7.ª Assembleia da Organização Regional de Beja do PCP

Apontar caminhos de futuro

Um Par­tido mais forte e mais li­gado aos tra­ba­lha­dores e às po­pu­la­ções do dis­trito de Beja é fun­da­mental para que se in­verta o rumo de de­ser­ti­fi­cação e aban­dono que tem sido se­guido. Esta foi uma das con­clu­sões da 7.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Beja do PCP, re­a­li­zada no do­mingo, que aprovou um con­junto de pro­postas para o de­sen­vol­vi­mento da re­gião.

Os co­mu­nistas de Beja têm pro­postas para con­ti­nuar a re­forçar o Par­tido

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A in­tenção dos co­mu­nistas de Beja ao re­a­li­zarem a 7 de No­vembro a sua 7.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal não foi cer­ta­mente a de ce­le­brar essa data maior da his­tória da Hu­ma­ni­dade que foi a grande re­vo­lução so­ci­a­lista de Ou­tubro. Mas não deixa de ser ver­dade que não ha­verá me­lhor forma de o fazer do que cuidar do Par­tido e da sua or­ga­ni­zação, traçar ob­jec­tivos para o seu cres­ci­mento e re­forço e de­finir li­nhas de in­ter­venção e acção po­lí­tica. Ou seja, pre­ci­sa­mente o que fi­zeram, no do­mingo, os mais de du­zentos de­le­gados que en­cheram (com mais al­gumas de­zenas de con­vi­dados) o au­di­tório prin­cipal do Ins­ti­tuto Po­li­téc­nico de Beja. A co­me­mo­ração «ofi­cial» da data fez-se através de uma muito aplau­dida sau­dação, lida pelo di­ri­gente re­gi­onal do Par­tido José Ba­guinho.

Não es­con­dendo de­bi­li­dades e atrasos, mas não se dei­xando vergar por umas e ou­tros, os co­mu­nistas de Beja deram conta dos avanços al­can­çados nos úl­timos anos, ao mesmo tempo que apon­taram os ca­mi­nhos ne­ces­sá­rios para con­ti­nuar o re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção par­ti­dá­rias – ta­refa sem a qual ne­nhuma ori­en­tação po­lí­tica, por mais justa que seja, será apli­cada com êxito.

O pri­meiro orador a dar o mote foi o res­pon­sável pela or­ga­ni­zação re­gi­onal e membro do Co­mité Cen­tral Mi­guel Ma­deira, que re­velou terem sido re­cru­tados, desde a úl­tima as­sem­bleia, 225 novos mi­li­tantes para o Par­tido. No mesmo pe­ríodo, re­a­lizou-se 40 as­sem­bleias, 35 das quais de or­ga­ni­za­ções de base, acres­centou. Na Re­so­lução Po­lí­tica apro­vada, va­lo­riza-se ainda o au­mento da venda do Avante! e a cri­ação de vinte novos pontos de venda do jornal, ao mesmo tempo que se des­ta­cava a exis­tência de 76 or­ga­nismos do Par­tido no dis­trito.

Mas nem tudo são su­cessos, re­co­nheceu Mi­guel Ma­deira: se os avanços al­can­çados es­tarão, em grande parte, aquém das reais po­ten­ci­a­li­dades do Par­tido, há também re­cuos que im­porta in­verter, seja no pa­ga­mento da quo­ti­zação seja na en­trega do novo cartão.

Se­gundo o res­pon­sável, com todas estas de­bi­li­dades mas também com todas as suas forças, foi esta or­ga­ni­zação con­creta que levou a cabo uma in­tensa acção po­lí­tica e elei­toral e se en­volveu a fundo no de­sen­vol­vi­mento da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções do dis­trito. Nas três ba­ta­lhas elei­to­rais tra­vadas em 2009, a CDU au­mentou de vo­tação em todas – nas eu­ro­peias cresceu mais de dois mil votos e nas le­gis­la­tivas quase três mil, con­fir­mando o cres­ci­mento que tinha já re­gis­tado em 2005. Nas elei­ções au­tár­quicas, a CDU re­gistou mesmo a sua me­lhor vo­tação desde 1997, apesar das perdas das pre­si­dên­cias nos mu­ni­cí­pios de Beja e Al­jus­trel.

 

Cons­truir o Par­tido

 

Estes avanços e re­cuos foram tes­te­mu­nhados por vá­rios de­le­gados que to­maram a pa­lavra na as­sem­bleia, mos­trando que a cons­trução do Par­tido se faz quo­ti­di­a­na­mente, passo a passo. Carlos Alves, de Serpa, re­alçou que a venda do Avante! quase du­plicou, ao passo que os re­cru­ta­mentos se su­ce­deram a um ritmo de 20 por ano. Na­quela que é a sua maior or­ga­ni­zação no dis­trito, re­a­lizou-se seis as­sem­bleias e a que falta de­verá ter lugar ainda este ano.

Na ci­dade de Beja, está em curso uma re­es­tru­tu­ração da or­ga­ni­zação em sequência de de­ci­sões to­madas numa as­sem­bleia re­a­li­zada em Maio. Como tes­te­mu­nhou Paulo Ber­nar­dino, optou-se por au­to­no­mizar as or­ga­ni­za­ções das fre­gue­sias da ci­dade, que até aqui es­tavam juntas num único or­ga­nismo. Ainda a dar os pri­meiros passos, esta ori­en­tação está já a dar frutos, afirmou o mi­li­tante.

De Moura, Ana Paula Pa­ti­nhas contou que a cé­lula dos tra­ba­lha­dores do mu­ni­cípio foi re­cen­te­mente re­ac­ti­vada, tendo sido já re­cru­tados novos mi­li­tantes que nela foram in­te­grados. A dis­tri­buição de co­mu­ni­cados, a venda do Avante! e a re­a­li­zação de ini­ci­a­tivas foram al­gumas das ac­ções le­vadas a cabo pela cé­lula.

Já Maria Ma­nuel Co­elho, da cé­lula dos tra­ba­lha­dores co­mu­nistas do mu­ni­cípio de Beja, des­tacou os passos dados nos úl­timos meses para re­or­ga­nizar a cé­lula. A reunir com re­gu­la­ri­dade, a cé­lula tem pre­vista a edição de um bo­letim. Esta mi­li­tante des­tacou ainda a pos­tura firme dos tra­ba­lha­dores co­mu­nistas do mu­ni­cípio pe­rante as ame­aças e in­ti­mi­da­ções contra si lan­çadas pelo pre­si­dente da Câ­mara Mu­ni­cipal Jorge Pu­lido Va­lente, do PS.

A com­po­sição da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Beja do Par­tido, eleita na as­sem­bleia, tes­te­munha esse re­forço, com mais jo­vens e mais ope­rá­rios do que a an­te­rior di­recção.


Con­ti­nuar a crescer

 

Na Re­so­lução Po­lí­tica apro­vada traçam-se as li­nhas fun­da­men­tais para o re­forço do Par­tido a levar a cabo nos pró­ximos anos. A es­tru­tu­ração do Par­tido, com a cri­ação de or­ga­nismos e a in­te­gração dos mi­li­tantes, surge à ca­beça, se­guida do re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido nas em­presas e lo­cais de tra­balho.

A cri­ação de cé­lulas surge como um ele­mento fun­da­mental, des­ta­cando-se aqueles lo­cais de tra­balho já de­fi­nidos como pri­o­ri­tá­rios: tra­ba­lha­dores dos mu­ni­cí­pios; minas de Al­jus­trel e Neves Corvo; Hos­pital de Beja e Centro Re­gi­onal de Se­gu­rança So­cial; call-center da PT de Beja; SAPJU-Ma­ta­douro. Ainda nesta área re­alça-se a pri­o­ri­dade a con­ceder ao re­cru­ta­mento di­ri­gido e a trans­fe­rência para essas cé­lulas dos mi­li­tantes com menos de 55 anos que lá tra­ba­lhem são também ori­en­ta­ções cen­trais.

Im­primir um fun­ci­o­na­mento re­gular aos or­ga­nismos do Par­tido, com reu­niões e ple­ná­rios, surge igual­mente como pri­o­ri­dade, assim como a re­a­li­zação re­gular de as­sem­bleias das or­ga­ni­za­ções, o re­cru­ta­mento e en­qua­dra­mento dos novos mi­li­tantes, a di­fusão da im­prensa do Par­tido, a ele­vação da mi­li­tância e o alar­ga­mento do nú­cleo ac­tivo.

Es­pe­cial atenção de­verá me­recer a ta­refa dos fundos. Na re­so­lução po­lí­tica como na in­ter­venção de Ca­ro­lina Me­deiros, do Co­mité Cen­tral, apontou-se como me­didas ur­gentes o au­mento do valor das quotas e o alar­ga­mento do nú­mero de mi­li­tantes res­pon­sa­bi­li­zados por co­brar a quo­ti­zação. A pro­moção de ini­ci­a­tivas é outra forma apon­tada para o alar­ga­mento da base fi­nan­ceira do Par­tido, que, como lem­brou Ca­ro­lina Me­deiros, é uma questão de in­de­pen­dência do Par­tido. Não só fi­nan­ceira como po­lí­tica e ide­o­ló­gica.

 

Há al­ter­na­tivas!

 

Em des­taque na 7.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Beja do PCP es­teve o con­junto de pro­postas adi­an­tadas para o de­sen­vol­vi­mento do dis­trito. Par­tindo de uma pro­funda aná­lise da re­a­li­dade so­cial e eco­nó­mica da­quela re­gião, os co­mu­nistas adi­antam um con­junto de me­didas que re­sol­ve­riam, no quadro de uma pro­funda al­te­ração na po­lí­tica na­ci­onal, muitos dos graves pro­blemas com que se de­param, no dia-a-dia, os tra­ba­lha­dores e o povo da re­gião.

Em vá­rias in­ter­ven­ções, falou-se destes pro­blemas: da de­ser­ti­fi­cação e do aban­dono; do de­sem­prego e da pre­ca­ri­e­dade; das re­formas de mi­séria; do de­sa­pro­vei­ta­mento dos re­cursos agrí­colas e mi­ne­rais; das ver­da­deiras obras de «Santa En­grácia» em que se trans­for­maram al­gumas das vias de co­mu­ni­cação pre­vistas. Nessas e nou­tras, avançou-se com so­lu­ções.

O pró­prio Se­cre­tário-geral do PCP, na in­ter­venção de en­cer­ra­mento, co­meçou pre­ci­sa­mente por afirmar que a re­gião «não está con­de­nada ao atraso e ao de­clínio eco­nó­mico e so­cial» e que há saídas para esta si­tu­ação: pre­ci­sa­mente com as pro­postas ali adi­an­tadas, «in­se­ridas numa po­lí­tica na­ci­onal anti-mo­no­po­lista e anti-la­ti­fun­dista de rup­tura com as po­lí­ticas de di­reita».

Je­ró­nimo de Sousa enu­merou, em pri­meiro lugar, as que se prendem com o de­sen­vol­vi­mento da agri­cul­tura e da agro-in­dús­tria – que têm um «im­por­tante papel a de­sem­pe­nhar» no pro­gresso da re­gião, na cri­ação de em­prego e de ri­queza e na ga­rantia da so­be­rania ali­mentar do País. Neste campo, tem grande al­cance a pro­posta de uma nova re­forma agrária que «li­quide a pro­pri­e­dade la­ti­fun­diária e en­tregue a terra a quem a tra­balhe, a pe­quenos agri­cul­tores e ren­deiros, a co­o­pe­ra­tivas de tra­ba­lha­dores ru­rais ou a ou­tras formas de ex­plo­ração da terra por tra­ba­lha­dores». Para tal, pros­se­guiu, há que as­se­gurar apoios efec­tivos «pri­o­ri­ta­ri­a­mente di­ri­gidos à de­fesa e alar­ga­mento da pro­dução na­ci­onal, à sa­tis­fação das ne­ces­si­dades do mer­cado in­terno, aos pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores». O in­te­gral apro­vei­ta­mento do em­pre­en­di­mento de Al­queva é outra das pri­o­ri­dades no que à agri­cul­tura diz res­peito.

Para além das pro­postas de âm­bito na­ci­onal, como a me­lhoria dos sa­lá­rios, das re­formas e pen­sões (que surge como a pri­meira e mais im­por­tante de todas), os co­mu­nistas pro­põem também a ra­ci­o­na­li­zação dos re­cursos mi­neiros através da ins­ta­lação de uni­dades in­dus­triais ade­quadas a esse fim; a cri­ação da Re­gião Ad­mi­nis­tra­tiva do Alen­tejo; a gestão pú­blica do ae­ro­porto de Beja; a va­lo­ri­zação dos cen­tros ur­banos ou a cons­trução e me­lhoria de im­por­tantes vias de co­mu­ni­cação, como o IP8, IP2, IC27 ou IC4.



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