Defesa Nacional e Forças Armadas

Trapalhadas, trapalhões e o reino do despudor

Rui Fernandes

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Há muito que para o PCP ficou bem de­fi­nido o ca­rácter in­te­grado do re­gime de­mo­crá­tico nas suas di­fe­rentes com­po­nentes – eco­nó­mica, so­cial, po­lí­tica e de so­be­rania, re­sul­tando daí que o ataque a uma dessas com­po­nentes se tra­du­ziria no em­po­bre­ci­mento das res­tantes. A vida tem vindo a com­provar a va­li­dade desta tese e os úl­timos anos de Go­verno PS dão-lhe ainda maior re­levo.

Su­ces­sivos casos de cor­rupção e sus­peição acom­pa­nham a de­gra­dação do re­gime de­mo­crá­tico, são parte in­te­grante e peças desse ataque e, si­mul­ta­ne­a­mente, con­sequência dessa mesma de­gra­dação. Na­tu­ral­mente que assim sendo, in­ten­si­fica-se a acção de mis­ti­fi­cação e bran­que­a­mento dos res­pon­sá­veis por esse rumo de­gra­dante. Ne­nhum sector de ac­ti­vi­dade es­capa a essa ope­ração e a área do re­e­qui­pa­mento mi­litar tem es­tado, e con­ti­nuará a estar, à tona. Sobre os di­versos ne­gó­cios en­vol­vidos em ne­bu­losas (em que será mais fácil dizer os que não o estão) tem-se ou­vido as coisas mais mi­ra­bo­lantes, as jus­ti­fi­ca­ções mais ca­ri­catas e ar­gu­mentos de «chorar», porque fa­lamos de mi­lhões de euros dos im­postos pagos pelos por­tu­gueses e essa te­oria que in­vade al­guns cé­re­bros, de que os por­tu­gueses não devem ques­ti­onar o di­nheiro gasto nas forças ar­madas é uma aber­ração. O mi­nistro da De­fesa foi com dis­crição meter a ban­deira no sub­ma­rino Tri­dent, mas em­bora há muito o PCP tenha vindo, re­pe­ti­da­mente, a ques­ti­onar sobre quais os custos de ma­nu­tenção do re­fe­rido equi­pa­mento, até hoje nada foi dito. É que não basta com­prar, é pre­ciso manter.

En­quanto aguar­damos que a jus­tiça diga de sua jus­tiça sobre o pro­cesso ne­go­cial que con­duziu à compra dos sub­ma­rinos e en­quanto fi­camos também a aguardar o «quando», o «como» e em «quê» se con­cre­tizam as con­tra­par­tidas, surge o cha­mado mail de Portas aos mi­li­tantes. Ou seja, um mail para a co­mu­ni­cação so­cial dar no­tícia. E deu! Vejam lá que, afinal, havia um equí­voco: os sub­ma­rinos são do tempo do Go­verno PS/​Gu­terres. O Go­verno PSD/​CDS herdou «a coisa» e até con­se­guiu passar as aqui­si­ções de quatro para dois. Fan­tás­tico… É grande o des­pudor e a falta de rigor de um certo tipo de jor­na­lismo pronto a comer. Aonde ficam os acordos feitos na al­tura entre o Go­verno Gu­terres e o CDS-PP, me­tendo a Lei de Pro­gra­mação Mi­litar (LPM) e o as­sunto dos ex-com­ba­tentes? Quem votou a LPM?

Per­cebe-se o in­có­modo que per­corre Portas e o CDS-PP (e re­gista-se o cu­rioso si­lêncio que in­vade o CDS-PP acerca de todas estas tristes e pre­o­cu­pantes pe­ri­pé­cias entre as fi­guras de topo do Mi­nis­tério Pú­blico), mas por mais que Portas sa­cuda as suas res­pon­sa­bi­li­dades e co­ni­vência nas op­ções to­madas (assim como o PSD), ele têm-nas, estão-lhe co­ladas. Como estão co­ladas as res­pon­sa­bi­li­dades sobre as Pandur, sobre os he­li­cóp­teros e sobre os mi­lhares de ex-com­ba­tentes que viram ser-lhes re­ti­rados di­reitos que ti­nham, de­pois dos im­bró­glios que Portas, na ló­gica da caça ao voto, ar­ranjou.

 



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