«Muita parra, pouca uva»
Concluído que está o primeiro ano de mandato autárquico, os eleitos do PCP denunciam o «completo falhanço» da gestão do PSD e apresentam propostas para resolver os inúmeros problemas do concelho.
O município está endividado até às gerações vindouras
«Foi mais um ano perdido para a cidade e para o concelho da Feira, já que houve diversas possibilidades de resolver problemas e nenhum foi resolvido, para além da qualidade de vida da população ser actualmente muito menor», salientaram os comunistas, informando que o primeiro ano de mandato foi para «honrar compromissos passados», ou seja, «para pagar compromissos eleitoralistas».
«A realidade nua e crua é que o município está endividado até às gerações vindouras e não tem fundos sequer para resolver os mais simples problemas de conta corrente que continua descontrolada. Há um desfasamento entre a realidade, sobretudo financeira, e o discurso eleitoral do PSD de há um ano. Aquela famosa expressão “casa arrumada” não passou de pura promessa eleitoralista», acusaram os eleitos do PCP, que não concordam com a política dos «mega-eventos» e do «espectáculo», «canalizando para tal recursos avultados que agora rareiam no investimento e na concretização das obras necessárias».
Em conferência de imprensa, os comunistas alertaram, de igual forma, para as «medidas gravosas cozinhadas entre o PS e o PSD a nível nacional», que trouxeram ao concelho mais desemprego, destruição do aparelho produtivo, «perante uma Câmara imobilizada ante a deslocalização de fábricas que durante anos fizeram da Feira um município com pleno emprego». «Hoje o desemprego atinge mais de 10 mil cidadãos, particularmente mulheres, e a Câmara aumenta o esforço no plano da Acção Social, por força da sua inacção face à destruição do tecido produtivo», criticaram.
Os problemas estendem-se ainda, entre outros, ao Plano Director Municipal e ao cadastro do parque industrial que está por actualizar, ao facto de não existir qualquer incentivo e apoio camarário às autarquias para a limpeza da floresta e à falta de escolas, em especial no ensino secundário.
No que diz respeito ao ambiente, os rios continuam sem qualquer intervenção despoluidora, e as pedreiras não vêem a sua recuperação avançar, mesmo com a condenação da Comissão Europeia, após queixa apresentada pela CDU.
A tão badalada obra do século no concelho: o saneamento e os cem milhões prometidos de investimento vão pelo mesmo caminho. «Com um atraso de dezenas de anos e fruto da privatização dos serviços que PSD e PS acordaram, sobrecarrega-se agora os munícipes feirenses com novas taxas e encargos que a maioria não consegue suportar, já a braços com uma gravíssima crise social: aumentos anuais de bens essenciais num concelho com uma das águas mais caras do País, taxas de saneamento sem que exista sequer tratamento das águas residuais, perda de financiamento europeu pelos sucessivos desentendimentos do poder», salientaram os eleitos do PCP.