Fórum Social Mundial
A realização, na semana passada, em Caracas, na Venezuela, do VI Fórum Social Mundial e das várias iniciativas paralelas, incluindo o Fórum Parlamentar Mundial e o II Fórum Social das Américas, constituiu um momento de observação e vivo debate da nova realidade política que se vive na América Latina, de solidariedade com as lutas que se desenrolam contra o capitalismo, o militarismo e o imperialismo, seja na América Latina, seja a nível mundial.
Entre as mais de 70 mil pessoas inscritas inicialmente, e as muitas outras que se juntaram e se distribuíram pelos inúmeros locais onde decorreram as centenas de iniciativas, há sonhos comuns, dúvidas imensas e uma certeza: um outro mundo é possível, que, em diversos lados, apareceu claramente identificado com o socialismo do século XXI. Diria mesmo que esse foi o grande desafio deste Fórum - contribuir para construir o socialismo.
Das iniciativas sobre os mais diversos temas da maior importância, destaco as grandes conferências sobre estratégias imperialistas, militarização e resistência dos povos, o futuro dos fóruns sociais, as estratégias do capitalismo e a acção das transnacionais, a visão dos jovens sobre a estratégia imperialista para a América Latina, a criação dos observatórios sobre a acção das multinacionais na área da água e sobre a dívida dos países menos desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como, naturalmente, os debates e a resolução do Fórum Parlamentar Mundial na Assembleia Nacional da República Bolivariana da Venezuela, em que participei.
Neste enorme espaço de encontro, debate, intercâmbio de experiências, ideias e propostas, construção de agendas, coordenação de plataformas de lutas de organizações e movimentos sociais de todo o mundo, perpassam, como referiu Irene Léon, do Equador, milhares de formas de conceber um outro mundo, de visões diferentes sobre o modo de o construir, muitas alternativas, mas sempre o desejo de que seja um mundo diferente, de paz, de inclusão de todos, igualitário, solidário.
Na reflexão sobre a situação actual a nível mundial, é possível verificar as contradições de um capitalismo cada vez mais agressivo, de um imperialismo que não olha a meios para atingir os seus fins, de que não faltam inúmeros e graves exemplos, incluindo o recurso aos golpes de Estado, como aconteceu, há cerca de três anos, na Venezuela, à guerra do Iraque, à manutenção do bloqueio a Cuba com reflexos na própria União Europeia, como aconteceu recentemente com a proibição da venda de aviões por parte da Espanha à Venezuela.
Nalgumas conferências registaram-se momentos de viva emoção. Foi o caso da intervenção de deputadas indígenas da Bolívia e da Venezuela, provas eloquentes do quanto a América Latina está a mudar e do reconhecimento das suas culturas e dos seus direitos, incluindo os direitos das mulheres e a sua crescente participação na vida política. Foi, igualmente, o caso da solidariedade com Cuba e a Palestina, o povo do Iraque e a luta contra a guerra.
Mas, como se sublinhou nas próprias conclusões do Fórum Parlamentar, só se pode construir a paz com políticas económico-sociais que ponham cobro à fome e à miséria em que vive cerca de metade da humanidade, se reconheça os direitos dos povos e dos Estados à sua soberania, se pratiquem políticas de respeito pela dignidade humana e se ponha cobro à exploração nas suas mais diversas formas.
Como também referiram vários intervenientes, incluindo Ricardo Alarcão, Presidente da Assembleia do Poder Popular de Cuba, o capitalismo e o imperialismo podem derrotar-se. Mas não é fácil.
As derrotas não são globais, mas estão a acontecer em diversos lados. Até na União Europeia, como também tive ocasião de destacar, dando o exemplo do «não» à dita constituição europeia nos referendos da França e da Holanda, apesar das enormes pressões ideológicas e propagandísticas a que foram sujeitos. Mas muitos outros exemplos ali foram referidos, incluindo no âmbito da Organização Mundial do Comércio, da ALCA, da Unesco, sem esquecer a heróica resistência do povo do Iraque contra a ocupação dos EUA e seus aliados, até ao processo de «desprivatização» da água que está a decorrer em Manaus, consequência da luta dos povos da Amazónia contra a privatização feita há cinco anos.
Só que, como foi salientado, é na propaganda, na cultura e nas ideias que o capitalismo, nesta sua fase mais agressiva e imperial, se está a impor. Controla os meios de comunicação social, tenta controlar ideias e orientar pensamentos. Mas também aí está a encontrar muitas resistências. Estes fóruns sociais mundiais são uma importante resposta e forma de resistência no campo das ideias.
Com uma multiplicidade de iniciativas, é possível demonstrar que há visões diferentes, mas convergentes, na luta contra o neoliberalismo e o capitalismo, o militarismo, o imperialismo, na defesa de um mundo justo, solidário, de paz.
Entre as mais de 70 mil pessoas inscritas inicialmente, e as muitas outras que se juntaram e se distribuíram pelos inúmeros locais onde decorreram as centenas de iniciativas, há sonhos comuns, dúvidas imensas e uma certeza: um outro mundo é possível, que, em diversos lados, apareceu claramente identificado com o socialismo do século XXI. Diria mesmo que esse foi o grande desafio deste Fórum - contribuir para construir o socialismo.
Das iniciativas sobre os mais diversos temas da maior importância, destaco as grandes conferências sobre estratégias imperialistas, militarização e resistência dos povos, o futuro dos fóruns sociais, as estratégias do capitalismo e a acção das transnacionais, a visão dos jovens sobre a estratégia imperialista para a América Latina, a criação dos observatórios sobre a acção das multinacionais na área da água e sobre a dívida dos países menos desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como, naturalmente, os debates e a resolução do Fórum Parlamentar Mundial na Assembleia Nacional da República Bolivariana da Venezuela, em que participei.
Neste enorme espaço de encontro, debate, intercâmbio de experiências, ideias e propostas, construção de agendas, coordenação de plataformas de lutas de organizações e movimentos sociais de todo o mundo, perpassam, como referiu Irene Léon, do Equador, milhares de formas de conceber um outro mundo, de visões diferentes sobre o modo de o construir, muitas alternativas, mas sempre o desejo de que seja um mundo diferente, de paz, de inclusão de todos, igualitário, solidário.
Na reflexão sobre a situação actual a nível mundial, é possível verificar as contradições de um capitalismo cada vez mais agressivo, de um imperialismo que não olha a meios para atingir os seus fins, de que não faltam inúmeros e graves exemplos, incluindo o recurso aos golpes de Estado, como aconteceu, há cerca de três anos, na Venezuela, à guerra do Iraque, à manutenção do bloqueio a Cuba com reflexos na própria União Europeia, como aconteceu recentemente com a proibição da venda de aviões por parte da Espanha à Venezuela.
Nalgumas conferências registaram-se momentos de viva emoção. Foi o caso da intervenção de deputadas indígenas da Bolívia e da Venezuela, provas eloquentes do quanto a América Latina está a mudar e do reconhecimento das suas culturas e dos seus direitos, incluindo os direitos das mulheres e a sua crescente participação na vida política. Foi, igualmente, o caso da solidariedade com Cuba e a Palestina, o povo do Iraque e a luta contra a guerra.
Mas, como se sublinhou nas próprias conclusões do Fórum Parlamentar, só se pode construir a paz com políticas económico-sociais que ponham cobro à fome e à miséria em que vive cerca de metade da humanidade, se reconheça os direitos dos povos e dos Estados à sua soberania, se pratiquem políticas de respeito pela dignidade humana e se ponha cobro à exploração nas suas mais diversas formas.
Como também referiram vários intervenientes, incluindo Ricardo Alarcão, Presidente da Assembleia do Poder Popular de Cuba, o capitalismo e o imperialismo podem derrotar-se. Mas não é fácil.
As derrotas não são globais, mas estão a acontecer em diversos lados. Até na União Europeia, como também tive ocasião de destacar, dando o exemplo do «não» à dita constituição europeia nos referendos da França e da Holanda, apesar das enormes pressões ideológicas e propagandísticas a que foram sujeitos. Mas muitos outros exemplos ali foram referidos, incluindo no âmbito da Organização Mundial do Comércio, da ALCA, da Unesco, sem esquecer a heróica resistência do povo do Iraque contra a ocupação dos EUA e seus aliados, até ao processo de «desprivatização» da água que está a decorrer em Manaus, consequência da luta dos povos da Amazónia contra a privatização feita há cinco anos.
Só que, como foi salientado, é na propaganda, na cultura e nas ideias que o capitalismo, nesta sua fase mais agressiva e imperial, se está a impor. Controla os meios de comunicação social, tenta controlar ideias e orientar pensamentos. Mas também aí está a encontrar muitas resistências. Estes fóruns sociais mundiais são uma importante resposta e forma de resistência no campo das ideias.
Com uma multiplicidade de iniciativas, é possível demonstrar que há visões diferentes, mas convergentes, na luta contra o neoliberalismo e o capitalismo, o militarismo, o imperialismo, na defesa de um mundo justo, solidário, de paz.