Honduras: a resistência continua

José Casanova

Há quinze meses, em 28/​6/​2009, um golpe mi­litar des­ti­tuiu o pre­si­dente le­gí­timo das Hon­duras, Ma­nuel Ze­laya, e ins­talou no poder o chefe local dos gol­pistas, o fas­cista Mi­che­letti. O golpe – tendo como ob­jec­tivo li­quidar o pro­cesso de­mo­crá­tico e pro­gres­sista em curso e res­ta­be­lecer o do­mínio do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano - foi pre­pa­rado a partir da base de Pal­me­rola, com a co­la­bo­ração de­ci­siva dos ha­bi­tuais «con­se­lheiros» dos EUA.

Cinco meses de­pois, após su­ces­sivas ma­no­bras di­la­tó­rias, sempre co­man­dadas pelo go­verno de Obama, os gol­pistas co­zi­nharam umas «elei­ções» e «ele­geram» um «pre­si­dente» - «elei­ções» que Obama logo re­co­nheceu como «de­mo­crá­ticas», no que foi obe­di­en­te­mente se­guido pelos seus la­caios na re­gião.

Nestes quinze meses, o povo hon­du­renho tem dado provas de no­tável ca­pa­ci­dade de re­sis­tência. Sob a di­recção da Frente Na­ci­onal de Re­sis­tência Po­pular foi por di­ante um vas­tís­simo con­junto de ini­ci­a­tivas em todo o país: ma­ni­fes­ta­ções, greves, con­cen­tra­ções, mar­chas, en­vol­vendo cen­tenas de mi­lhares de pes­soas.

Como o Avante! in­formou, um texto exi­gindo a con­vo­cação de uma nova As­sem­bleia Cons­ti­tuinte e de­fen­dendo o re­gresso do Pre­si­dente le­gí­timo – e que será en­tregue na ONU e na OEA, dado que os subs­cri­tores não re­co­nhecem os gol­pistas - re­co­lheu mais de 1 300 000 as­si­na­turas.

A tudo isto, o go­verno gol­pista tem res­pon­dido com brutal re­pressão: mi­lhares e mi­lhares de pes­soas têm sido per­se­guidas, presas, tor­tu­radas; o nú­mero de «de­sa­pa­re­cidos» é ele­vado; mais de 160 pes­soas foram as­sas­si­nadas.

Sem sur­presa, tudo isto acon­tece no meio do mais pro­fundo si­lêncio por parte dos média do­mi­nantes, que assim con­firmam o papel que de­sem­pe­nham e os in­te­resses que servem.

Re­giste-se que nem o facto de, entre os alvos da re­pressão fas­cista, es­tarem ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial, e de 10 das 160 pes­soas as­sas­si­nadas serem jor­na­listas, foi su­fi­ci­ente para romper os «cri­té­rios in­for­ma­tivos» es­ta­be­le­cidos.

En­tre­tanto, a re­sis­tência do povo hon­du­renho con­tinua, bem como a so­li­da­ri­e­dade de mi­lhões de ci­da­dãos de todo o mundo – e contra isso o poder fas­cista hon­du­renho e os média do­mi­nantes são ab­so­lu­ta­mente im­po­tentes.



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