«Subalternos»

«O CDS não é su­bal­terno de nin­guém!», pro­cla­mava Paulo Portas do alto do seu con­gresso, que no pas­sado fim-de-se­mana lhe con­firmou, em Viseu, a «li­de­rança in­con­tes­tada». O re­cado era para o PSD, a quem também fez saber que o par­tido de Passos Co­elho «teria de contar com o CDS», mesmo sem acordo pré-elei­toral. E lá o vimos de novo a em­pinar-se em bicos de pés, no que ele julga ser uma «pose de Es­tado», gri­tando exu­be­rân­cias como «é agora ou nunca!» e dei­xando às es­cân­caras a sua avidez pelo re­gresso à ri­balta go­ver­na­mental.

Após o des­ca­labro dos «ne­gó­cios» com a compra de dois sub­ma­rinos e de umas de­zenas de carros de com­bate, por si re­a­li­zados na sua fugaz pres­tação como mi­nistro da De­fesa (onde o que de con­creto se sabe é que foram al­ta­mente rui­nosos e le­sivos do erário pú­blico), que novas «fres­curas go­ver­na­men­tais» se pre­para Paulo Portas para der­ramar sobre o País?

De uma coisa po­demos ter a cer­teza: Paulo Portas não vai ser «su­bal­terno», se voltar aos en­cantos da go­ver­nança. Ele já mos­trou, à sa­ci­e­dade, que, pelo menos em ma­téria de gastos no poder, ele está sempre no co­mando...

 

Spreads

 

A Caixa Geral de De­pó­sitos e o BPI (a que se se­guirão, evi­den­te­mente, todos os res­tantes bancos) agra­varam de novo – e pela se­gunda vez, só este ano – os spreads apli­cados aos cré­ditos à ha­bi­tação, ou seja as mar­gens de lucro que co­bram neste tipo de cré­ditos. Assim sendo, quem agora con­tratar um novo em­prés­timo já terá pela frente a exi­gência de um spread que ronda os 3%.

Crise? Só se for para quem tra­balha – se tiver a sorte de ter em­prego...

 

Re­ceitas

 

Já que es­tamos a falar em di­nheiro, dizem as es­ta­tís­ticas que a re­ceita fiscal cresceu a uma taxa de 11%, até Fe­ve­reiro deste ano, face ao mesmo pe­ríodo do ano an­te­rior.

Pu­dera! Com a san­gria apli­cada ao País – e, so­bre­tudo, a quem tra­balha – seria bem es­tranho que tal não acon­te­cesse.

To­davia, nada pa­rece su­fi­ci­ente para sa­tis­fazer a vo­ragem do dé­fice: os «PEC» su­cedem-se a ritmo ver­ti­gi­noso e não se vis­lumbra o fundo, neste bu­raco onde nos querem atolar com­ple­ta­mente.

Até onde? Até quando?

 

«Mar­gens»

 

É co­nhe­cido o en­tremez mon­tado pelo Go­verno à volta do novo PEC: pri­meiro, en­car­re­garam o mi­nistro das Fi­nanças de o apre­sentar ino­pi­na­da­mente ao País, en­quanto o pri­meiro-mi­nistro mar­chava para Bru­xelas para também o ofe­recer de ban­deja aos se­nhores que por lá mandam (o facto foi apro­vei­tado pelo PSD para fazer o seu nú­mero e, em «pro­testo», pro­cura der­rubar o Go­verno sem se com­pro­meter com tal pro­pó­sito). En­tre­tanto, o PS tornou-se de re­pente muito «aberto ao diá­logo» para dis­cutir o PEC que le­vara para Bru­xelas sem mos­trar a nin­guém, ao mesmo tempo que «cri­ti­cava» o mi­nistro das Fi­nanças pela «ma­neira de­sas­trosa» com que apre­sen­tara o PEC e, fi­nal­mente, José Só­crates tira novo co­elho da car­tola ao «emendar» o que fora dito por Tei­xeira dos Santos sobre o con­ge­la­mento das pen­sões mí­nimas no pró­ximo ano, sur­gindo a anun­ciar que, afinal, há «margem» para au­mentar as tais pen­sões.

Quem já não tem margem ne­nhuma é toda esta gente, ao mentir tão con­ti­nuada e des­ca­ra­da­mente.



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