caramulo realizam amanhã uma greve de 24 horas, anunciou a Festru/CGTP.Esta paralisação nas empresas do grupo Transdev abrange mais de um milhar de...

Resposta imediata para a Lisnave e Gestnave

Durante o Dia Nacional de Luta da CGTP, os trabalhadores da Gestnave e Lisnave entraram em greve, para se deslocarem a Lisboa e participar na manifestação. Antes, reuniram em Assembleia Geral de Trabalhadores, no largo de Camões, onde aprovaram uma resolução exigindo «resposta imediata do Governo» a cinco questões:-...