O delírio
Donald Rumsfeld, o secretário de Estado da Defesa dos EUA conhecido, no anedotário internacional, como o extremista que põe em pratos limpos as arrogâncias dos EUA que o presidente Bush não consegue articular no seu discurso geralmente ignorante e trapalhão, afirmou há dias, sobre a luta contra o terrorismo, que «não começámos esta guerra, mas iremos ganhá-la».
A Agência France Presse (AFP) assinala que, embora Rumsfeld não explique como pretende «ganhar a guerra», produziu estas declarações em coincidência com a divulgação de um novo projecto militar dos EUA que prevê, nem mais nem menos, que a execução de «ataques nucleares preventivos» para «dissuadir» os Estados agredidos de... recorrerem às armas de destruição em massa!
O documento tem 64 páginas, intitula-se «Doutrina para Operações Nucleares Conjuntas» e foi parar às mãos da AFP, que pormenoriza: o plano foi elaborado pelo Pentágono, está datado de 15 de Março último, segundo uma fonte anónima tem como principal objectivo «adaptar os procedimentos actuais a um mundo que muda velozmente desde os ataques de 11 de Setembro» e, de acordo com a cópia a que a AFP teve acesso, o «projecto» incentiva os comandantes norte-americanos destacados em todas as partes do mundo a preparar «planos específicos para o uso de armas nucleares», além de apontar cenários nos quais seria «justificável contar com a aprovação do Presidente para um ataque nuclear».
Ainda segundo a AFP, este «projecto» só não pode ser considerado política oficial dos EUA porque (ainda) não tem a assinatura do secretário da Defesa, o dito Rumsfeld...
Resumindo: se, antes do Iraque, os EUA da «era Bush» achavam «legítimo» fazer guerra a um país só porque os mesmos EUA garantiam que ele tinha armas de destruição maciça que nem existiam, agora preparam-se para utilizar, eles próprios, armas de destruição maciça contra qualquer país de que os EUA decidam «desconfiar», já não que possuam essas armas, mas apenas... que têm «intenção» de as possuir e utilizar!
Percebe-se melhor, agora, a cínica perseguição da administração Bush à pretensa «escalada nuclear» na Coreia do Norte e no Irão: à luz desta nova «teoria de dissuasão», ganha o perigoso contorno da criação de mais um pretexto, agora não para uma invasão como no Iraque, mas para «bombardeamentos atómicos preventivos»...
É o delírio imperial na sua expressão mais sinistra, porque prenuncia não apenas o desvairamento autodestruidor do próprio império, como ameaça a sobrevivência de todo o planeta.
Haverá ainda alguma réstia de dúvida, em qualquer espírito minimamente equilibrado, que o lançamento de uma única bomba atómica, que seja, sobre qualquer alvo e em qualquer parte do mundo constitui o irreprimível escancarar da porta para um holocausto atómico mundial?
A clique de aventureiros sem escrúpulos que domina a actual administração dos EUA não percebeu, ainda, que é absolutamente irrepetível o monstruoso bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasaki pelo simples facto de haver, actualmente, capacidade atómica em numerosos países para destruir todo o planeta dezenas de vezes?
É de uma urgência inadiável travar esta gente.
Por grandes e poderosos que sejam, os impérios nunca são maiores que o mundo, e o mundo sempre tem engolido os impérios.
Não se pode admitir que este império arraste o próprio mundo, na sua queda.
A Agência France Presse (AFP) assinala que, embora Rumsfeld não explique como pretende «ganhar a guerra», produziu estas declarações em coincidência com a divulgação de um novo projecto militar dos EUA que prevê, nem mais nem menos, que a execução de «ataques nucleares preventivos» para «dissuadir» os Estados agredidos de... recorrerem às armas de destruição em massa!
O documento tem 64 páginas, intitula-se «Doutrina para Operações Nucleares Conjuntas» e foi parar às mãos da AFP, que pormenoriza: o plano foi elaborado pelo Pentágono, está datado de 15 de Março último, segundo uma fonte anónima tem como principal objectivo «adaptar os procedimentos actuais a um mundo que muda velozmente desde os ataques de 11 de Setembro» e, de acordo com a cópia a que a AFP teve acesso, o «projecto» incentiva os comandantes norte-americanos destacados em todas as partes do mundo a preparar «planos específicos para o uso de armas nucleares», além de apontar cenários nos quais seria «justificável contar com a aprovação do Presidente para um ataque nuclear».
Ainda segundo a AFP, este «projecto» só não pode ser considerado política oficial dos EUA porque (ainda) não tem a assinatura do secretário da Defesa, o dito Rumsfeld...
Resumindo: se, antes do Iraque, os EUA da «era Bush» achavam «legítimo» fazer guerra a um país só porque os mesmos EUA garantiam que ele tinha armas de destruição maciça que nem existiam, agora preparam-se para utilizar, eles próprios, armas de destruição maciça contra qualquer país de que os EUA decidam «desconfiar», já não que possuam essas armas, mas apenas... que têm «intenção» de as possuir e utilizar!
Percebe-se melhor, agora, a cínica perseguição da administração Bush à pretensa «escalada nuclear» na Coreia do Norte e no Irão: à luz desta nova «teoria de dissuasão», ganha o perigoso contorno da criação de mais um pretexto, agora não para uma invasão como no Iraque, mas para «bombardeamentos atómicos preventivos»...
É o delírio imperial na sua expressão mais sinistra, porque prenuncia não apenas o desvairamento autodestruidor do próprio império, como ameaça a sobrevivência de todo o planeta.
Haverá ainda alguma réstia de dúvida, em qualquer espírito minimamente equilibrado, que o lançamento de uma única bomba atómica, que seja, sobre qualquer alvo e em qualquer parte do mundo constitui o irreprimível escancarar da porta para um holocausto atómico mundial?
A clique de aventureiros sem escrúpulos que domina a actual administração dos EUA não percebeu, ainda, que é absolutamente irrepetível o monstruoso bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasaki pelo simples facto de haver, actualmente, capacidade atómica em numerosos países para destruir todo o planeta dezenas de vezes?
É de uma urgência inadiável travar esta gente.
Por grandes e poderosos que sejam, os impérios nunca são maiores que o mundo, e o mundo sempre tem engolido os impérios.
Não se pode admitir que este império arraste o próprio mundo, na sua queda.