Provocação imperialista
O Partido Comunista de Israel (PCI) e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) alertam os povos árabes para o «processo de paz» em curso entre Israel e a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), e denunciam os planos imperialistas na região.
«Os povos tem de avançar com um ampla frente anti-imperialista na região»
Em comunicado divulgado após uma reunião plenária do seu Comité Central, o PCI lembra que «a chave para o sucesso de qualquer negociação é o desejo de Israel de colocar um fim à ocupação e remover os colonatos», permitindo, assim, «a criação de um Estado Palestiniano com capital em Jerusalém Leste».
Ora para os comunistas de Israel, a abertura de uma nova ronda negocial entre o governo Netanyahu e a ANP «só serviu para o presidente dos Estados Unidos apresentar uma conquista diplomática da sua administração», carecendo, no fundamental, de prazos e objectivos definidos que permitam vislumbrar o fim do conflito.
«O governo Netanyahu não só rejeita a retirada de todos os territórios ocupados em 1967 e a solução do problema dos refugiados como também o desmantelamento dos colonatos ilegais, de acordo com as resoluções da ONU», frisa o PCI.
Mais. O executivo israelita «coloca um ponto final na suspensão da construção de novos colonatos e, como se isso não bastasse, condiciona qualquer progresso na obtenção do acordo ao forçar a liderança palestina a reconhecer a anexação dos territórios e a aceitar o «carácter judaico» do Estado de Israel, o que tiraria à população árabe os direitos civis elementares dentro o seu próprio país», acrescentam.
«Netanyahu também considera que um progresso nas negociações ajudarão os Estados Unidos a pressionarem os homólogos árabes para que participem na ofensiva contra o Irão, um alvo estratégico israelo-norte-americano», diz, ainda o Partido Comunista de Israel.
Neste contexto, os comunistas israelitas sublinham que «nós, árabes e judeus, advertimos que as posições e propostas de Netanyahu, apoiadas pela administração Obama, não conduzirão a um acordo de paz, mas a uma nova guerra. As provocações feitas pelo exército israelelita na fronteira Norte da Faixa de Gaza, a corrida às armas e as várias manobras militares indiciam os preparativos para as ofensivas militares contra alvos próximos, como o Líbano ou a Síria, e alvos distantes, como o Irão».
Lembrando que as forças progressistas palestinianas manifestaram sérias reservas quanto ao actual «diálogo», «o PCI permanece solidário às forças de esquerda do povo palestiniano que lutam para obter o fim da ocupação e uma paz justa e estável» e «solicita à Autoridade Palestina que tome uma posição firme em relação à completa retirada israelense dos territórios ocupados em 1967».
Dividir para reinar
No mesmo sentido pronunciou-se a Frente Popular para a Libertação da Palestina. Para a FPLP, «o novo plano de paz lançado por Obama e Netanyahu com a participação do presidente do Egipto, Hosni Mubarak, do rei da Jordânia, Abdullah, e do presidente da ANP, Mahmud Abbas, mas sem a presença do Hamas, é uma provocação ao povo palestiniano e uma nova tentativa de debilitar, dividir e desarmar as organizações palestinianas anti-imperialistas».
Com tal conduta, afirma a FPLP, à qual se somam as brutais agressões sionistas e a manutenção do bloqueio contra a Faixa de Gaza, «o imperialismo não cessa de tentar liquidar a resistência» e demonstra claramente «o significado da democracia para os principais estados terroristas do nosso tempo: aceitar só os resultados eleitorais que são do seu interesse e declarar terroristas todos os que ganham sufrágios democráticos mas não capitulam».
«No actual quadro, estamos ante os passos prévios de preparação de uma intervenção [contra o Irão], os quais consistem em conquistar o apoio dos países árabes mais reaccionários» consolidando, «com a colaboração de Mahmud Abbas», a ilusão da criação de um Estado palestiniano submetido a Israel, alerta-se no comunicado da Frente Popular.
«As monarquias reaccionárias árabes temem a reacção dos respectivos povos face à colaboração com os EUA e Israel», pelo que «precisam de apresentar Obama como amigo dos povos árabes». Assim, «os povos tem de estar alerta para enfrentar esta manobra da coligação israelo-norte-americana, e avançar na formação de uma ampla frente popular anti-imperialista em toda a região, no seio da qual as forças comunistas avancem progressivamente», conclui a FPLP.