Desafio neonazi sionista à humanidade

O genocídio do povo de Gaza

Miguel Urbano Rodrigues
Escrevo no momento em que está em desenvolvimento a escalada genocida do Estado sionista de Israel contra o povo de Gaza.

«Agressão sionista já matou mais de 900 palestinianos»

Essa bárbara operação exterminista – apoiada pela esmagadora maioria dos israelenses e incentivada pelo sistema de poder dos EUA com a cumplicidade da maioria dos governos da União Europeia – é acompanhada de uma ambiciosa e massacrante ofensiva mediática de âmbito mundial que deforma a História e pretende justificar o crime com o argumento de que Israel exerce o direito de defesa para proteger as suas populações e sobreviver como nação.
Estamos perante uma daquelas tragédias em que as palavras são insuficientes – como aconteceu com as chacinas do III Reich alemão – para qualificar as proporções e o significado do crime.
A desinformação, garantida pelo controlo hegemónico dos grandes media, dificulta extraordinariamente o esclarecimento dos povos porque a vítima é apresentada como agressor e este como representante de valores inalienáveis da democracia.
A primeira e fundamental mentira é a que responsabiliza o Hamas pelo rompimento da trégua. Israel, ao iniciar o bombardeamento aéreo e naval seguido da invasão terrestre, estaria a proteger as populações das suas cidades e aldeias atingidas por rockets palestinianos.
Trata-se de uma grosseira inverdade.
Existe uma abundante documentação secreta do próprio Ministério da Defesa israelense que demonstra com clareza a premeditação do crime pelo governo de Telavive.
Encontramos uma síntese de factos relacionados com essa premeditação num importante artigo do professor canadiano Michel Chossudovsky, da Universidade de Otawa.
Nesse texto (divulgado por globalresearch.ca/PrintArticle.php?articleId=2009) o prestigiado economista e escritor lembra que a «operação chumbo fundido» foi minuciosamente planeada com seis meses de antecedência, quando Israel iniciava a negociação de um acordo de cessar fogo com o Hamas. O projecto foi, porém, concebido em 2001.
A 4 de Novembro pp., dia das eleições presidenciais dos EUA, Israel aliás rompeu a trégua, bombardeando a Faixa de Gaza, alegando a necessidade de impedir a construção de túneis pelos palestinos.
Chossudovsky chama a atenção para o facto de, transcorridas 24 horas, a 5 de Novembro, o governo de Telavive ter iniciado o monstruoso bloqueio de Gaza, cortando o abastecimento à Faixa de alimentos, combustível e medicamentos. Posteriormente o exército israelense realizou numerosas incursões armadas no território de Gaza.
O Hamas, em legítima defesa, respondeu com o lançamento de rockets de fabrico caseiro.
Não há mentiras e calúnias que possam apagar a evidência: 13 israelenses morreram desde então em consequência do disparo de rockets do Hamas, mas a agressão sionista é responsável pela morte de mais de 900 palestinos, superando 4 mil o número de feridos.

Gaza, um cenário de apocalipse

As notícias que chegam de Gaza e as imagens transmitidas pela televisão iluminam um cenário de apocalipse: quarteirões inteiros arrasados, mesquitas bombardeadas na hora da oração, hospitais e universidades destruídos. Crianças e mulheres ensanguentadas movendo-se entre ruínas, corpos humanos esfacelados. Em Gaza acabou o pão, bairros inteiros estão privados de electricidade e água.
Mas a monstruosidade do genocídio merece o apoio de Washington. O presidente Bush justifica-o em nome da democracia, tal como a sente. Mais: impede que o Conselho de Segurança aprove uma Resolução que imponha o cessar fogo [n.d.r.: entretanto, o CS da ONU aprovou, quinta-feira, dia 8, a Resolução 1860 por 14 votos a favor e uma abstenção, dos EUA].
A atitude prevalecente nos governos da União Europeia é de hipocrisia e cinismo. Afirmam desejar um cessar fogo, alguns definem como «desproporcionada a resposta de Israel», mas manifestam compreensão pela sua «reacção defensiva» contra «os terroristas do Hamas».
A Rússia e a China condenam a escalada de violência que atinge Gaza, mas a sua atitude carece de firmeza no Conselho de Segurança.
Os povos árabes saem massivamente às ruas para expressar a sua condenação da matança de Gaza.
Mas diferente é a posição assumida pelos governos da maioria dos países árabes. Os seus governantes comportam-se como cúmplices envergonhados de Telelavie.
Sarkozy, a chanceler Merkel, Berlusconi, Brown, Durão Barroso trocam sorrisos e amabilidades com Olmert e a ministra Livni.
Hipócrita e covarde é também a postura assumida pelo presidente da Autoridade Nacional Palestiniana. Mahmud Abbas pede um cessar fogo, mas responsabilizou inicialmente os seus compatriotas do Hamas pela escalada de violência.
Na cobertura da agressão israelense pelos meios de comunicação dos EUA e da União Europeia identifico um retrato chocante do jornalismo mercenário.
Os enviados especiais, com poucas excepções, limitam-se a transmitir as declarações dos ministros e dos militares de Israel. As imagens de casas atingidas nas cidades judaicas fronteiriças ocupam em algumas reportagens quase tanto espaço e tempo como as do inferno em que Gaza foi transformada pelos bombardeamentos israelenses.
Nos media portugueses de referência a satanização do Hamas tornou-se rotineira. Editores, analistas, apresentadores, enviados especiais competem na repetição monocórdica do «direito de defesa de Israel» contra o terrorismo.
De Washington a Paris passou também a ser quase obrigatória a responsabilização do Irão pela resistência heróica dos milicianos do Hamas. A extrema direita estado-unidense, sobretudo, não esconde o seu desejo de que a barbárie que abrasa Gaza seja o prólogo de uma tragédia maior que envolva o Irão, berço de uma das maiores civilizações criadas pela humanidade.
O apocalipse de Gaza transmite uma lição assustadora: a barbárie do Estado sionista de Israel, apoiada pelo imperialismo estadounidense e contemplada compreensivamente pelos seus aliados da União Europeia configura uma ameaça à civilização.
Num contexto histórico muito diferente, as burguesias do Ocidente trazem à memoria a atmosfera europeia nas vésperas de Munique. Afirmam a sua fidelidade aos valores da democracia tal como a concebem, mas actuam como cúmplices de um Estado cuja política os nega e espezinha ao promover chacinas como a de Gaza.
A solidariedade de todos os homens e mulheres progressistas com o heróico povo da Palestina martirizada é mais do que nunca um dever.
Nestes dias os combatentes do Hamas, ao lutarem pelo direito do seu povo a ser livre e independente, batem-se, afinal, por valores eternos.
O genocídio de Gaza é um desafio do sionismo NEONAZI à Humanidade.


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