Honduras

Repressão não trava lutas

Apesar da violenta reacção do governo golpista, os trabalhadores e o povo hondurenho não desistem dos protestos pela democratização do país, por salários, direitos e contra a privatização dos serviços públicos e dos recursos soberanos. Estas foram algumas das reivindicações que milhares de pessoas trouxeram para as ruas durante a greve cívica nacional, realizada quarta-feira, 30.

De acordo com dados veiculados pela Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP), a convocante do protesto, a adesão à iniciativa foi massiva em todo o país, com concentrações, manifestações ou bloqueios de estradas em todo o território.

Na capital, Tegucigalpa, bem como em Progresso, San Pedro Sula, Santa Rosade Copán, Olancho ou Colón, o povo destacou-se pela resistência oferecida às forças repressivas, sublinhou a coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras, Bertha Cáceres.

«Estamos pior do que nos primeiros dias do golpe de Estado. Mas, entretanto, as pessoas aprenderam e têm uma maior capacidade de resposta à repressão», disse ainda a dirigente.

 

Brutalidade

 

Exemplo da conduta das autoridades hondurenhas para com os protestos foram os acontecimentos ocorridos junto à sede do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Bebidas e Similares (STIBYS). De acordo com a nota da FNRP, centenas de polícias e militares dispersaram a concentração laboral que ali se encontrava, não hesitando em usar granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água, ao que se seguiram cargas policiais e perseguições pelos bairros circundantes.

Um número ainda indeterminado de trabalhadores acabou detido ou hospitalizado, revelou Porfírio Ponce, do STIBYS. «A repressão não nos intimida. Vamos continuar a luta, que é a do povo hondurenho em defesa dos direitos dos trabalhadores, das conquistas sociais na educação e na saúde pública, e contra as políticas neoliberais», salientou o sindicalista. «Este regime é a continuação do golpe. Os poderes que controlam o país pretendem chegar até as últimas consequências. Porém aqui há um povo que não vai calar a boca», acrescentou.

Episódios semelhantes, que ilustram a brutalidade de que se socorrem os golpistas na tentativa de abafar a revolta no país, ocorreram no Baixo Aguán, com a polícia a abrir fogo contra os manifestantes que ocupavam uma estrada, e na Universidade Autónoma, onde estudantes e professores travaram durante horas um braço-de-ferro com os uniformizados, informou o dirigente dos professores e da FNRP Wilfredo Paz.

 

Professores não cedem

 

Durante a paralisação nacional, os professores prosseguiram a luta que travam há já um mês contra a privatização do sector, pelo pagamento dos salários devidos a milhares de profissionais e em defesa do sistema de previdência do sector, ameaçado por uma colossal dívida do Estado.

No dia 30, os docentes concentraram-se frente ao Supremo Tribunal para exigirem a libertação dos 20 camaradas presos na sequência dos protestos realizados desde o início de Março, e, dois dias depois, a 1 de Abril, voltaram a manifestar-se em Tegucigalpa, escassas horas após o parlamento ter aprovado a contestada nova Lei de Educação Pública.

Na sexta-feira, o sindicato dos professores também promoveu diversos plenários com o objectivo de avaliar novas formas de luta, isto depois de o executivo liderado por Porfirio Lobo ter decretado a ilegalização da greve dos docentes, relatou a enviada especial da Telesur a Tegucigalpa, Adriana Sívori.

Recorde-se que Lobo anunciou sanções severas para os que não cedam à pressão de regressar às escolas.



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