Anticomunismo, arma do grande capital
Ciclicamente e de forma recorrente, nomeadamente em períodos decisivos para a vida dos povos, o anticomunismo irrompe descaradamente como arma de recurso para evitar caminhos e soluções que toquem com os interesses do grande capital. Em Portugal – como mais uma vez recentemente sucedeu – ou lá onde os povos resistem e lutam contra a exploração e a opressão, construindo alternativas de progresso e justiça social, como acontece em numerosos países da América Latina.
A campanha anticomunista está ligada à reabilitação do fascismo
A descarada provocação de Alberto João Jardim, em pleno período de pré-campanha eleitoral, assume particular gravidade pelo seu conteúdo fundamental de equiparação do comunismo ao fascismo e pelo silêncio do seu partido. E – inserindo-se na ofensiva visando nova revisão destruidora da Constituição – tem como objectivo imediato procurar contrariar a reivindicação de mudança política que a luta de massas tem expresso e que, no plano político, se traduzirá no crescimento eleitoral do PCP e da CDU, como aliás os resultados das eleições para o Parlamento Europeu indicam.
Alberto João Jardim, que gosta de se projectar mediaticamente por uma truculenta pseudo-independência, revela-se neste caso como aluno disciplinado das instituições europeias que há três anos batalham para tornar o anticomunismo como doutrina de Estado.
Deturpando a própria história, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa pretendeu criminalizar não apenas a acção dos comunistas, mas a sua própria ideologia. Omitindo que o nazi-fascismo foi a forma de organização do Estado a que o capitalismo recorreu, em período de crise, para assegurar o seu domínio, branqueou o fascismo e ocultou que milhões de comunistas deram as suas vidas pela liberdade e a democracia. Mais recentemente, durante este ano, duas novas resoluções – «A consciência europeia e o totalitarismo» (PE) e «Reunificar a Europa dividida: promover os direitos humanos e as liberdades civis na região da OSCE(1) no século XXI» – numa «operação de distorção da verdade histórica, levada a cabo pelas forças reaccionárias e revanchistas, as derrotadas na II Guerra Mundial – as mesmas que, por exemplo, reabilitam nos seus países os colaboracionistas com a bárbarie nazi»(2), centraram-se de novo no anticomunismo como forma de justificar as suas responsabilidades pelos dramas sociais que se ampliam e as medidas antidemocráticas que vão tomando, procurando evitar que se projecte a alternativa política pela qual os comunistas se organizam e lutam.
Sinal de fraqueza
Este ataque persistente aos comunistas, duas décadas após as derrotas do socialismo nos países do leste europeu e de o capitalismo «triunfante» ter declarado o fim do comunismo é, na verdade, um sinal de fraqueza do sistema e dos seus limites históricos, mas constitui simultaneamente um alerta para os perigos latentes face ao rápido desenvolvimento do militarismo e do intervencionismo e aos ataques a liberdades e direitos fundamentais.
A situação exige atento acompanhamento. A actual campanha anticomunista, ao contrário do que os seus promotores pretendem fazer crer, está intrinsecamente associada à reabilitação do fascismo. Não só em Portugal – onde nos últimos dois anos se procurou trazer a terreiro o «lado humano» de Salazar e Caetano, e onde proliferaram elaborações e especulações teóricas sobre o carácter do fascismo no nosso País e se desenvolvem iniciativas omitindo ou deturpando o destacado e insubstituível papel dos comunistas na resistência antifascista – mas também no leste da Europa(3) onde ainda há duas semanas o vice-presidente dos EUA participou na Ucrânia(4) numa cerimónia anticomunista, na Itália de Berlusconi, na Áustria, na Grã-Bretanha e noutros países onde as forças de extrema-direita tiveram significativos avanços nas eleições para o Parlamento Europeu.
Na campanha eleitoral que se aproxima, interviremos directamente junto dos trabalhadores e do povo não só para apontar a política de direita como responsável pelo drama do desemprego e pelas crescentes desigualdades sociais mas também pelas perseguições, intimidações e limitações de direitos e liberdades fundamentais a que o poder político – de momento o Governo de José Sócrates – vem recorrendo para travar o descontentamento que se generaliza. E, realçando aspectos fundamentais duma política alternativa, não deixaremos de apontar a alternativa por que lutamos com profunda confiança de que o futuro não pertence aos que exploram e oprimem mas aos que lutam de forma persistente em defesa dos trabalhadores e dos povos.
Organização de Segurança e Cooperação Europeia.
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(1)Organização de Segurança e Cooperação Europeia.
(2) Extracto da declaração de voto de Pedro Guerreiro no Parlamento Europeu.
(3)Ainda em Junho, o parlamento lituano introduziu uma adenda ao Código Penal visando criminalizar antigos responsáveis soviéticos, enquanto eleva a heróis nacionais colaboracionistas hitlerianos; os partidos comunistas estão proibidos nas Repúblicas do Báltico, mas são permitidas paradas de antigos SS que auferem regalias sociais negadas aos veteranos antifascistas; na República Checa e na Hungria é proibida a propaganda e os símbolos comunistas, etc., etc.
(4)País que também reabilitou os colaboracionistas com o ocupante nazi.
Alberto João Jardim, que gosta de se projectar mediaticamente por uma truculenta pseudo-independência, revela-se neste caso como aluno disciplinado das instituições europeias que há três anos batalham para tornar o anticomunismo como doutrina de Estado.
Deturpando a própria história, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa pretendeu criminalizar não apenas a acção dos comunistas, mas a sua própria ideologia. Omitindo que o nazi-fascismo foi a forma de organização do Estado a que o capitalismo recorreu, em período de crise, para assegurar o seu domínio, branqueou o fascismo e ocultou que milhões de comunistas deram as suas vidas pela liberdade e a democracia. Mais recentemente, durante este ano, duas novas resoluções – «A consciência europeia e o totalitarismo» (PE) e «Reunificar a Europa dividida: promover os direitos humanos e as liberdades civis na região da OSCE(1) no século XXI» – numa «operação de distorção da verdade histórica, levada a cabo pelas forças reaccionárias e revanchistas, as derrotadas na II Guerra Mundial – as mesmas que, por exemplo, reabilitam nos seus países os colaboracionistas com a bárbarie nazi»(2), centraram-se de novo no anticomunismo como forma de justificar as suas responsabilidades pelos dramas sociais que se ampliam e as medidas antidemocráticas que vão tomando, procurando evitar que se projecte a alternativa política pela qual os comunistas se organizam e lutam.
Sinal de fraqueza
Este ataque persistente aos comunistas, duas décadas após as derrotas do socialismo nos países do leste europeu e de o capitalismo «triunfante» ter declarado o fim do comunismo é, na verdade, um sinal de fraqueza do sistema e dos seus limites históricos, mas constitui simultaneamente um alerta para os perigos latentes face ao rápido desenvolvimento do militarismo e do intervencionismo e aos ataques a liberdades e direitos fundamentais.
A situação exige atento acompanhamento. A actual campanha anticomunista, ao contrário do que os seus promotores pretendem fazer crer, está intrinsecamente associada à reabilitação do fascismo. Não só em Portugal – onde nos últimos dois anos se procurou trazer a terreiro o «lado humano» de Salazar e Caetano, e onde proliferaram elaborações e especulações teóricas sobre o carácter do fascismo no nosso País e se desenvolvem iniciativas omitindo ou deturpando o destacado e insubstituível papel dos comunistas na resistência antifascista – mas também no leste da Europa(3) onde ainda há duas semanas o vice-presidente dos EUA participou na Ucrânia(4) numa cerimónia anticomunista, na Itália de Berlusconi, na Áustria, na Grã-Bretanha e noutros países onde as forças de extrema-direita tiveram significativos avanços nas eleições para o Parlamento Europeu.
Na campanha eleitoral que se aproxima, interviremos directamente junto dos trabalhadores e do povo não só para apontar a política de direita como responsável pelo drama do desemprego e pelas crescentes desigualdades sociais mas também pelas perseguições, intimidações e limitações de direitos e liberdades fundamentais a que o poder político – de momento o Governo de José Sócrates – vem recorrendo para travar o descontentamento que se generaliza. E, realçando aspectos fundamentais duma política alternativa, não deixaremos de apontar a alternativa por que lutamos com profunda confiança de que o futuro não pertence aos que exploram e oprimem mas aos que lutam de forma persistente em defesa dos trabalhadores e dos povos.
Organização de Segurança e Cooperação Europeia.
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(1)Organização de Segurança e Cooperação Europeia.
(2) Extracto da declaração de voto de Pedro Guerreiro no Parlamento Europeu.
(3)Ainda em Junho, o parlamento lituano introduziu uma adenda ao Código Penal visando criminalizar antigos responsáveis soviéticos, enquanto eleva a heróis nacionais colaboracionistas hitlerianos; os partidos comunistas estão proibidos nas Repúblicas do Báltico, mas são permitidas paradas de antigos SS que auferem regalias sociais negadas aos veteranos antifascistas; na República Checa e na Hungria é proibida a propaganda e os símbolos comunistas, etc., etc.
(4)País que também reabilitou os colaboracionistas com o ocupante nazi.