Deixa memória

Aurélio Santos
Viveu de cabeça erguida, afirmando plenamente a sua dignidade humana, num direito que fica como marco e padrão de Democracia.
Mantinha uma alegria genuína de viver, num carácter marcado pela tenacidade, lealdade, solidariedade.
Sabia lutar por valores que ultrapassam o próprio sistema e por questões radicais que interessam a um povo.
Tinha orgulho de ter conseguido defender esses interesses e valores que merecem. E também, em condições mais propícias ter sido capaz de contribuir para os transformar em momentos políticos de grandes realizações que fizeram avançar de modo inequívoco a sociedade portuguesa. Quem hoje a quiser alterar tem que contar com a nossa marca de garantia.
Esse tem sido mérito nosso. A continuar. Com razões de orgulho de ser comunistas, pelo papel que temos desempenhado na história do Portugal contemporâneo.
Legámos já uma prática que não é modelo pré-fabricado, mas que foi pensado, imaginado, criado e aplicado em função das realidades e necessidades do nosso país. E esse modelo tem futuro. Porque contém em si qualidades de mutante.
A insubmissão comunista abriu-lhe uma perspectiva que se tornou real: a de romper com interesses instalados.
Deixa memória.
Como memória ficará também a sua personalidade, tão alargada como generosa.
Saudosismo?
Não. Saudade, sim. Com ele a Liberdade foi vivida com alegria, no orgulho de a ter ganho e a decisão de a defender.
Esteve connosco, no nosso Partido, no seu Partido, até ao passado dia 22.
Chamava-se José Morais e Castro.


Mais artigos de: Opinião

Os livros da escola

A duas semanas do recomeço do ano lectivo, as grandes superfícies comerciais lançam coloridas campanhas de «regresso às aulas», os bancos promovem as suas ofertas de créditos pessoais com juros bem acima dos 10%, e as famílias com filhos em idade escolar fazem as contas à vida para aguentar o embate do mês de Setembro. O...

Os portugueses e os <i>off-shores</i>

«O dinheiro que os portugueses enviaram no primeiro semestre para os off-shores chegava e sobrava para pagar o novo aeroporto de Lisboa e a terceira travessia sobre o Tejo.» Assim, literalmente assim, «informava» a TSF este domingo.Mas para o caso de algum ouvinte ter ficado com dúvidas sobre quem seriam esses...

Critérios

No final da semana passada o senado colombiano aprovou uma proposta de referendo com o objectivo de permitir a reeleição de Álvaro Uribe em 2010. A decisão contou com 56 votos a favor e dois contra, num total de 102 senadores, uma vez que os representantes dos partidos Liberal e Pólo Democrático optaram por não...

O triângulo da subversão

A intensificação da contra-ofensiva do imperialismo na América Latina é uma realidade, como o comprova o golpe de estado nas Honduras de 28 de Junho. Assiste-se a uma vasta manobra para aplacar os processos progressistas em curso na região que configuram uma ameaça à perpetuação do domínio das oligarquias e do capital...