A Nação Palestina Ameaçada
José Saramago, em carta enviada aos principais jornais internacionais a 19 de Julho, denuncia as graves ameaças que impendem sobre a nação palestina.
«O objectivo é nada menos que a liquidação da nação Palestina»
A carta, que a seguir se transcreve na íntegra, é também assinada por John Berger, crítico de arte e ensaista; Noam Chomsky, linguista e professor do MIT; e Harold Pinter, dramaturgo e Prémio Nobel de Literatura.
Endossaram a carta, entre outros, Arundhati Roy, escritora indiana e vencedora do Booker Prize; Naomi Klein, jornalista e escritora canadiana; Harold Zinn, historiador americano; Tariq Ali, escritor paquistanês; Eduardo Galeano, escritor uruguaio; Gore Vidal, escritor, dramaturgo e argumentista americano.
«O mais recente capítulo do conflito entre Israel e a Palestina começou quando forças israelitas raptaram dois civis, um médico e o seu irmão, na Faixa de Gaza – um incidente escassamente relatado por toda a parte, excepto na imprensa turca. No dia seguinte, os Palestinos fizeram prisioneiro um soldado israelita e propuseram uma troca negociada por prisioneiros detidos pelos israelitas: há cerca de 10 000 nas prisões israelitas.
«Que este “rapto” tenha sido considerado um ultraje, ao passo que a ocupação militar ilegal da Margem Ocidental e a apropriação sistemática do seus recursos naturais, muito especialmente da água, pelas forças de defesa israelita sejam consideradas factos da vida, lamentáveis mas reais, é típico da política de dois pesos e duas medidas, repetidamente utilizada pelo Ocidente, perante a sorte que se abateu sobre os Palestinos, na terra que lhes foi atribuída por acordos internacionais, no decurso dos últimos 70 anos.
«Hoje, aos ultrajes seguem-se ultrajes; mísseis improvisados cruzam-se com mísseis sofisticados. Estes últimos encontram, normalmente, os seus alvos nos locais onde vivem aglomerados os pobres e deserdados à espera daquilo que, em tempos, se chamou Justiça. Ambos os tipos de mísseis despedaçam os corpos de uma forma horrível – quem, senão os chefes militares, pode esquecer isto, por um momento que seja?
«Cada provocação e contra provocação é contestada e apregoada. Mas os argumentos, acusações e ameaças subsequentes, tudo serve como manobra de diversão para distrair a atenção de um persistente estratagema militar, económico e geográfico, cujo objectivo político é nada menos que a liquidação da nação Palestina.
«Esta realidade tem que ser proclamada, alto e bom som, porque aquele estratagema, apenas em parte declarado e frequentemente encoberto, está a avançar rapidamente nos nossos dias e, na nossa opinião, tem de ser persistente e permanentemente desmascarado – e resistido.»
Endossaram a carta, entre outros, Arundhati Roy, escritora indiana e vencedora do Booker Prize; Naomi Klein, jornalista e escritora canadiana; Harold Zinn, historiador americano; Tariq Ali, escritor paquistanês; Eduardo Galeano, escritor uruguaio; Gore Vidal, escritor, dramaturgo e argumentista americano.
«O mais recente capítulo do conflito entre Israel e a Palestina começou quando forças israelitas raptaram dois civis, um médico e o seu irmão, na Faixa de Gaza – um incidente escassamente relatado por toda a parte, excepto na imprensa turca. No dia seguinte, os Palestinos fizeram prisioneiro um soldado israelita e propuseram uma troca negociada por prisioneiros detidos pelos israelitas: há cerca de 10 000 nas prisões israelitas.
«Que este “rapto” tenha sido considerado um ultraje, ao passo que a ocupação militar ilegal da Margem Ocidental e a apropriação sistemática do seus recursos naturais, muito especialmente da água, pelas forças de defesa israelita sejam consideradas factos da vida, lamentáveis mas reais, é típico da política de dois pesos e duas medidas, repetidamente utilizada pelo Ocidente, perante a sorte que se abateu sobre os Palestinos, na terra que lhes foi atribuída por acordos internacionais, no decurso dos últimos 70 anos.
«Hoje, aos ultrajes seguem-se ultrajes; mísseis improvisados cruzam-se com mísseis sofisticados. Estes últimos encontram, normalmente, os seus alvos nos locais onde vivem aglomerados os pobres e deserdados à espera daquilo que, em tempos, se chamou Justiça. Ambos os tipos de mísseis despedaçam os corpos de uma forma horrível – quem, senão os chefes militares, pode esquecer isto, por um momento que seja?
«Cada provocação e contra provocação é contestada e apregoada. Mas os argumentos, acusações e ameaças subsequentes, tudo serve como manobra de diversão para distrair a atenção de um persistente estratagema militar, económico e geográfico, cujo objectivo político é nada menos que a liquidação da nação Palestina.
«Esta realidade tem que ser proclamada, alto e bom som, porque aquele estratagema, apenas em parte declarado e frequentemente encoberto, está a avançar rapidamente nos nossos dias e, na nossa opinião, tem de ser persistente e permanentemente desmascarado – e resistido.»