Cimeira não é bem vinda
Um voto de protesto do Partido «Os Verdes» e dois projectos de resolução do PCP e do BE, tendo por objecto a próxima Cimeira da NATO em Lisboa, foram rejeitados faz amanhã uma semana no Parlamento com os votos contra do PS, PSD e CDS/PP.
A oposição à sua realização no nosso País - encarada no caso do PCP como mais um passo no sentido de uma «nova escalada da agressão contra os povos», em clara violação da nossa Lei Fundamental -, foi o traço comum às três iniciativas num debate alargado ainda à petição dinamizada pelo movimento reunido na Campanha «Paz Sim! NATO Não!», subscrita por mais de 13 mil cidadãos.
Movimento da Paz que a bancada comunista, pela voz da deputada Paula Santos, saudou, expressando-lhe o seu apoio e solidariedade, nomeadamente quanto à realização em 20 de Novembro de uma grande manifestação em Lisboa, pela paz.
Justificando a iniciativa legislativa da sua bancada, a parlamentar do PCP referiu que no conclave o que estará em cima da mesa é a «reformulação do “conceito estratégico” da NATO», bem como a busca de «uma saída para a guerra do Afeganistão», a par da «instalação de um novo sistema anti míssil na Europa».
Trata-se, afinal, como foi dito, de «elevar a NATO a um novo patamar, como instrumento de ingerência e de agressão a nível mundial», com objectivos que passam por «alargar a sua intervenção a todo o globo», ampliando o «âmbito das suas missões a questões como a energia, o ambiente, as migrações e a segurança interna dos Estados».
Todas as bancadas à direita do PS, este incluído, afinaram pelo mesmo diapasão, ou seja, pela apologia da NATO, apresentando-a, bem como ao seu novo conceito estratégico, como a resposta para as «novas ameaças», nomeadamente o «terrorismo». O deputado do PS Miranda Calha definiu-a mesmo como «uma componente essencial para um Mundo mais seguro», enquanto o deputado laranja Pacheco Pereira, além de afirmar a sua «honra e orgulho» pela realização da Cimeira em Portugal, tratou de a eleger à condição de «principal organização armada e de segurança das grandes democracias».
Armada, de facto, e até aos dentes, dizemos nós, não como instrumento de defesa mas sim de agressão, como aliás a vida tem demonstrado nas últimas duas décadas. E por isso a posição do PCP no sentido da rejeição clara do novo conceito estratégico da NATO, bem como da sua dissolução e progressiva desvinculação de Portugal, a par da retirada das forças portuguesas envolvidas em missões militares e do fim das suas bases em território nacional.