China compra dívida europeia

Na sua di­gressão à Eu­ropa, o vice-pri­meiro-mi­nistro chinês, Li Keqiang, anun­ciou, na pas­sada se­mana, a dis­po­sição do seu país de ad­quirir cerca de seis mil mi­lhões de euros da dí­vida pú­blica es­pa­nhola e um mon­tante equi­va­lente da dí­vida de Por­tugal e Grécia juntos.

Esta ope­ração in­sere-se na ofen­siva di­plo­má­tica na Eu­ropa, que, como as­si­nalou o di­ri­gente chinês, om­breia com os EUA em termos de trocas co­mer­ciais com o seu país.

Ao mesmo tempo é uma forma de a po­tência asiá­tica di­ver­si­ficar os in­ves­ti­mentos que con­ti­nuam muito de­pen­dentes dos Es­tados Unidos. Pos­suindo as mai­ores re­servas de di­visas do mundo – 2,64 bi­liões de dó­lares (dois bi­liões de euros) – grande parte desses fundos (907 mil mi­lhões de dó­lares) estão apli­cados em tí­tulos do te­souro norte-ame­ri­cano.

Se­gundo um co­mu­ni­cado do Banco Cen­tral chinês, di­vul­gado dia 7, «a di­ver­si­fi­cação e di­visão do in­ves­ti­mento das re­servas de di­visas nas dí­vidas so­be­ranas da zona euro não só é be­né­fica para a es­ta­bi­li­dade fi­nan­ceira in­ter­na­ci­onal, como também ofe­rece um re­torno do in­ves­ti­mento ra­zoável».

Ou seja, ex­plicou o vice-go­ver­nador do Banco da China, Yi Gang, estas ope­ra­ções per­mi­tirão «ga­rantir ou au­mentar o valor das re­servas em di­visas da China».

Ofe­re­cendo ajuda fi­nan­ceira, o go­verno chinês tem ma­ni­fes­tado pre­o­cu­pação com o pro­tec­ci­o­nismo co­mer­cial eu­ropeu e in­sis­tido no le­van­ta­mento das res­tri­ções às ex­por­ta­ções para a China de pro­dutos de alta tec­no­logia, bem como no fim do em­bargo de armas im­posto desde os acon­te­ci­mentos de Ti­a­nanmen, em 1989.

Ao mesmo tempo, a crise eco­nó­mica cons­titui uma opor­tu­ni­dade para aos mo­no­pó­lios chi­neses se ins­ta­larem em países eu­ro­peus se­dentos de in­ves­ti­mentos es­tran­geiros.

De resto, um es­tudo da em­presa de con­sul­ta­doria Pri­cewa­terhou­se­Co­o­pers, pu­bli­cado na se­gunda-feira, 10, re­co­nhece que a crise ace­lerou a trans­fe­rência de poder eco­nó­mico para os países emer­gentes.

Es­ta­be­le­cendo uma com­pa­ração em uni­dades de poder de compra dos ní­veis de vida, a em­presa con­clui que as prin­ci­pais eco­no­mias emer­gentes (China, Índia, Brasil, Rússia, Mé­xico, In­do­nésia e Tur­quia) ul­tra­pas­sarão as eco­no­mias do G7 (Es­tados Unidos, Japão, Ale­manha, Reino Unido, França, Itália e Ca­nadá) antes de 2020.



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