Venezuela: Uma vitória da Revolução!

Manuel Gouveia

Em 2006, o can­di­dato da oli­gar­quia ve­ne­zu­e­lana, Ma­nuel Ro­sales, ob­teve 4,3 mi­lhões de votos. Com essa vo­tação, teria ganho qual­quer eleição pre­si­den­cial re­a­li­zada na Ve­ne­zuela até à al­tura (para dar uma ideia, Cal­dera foi eleito pre­si­dente em 93 com 1,7 mi­lhões votos, e Lu­sinchi (83), An­dreas Perez (88) e Chavez (98 e 2001), foram-no com menos de 4 mi­lhões de votos). E no en­tanto, Ro­sales so­freu a maior der­rota de sempre, já que Chavez reuniu o voto de 7,3 mi­lhões de ve­ne­zu­e­lanos, ob­tendo uma vo­tação que su­pe­rava mesmo o total de vo­tantes em qual­quer eleição an­te­rior na Ve­ne­zuela.

No pas­sado do­mingo, re­a­li­zaram-se elei­ções par­la­men­tares na Ve­ne­zuela. As forças que estão com a Re­vo­lução (a co­li­gação PSUV/​PCV) ven­ceram porque reu­niram o apoio de 5,25 mi­lhões de ve­ne­zu­e­lanos. Para termos uma ideia, nas an­te­ri­ores elei­ções par­la­men­tares já no marco da Cons­ti­tuição Bo­li­va­riana, em 2000 e 2005, o então MVR de Chavez ven­cera-as, mas com um re­sul­tado pró­ximo dos 2 mi­lhões de votos. A pró­pria Cons­ti­tuição, apro­vada por mais de 80% dos votos ex­pressos, reuniu algo como 3,3 mi­lhões de votos fa­vo­rá­veis. E isto sem com­parar com as pau­pér­rimas par­ti­ci­pa­ções no re­gime bi­par­ti­da­rista im­posto até 1998, onde a AD (o PS lá do sítio) venceu as elei­ções par­la­men­tares de 1995 com apenas 1,5 mi­lhões de votos. Como em 2006, as forças da oli­gar­quia ob­ti­veram agora um nú­mero de votos su­fi­ci­ente para vencer por mai­oria ab­so­luta qual­quer eleição an­te­ri­or­mente re­a­li­zada no país – mas foram der­ro­tadas!

Estes nú­meros ilus­tram que o avanço da Re­vo­lução na Ve­ne­zuela não se tem re­a­li­zado por efeido do si­len­ci­a­mento, afas­ta­mento ou re­pressão dos seus opo­si­tores - ca­ri­ca­tura sempre re­pe­tida ou in­si­nuada pela co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nada, en­quanto es­conde a re­a­li­dade da Ve­ne­zuela, onde a oli­gar­quia vai so­frendo der­rotas su­ces­sivas, apesar de manter ainda um as­si­na­lável e anti-de­mo­crá­tico poder eco­nó­mico, cul­tural e até po­lí­tico.

E dão-nos con­fi­ança de que a cres­cente ca­pa­ci­dade de mo­bi­li­zação po­pular e de trans­for­mação das jor­nadas elei­to­rais em luta de massas, per­mita às forças re­vo­lu­ci­o­ná­rias, no quadro da acesa luta de classe que se trava, levar o com­bate até ao com­pleto des­man­te­la­mento do sis­tema oli­gár­quico, rumo ao so­ci­a­lismo!



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