Comício do PCP em Alcácer do Sal

«Podem contar com esta força!»

A Greve Geral de dia 24 foi uma «mag­ní­fica res­posta dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses» e uma «vi­tória da co­ragem contra o fa­ta­lismo», afirmou Je­ró­nimo de Sousa na sexta-feira, num co­mício em Al­cácer do Sal.

Ainda os mi­li­tantes co­mu­nistas de Al­cácer do Sal não ti­nham des­can­sado da sua par­ti­ci­pação in­tensa na Greve Geral de dia 24 e apenas dois dias de­pois es­tavam já a par­ti­cipar num co­mício do Par­tido com a pre­sença do Se­cre­tário-geral. Apesar disso, can­saço foi coisa que não se sentiu ali – pelo con­trário, foi de­ter­mi­nada e con­victa a forma como os co­mu­nistas e seus ali­ados res­pon­deram às pa­la­vras do di­ri­gente co­mu­nista e como se mos­traram em­pe­nhados nos pró­ximos com­bates que há para travar.

Re­fe­rindo-se à Greve Geral, Je­ró­nimo de Sousa re­alçou que esta jor­nada de luta foi, antes de mais, uma «vi­tória da co­ragem, contra o fa­ta­lismo das ine­vi­ta­bi­li­dades sem fun­da­mento nem jus­ti­fi­cação» a que os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros querem con­denar o País. Mas a Greve Geral teve re­velou também, acres­centou, a de­ter­mi­nação dos que nela par­ti­ci­param em «pros­se­guir o ca­minho da cons­trução da mu­dança e da al­ter­na­tiva».

«Todos sa­bemos que a so­lução po­lí­tica que con­cre­tize a rup­tura ne­ces­sária com tais in­te­resses e a sua po­lí­tica de di­reita não está ao virar da es­quina», afirmou Je­ró­nimo de Sousa, lem­brando que a luta é feita de «muitos com­bates e em muitas frentes». Mas o que a Greve Geral mos­trou, pela sua am­pli­tude, foi a «força imensa dos tra­ba­lha­dores que dá con­fi­ança para as lutas fu­turas que temos que travar».

O Se­cre­tário-geral do PCP lem­brou que neste com­bate os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses «não estão so­zi­nhos». Por todo o lado os tra­ba­lha­dores e os povos «estão a travar im­por­tantes com­bates em de­fesa das suas con­di­ções de vida, fa­zendo frente à guerra de­cla­rada pelos grandes cen­tros do ca­pital eco­nó­mico e fi­nan­ceiro aos sa­lá­rios, aos di­reitos la­bo­rais, ao em­prego, ao sis­tema de pro­tecção so­cial, aos ser­viços pú­blicos e à so­be­rania dos povos».

 

Novas ame­aças, novos com­bates

 

Re­fe­rindo-se ao Or­ça­mento apro­vado nesse mesmo dia na As­sem­bleia da Re­pú­blica, o di­ri­gente do PCP cri­ticou o seu ca­rácter pro­fun­da­mente re­ces­sivo e in­justo. Que fica claro quando se co­nhece que o «tal novo im­posto» anun­ciado para a banca ron­dará os cem mi­lhões de euros.

«Ri­dí­culo! É este o con­tri­buto que a banca, com­pa­ra­ti­va­mente aos 5 mil e 200 mi­lhões de euros que se pedem aos sa­lá­rios, à pro­tecção so­cial, saúde e se­gu­rança so­cial, para re­duzir o dé­fice. Nem me­tade do que tiram ao abono de fa­mília! Menos de me­tade do que tiram aos de­sem­pre­gados e ao ren­di­mento so­cial de in­serção», de­nun­ciou Je­ró­nimo de Sousa. Esta par­ti­ci­pação da banca não chega a com­pensar o que em cada ano a banca não paga de IRC, acusou, lem­brando que no ano pas­sado, e se­gundo a pró­pria As­so­ci­ação Por­tu­guesa de Bancos, a taxa efec­tiva de IRC não passou dos 4,3 por cento sobre os seus lu­cros...

O Se­cre­tário-geral do PCP lem­brou ainda que esses grandes lu­cros re­sultam da «es­po­li­ação dos sec­tores pro­du­tivos e dos por­tu­gueses em geral e da fuga aos im­postos» e que só os quatro mai­ores bancos ar­re­ca­daram 4,1 mi­lhões de euros por dia nos pri­meiros nove meses do ano. Neste pe­ríodo, a Brisa ame­a­lhou 401,7 mi­lhões; a Galp 266 mi­lhões; a PT 5 617 mi­lhões; a EDP 870 mi­lhões; a Sonae 98 mi­lhões e a Je­ró­nimo Mar­tins 194 mi­lhões. No seu con­junto, os 17 prin­ci­pais grupos eco­nó­micos acu­mu­laram 9 mil mi­lhões de euros de lu­cros, au­men­tando-os em quase 160 por cento em re­lação ao mesmo pe­ríodo do ano pas­sado. Para Je­ró­nimo de Sousa, não só a crise não lhes bate à porta como é nestes pe­ríodos que os seus lu­cros dis­param...

Após afirmar que a evo­lução da si­tu­ação mostra que o grande ca­pital e o poder po­lí­tico que o su­porta estão em­pe­nhados em «levar tão longe quanto pos­sível a sua acção ex­plo­ra­dora», o Se­cre­tário-geral do PCP acres­centou que «só a luta e a acção po­lí­tica cons­ci­ente do que está em jogo pode abrir es­paço a uma ampla contra-ofen­siva po­pular, isolar so­cial e po­li­ti­ca­mente os que se ali­mentam da ex­plo­ração do tra­balho e dos povos e cons­truir com as massas a mu­dança ne­ces­sária que con­cre­tize o Por­tugal de pro­gresso, de jus­tiça e so­li­dário a que as­pi­ramos». Neste pro­cesso, os tra­ba­lha­dores e o povo «podem contar com esta força de luta».



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