Crise capitalista

Milhões sem emprego nos EUA

O número de postos de trabalho destruídos o ano passado nos EUA superou os 2,6 milhões. O valor é o maior das últimas seis décadas.

2,6 milhões ficaram desempregados em 2008

Desde o final da II Grande Guerra Mundial, em 1945, que não eram eliminados tantos postos de trabalho nos EUA. Segundo dados divulgados a semana passada pelo Departamento do Trabalho norte-americano, o número de trabalhadores que ficaram sem emprego durante o ano transato ultrapassou os dois milhões e 600 mil, 75 por cento dos quais durante os últimos quatro meses do ano.
Só no mês de Dezembro foram delapidados 693 mil postos de trabalho, mais 200 mil do que estimavam as previsões oficiais, fazendo disparar a taxa de desemprego para os 7,2 por cento, um máximo que não era alcançado desde 1993.
No total, encontravam-se desempregadas nos EUA em 2008 mais de 11,1 milhões de pessoas, cerca de 3,6 milhões a mais quando comparadas as estatísticas de Dezembro de 2007. A quantidade de pessoas a perderem o emprego e a pedirem subsídio ao Estado é tal que, nos Estados de Nova Iorque e da Carolina do Norte, os sistemas de registo colapsaram com a afluência recorde.
Acresce que, de acordo com uma pesquisa elaborada pelo instituo privado The Conference Board, o cenário em 2009 não vai melhor, podendo-se registar a delapidação de outros dois milhões de empregos nos EUA em resultado da recessão económica provocada pela crise capitalista. Apesar de serem as mais actuais, as cifras da Conference Board são conservadoras quando comparadas com as previsões do ex-secretário do Trabalho da administração norte-americana, Robert Reich, que sustenta que sem um plano de estímulo à economia perder-se-ão três milhões de empregos.

Despedimentos não param

Entretanto, diversos sectores económicos não param de anunciar perdas nos lucros e despedimentos maciços. Na construção civil, os preços das casas em 20 grandes cidades norte-americanas cairam 18 por cento. Desde 2006 já foram despedidos neste sector quase 800 mil trabalhadores e as principais empresas antevêem uma queda no volume de negócios durante o ano de 2009.
Na construção de aeronaves, a Cessna comunicou aos seus empregados, segunda-feira, via correio electrónico, a eliminação de dois mil postos na unidade que a empresa detém na cidade de Wichita, Kansas. Antes, já a Boeing havia anunciado a eliminação de outros 4500 postos de trabalho, regressando ao número de empregados que registava no início do ano passado.
A aviação é um dos sectores mais afectados pela recessão. A Agência Internacional do Transporte Aéreo confirma a crise e anuncia perdas para o ano de 2009 entre as grandes companhias mundiais na ordem dos três mil milhões de dólares. Diversas rotas internacionais serão também suprimidas, assim como cerca de 20 mil postos de trabalho directos.
Na exploração petrolífera, a Schlumberger, maior empresa de serviços naquela área, admitiu o despedimento de mil funcionários na América do Norte, o mesmo número que a cadeia farmacêutica Walgreen prevê dispensar até ao final do primeiro semestre de 2009.
Quanto ao sector automóvel, a General Motors e a Chrysler continuam a pressionar os sindicatos para que cedam nos salários e direitos contratuais. Sem este acordo, as construtoras não terão acesso aos milhões concedidos pela Casa Branca.
A gigante da metalomecânica Alcoa, uma das empresas com maiores perdas nos ganhos previstos, anunciou a eliminação de 13 mil e 500 empregos em todo o mundo. No Canadá, a mineira Teck Cominco vai despedir 13 por cento da sua força laboral.

Ninguém escapa à crise

A informática é outro dos sectores incapaz de escapar ao rolo compressor da crise capitalista. A nipónica TDK prevê acabar com oito mil postos de trabalho nas suas filiais estrangeiras, enquanto que a Dell, segunda maior fabricante mundial de computadores, vai deslocalizar para a Polónia toda a produção instalada na Irlanda, eliminando naquele país 1900 empregos e provocando um rombo significativo nas exportações. A Lenovo, quarta no ranking de fabricantes de computadores, prescinde de 11 por cento da sua força de trabalho, 2500 trabalhadores chineses.
Aliás, a China, uma das maiores e mais fortes economias mundiais, também não parece ficar a salvo da crise. Informações divulgadas pela agência de notícias Xinhua garantem que 670 mil pequenas e médias empresas sucumbiram à recessão mundial em 2008. Segundo o Ministério dos Recursos Humanos e da Segurança Social de Pequim, tal situação contribuiu para o aumento em 10 milhões o número de migrantes rurais que actualmente se encontram desempregados nas grandes cidades costeiras.
Dados oficiais do governo chinês admitem ainda que nem as empresas estatais fugiram à diminuição dos lucros, na ordem dos 30 por cento no ano passado.


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