Fenprof desmascara resultados do Programa PISA

Demagogia e propaganda

A apre­sen­tação que o Go­verno fez dos re­sul­tados do Pro­grama PISA, na se­mana pas­sada, sobre a evo­lução do sis­tema edu­ca­tivo e o su­cesso es­colar em Por­tugal, foi «de­ma­gó­gica e ori­en­tada para a pro­pa­ganda», acusou a Fen­prof.

O PISA não per­mite ava­liar as po­lí­ticas edu­ca­tivas

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Se os re­sul­tados dos alunos por­tu­gueses no Pro­grama PISA, da OCDE, me­lho­raram, quando com­pa­rados com os apu­rados em 2006, isso deve-se, «es­sen­ci­al­mente, ao tra­balho de­sen­vol­vido por pro­fes­sores, alunos e de­mais co­mu­ni­dade edu­ca­tiva, apesar das muitas me­didas de po­lí­tica edu­ca­tiva que foram im­postas», con­si­derou a Fen­prof, num co­mu­ni­cado de dia 7, onde acusou o Go­verno PS de fazer «pro­pa­ganda e de­ma­gogia» com esta ma­téria.

Para o Exe­cu­tivo PS, a me­lhoria nos re­sul­tados deveu-se às re­formas em­pre­en­didas no sis­tema de en­sino pú­blico, de­sig­na­da­mente, a cri­ação dos 86 mega-agru­pa­mentos es­co­lares e o mo­delo de ava­li­ação de de­sem­penho da classe do­cente.

Es­cla­re­cendo sobre os pa­râ­me­tros reais da­quele es­tudo, a Fen­prof ex­plicou a ne­ces­si­dade de se «ter em con­si­de­ração que as mar­gens de pro­gressão de ou­tros, com quem se com­parou, eram in­fe­ri­ores às por­tu­guesas», e que os re­sul­tados do Pro­grama PISA «per­mitem iden­ti­ficar as­pectos mais re­le­vantes do de­sem­penho do sis­tema, mas nunca avaliá-lo e muito menos ava­liar as po­lí­ticas edu­ca­tivas». A Fen­prof também quis saber se os pré­mios pelos agra­de­ci­mentos dados pela mi­nistra da Edu­cação aos pro­fes­sores, por estes re­sul­tados, serão «as me­didas a impor em 2011, tais como a re­dução do sa­lário, o con­ge­la­mento das car­reiras, o au­mento da pre­ca­ri­e­dade e do de­sem­prego, o agra­va­mento das con­di­ções de tra­balho».

Sa­li­en­tando que da­quelas me­didas re­sul­tará uma «de­gra­dação das con­di­ções de tra­balho e de exer­cício pro­fis­si­onal», a fe­de­ração também alertou para ou­tras al­te­ra­ções gra­vosas em­pre­en­didas pelo Go­verno PS, como a re­dução do cré­dito ho­rário das es­colas, a al­te­ra­ções de es­ca­lões para a atri­buição de ad­juntos das di­rec­ções es­co­lares ou a re­dução do nú­mero de horas de as­ses­soria, entre ou­tras.

«Pas­sada a hora da pro­pa­ganda, é agora tempo de ler, in­te­gral­mente e com atenção, o re­la­tório que se di­vide em cinco vo­lumes», disse a Fen­prof, cri­ti­cando o facto de a classe do­cente não ter sido aus­cul­tada para a ela­bo­ração do PISA, «de­fi­ci­ência que o pró­prio pro­grama re­co­nhece e re­fere».

 

Sem aulas e pro­fes­sores

 

«Para poupar a verba cor­res­pon­dente a um mês de sa­lário», pelo ín­dice sa­la­rial mais baixo da pro­fissão, o Mi­nis­tério da Edu­cação de­cidiu sus­pender, até 30 de De­zembro, a con­tra­tação de pro­fes­sores, tanto por «bolsa de re­cru­ta­mento», como por «oferta de es­cola», «dei­xando muitos alunos sem aulas du­rante duas se­manas», alertou, dia 7, o se­cre­ta­riado da Fen­prof, numa nota à im­prensa onde re­pu­diou aquela de­cisão.

Con­si­de­rando que a de­cisão «re­força a cer­teza de que a re­a­li­zação de um con­curso de pro­fes­sores, em 2011, é fun­da­mental para ga­rantir a es­ta­bi­li­dade dos corpos do­centes», a fe­de­ração re­cordou que os pro­fes­sores con­ti­nuam a de­sen­volver a cam­panha «Um postal por con­cursos em 2011» e uma pe­tição com o mesmo pro­pó­sito, a ser en­tregue na As­sem­bleia da Re­pú­blica, para que seja de­ba­tida em ple­nário.

Em Ja­neiro, o Go­verno as­sumiu o com­pro­misso de efec­tuar aquele con­curso para in­gresso na car­reira e para mo­bi­li­dade, no pró­ximo ano, re­cordou a Fen­prof.

Con­si­de­rando ina­cei­tável a ma­nu­tenção de mi­lhares de do­centes con­tra­tados a prazo, a «su­prir ne­ces­si­dades per­ma­nentes de tra­balho», mas im­pe­didos de con­correr, em 2009, e de ou­tros, sem co­lo­cação «de­vido ao es­casso nú­mero de vagas», a Fen­prof lem­brou que, nos úl­timos anos, só en­trou um pro­fessor no quadro por cada 40 que se apo­sen­taram.



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