Cimeira da Frente Comum aprova manifesto

Só com a luta

As troikas es­tran­geira (FMI, UE e BCE) e na­ci­onal (PS, PSD e CDS) en­ten­deram-se para lançar o maior ataque aos tra­ba­lha­dores desde 1974, e só o de­sen­vol­vi­mento da luta pode travar o re­tro­cesso so­cial.

A ofen­siva atinge fun­da­mentos do re­gime de­mo­crá­tico

Com esta ideia-chave abre o ma­ni­festo que a Frente Comum de Sin­di­catos da Ad­mi­nis­tração Pú­blica aprovou no dia 12, quinta-feira, para en­tregar aos par­tidos po­lí­ticos, re­a­fir­mando po­si­ções e re­a­gindo ao «me­mo­rando de en­ten­di­mento», aceite pelo Go­verno e apoiado pelo PS, o PSD e o CDS.

«Que­remos que os par­tidos can­di­datos às elei­ções prestem atenção às nossas rei­vin­di­ca­ções e ao que pre­ten­demos fazer caso não sejam ou­vidas», disse aos jor­na­listas a co­or­de­na­dora da Frente Comum. Ci­tada pela agência Lusa, na con­fe­rência de im­prensa de dia 12, à tarde, após a reu­nião dos di­ri­gentes das três de­zenas de or­ga­ni­za­ções sin­di­cais que cons­ti­tuem a es­tru­tura re­pre­sen­ta­tiva da grande mai­oria dos fun­ci­o­ná­rios da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, Ana Avoila su­bli­nhou que «os tra­ba­lha­dores não vão ficar pa­rados».

No ma­ni­festo, a Frente Comum deixa claro que «con­ti­nuará a de­nun­ciar e lutar contra esta po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal, pelos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções e por uma ver­da­deira po­lí­tica al­ter­na­tiva, que res­peite e tenha em conta os di­reitos de quem tra­balha».

Nas po­si­ções de prin­cípio que os sin­di­catos têm de­fen­dido, des­tacam-se no ma­ni­festo:

- a de­fesa de ser­viços pú­blicos de qua­li­dade, no­me­a­da­mente na Edu­cação, na Saúde, na Se­gu­rança So­cial, na Jus­tiça, na Água e no Am­bi­ente, como «pre­missa fun­da­mental para o de­sen­vol­vi­mento do País e da qua­li­dade de vida dos ci­da­dãos»;

- a crí­tica à «falsa imagem po­si­tiva da ex­ter­na­li­zação dos ser­viços», que «tem vindo a des­truir o sector pú­blico e o papel do Es­tado na sa­tis­fação das ne­ces­si­dades pri­má­rias dos por­tu­gueses, fa­vo­re­cendo os grandes grupos eco­nó­mico-fi­nan­ceiros»;

- e a re­cusa de que «se atire o peso da crise eco­nó­mica do ca­pi­ta­lismo para as costas dos tra­ba­lha­dores».

Ao fim de «dé­cadas de po­lí­tica de sa­cri­fí­cios e de­gra­dação das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e de apoio ao grande ca­pital», o Go­verno do PS «com o apoio do PSD e CDS, re­tira di­reitos so­ciais fun­da­men­tais, au­menta os im­postos aos tra­ba­lha­dores e rouba e de­grada sa­lá­rios». A Frente Comum as­si­nala que o peso destes no PIB «já é in­fe­rior, em oito pontos per­cen­tuais, ao que se ve­ri­fi­cava no final do re­gime fas­cista».

Para a der­rota do PEC 4, «a luta dos tra­ba­lha­dores foi de­ter­mi­nante». Mas, acusa-se no ma­ni­festo, «os testas-de-ferro do ca­pital, vendo que es­tavam em causa os seus fu­turos cho­rudos lu­cros, im­pu­seram o re­curso à “ajuda” ex­terna da UE/​FMI/BCE – isto é, pe­diram ajuda à má­quina de guerra do ca­pi­ta­lismo, contra o nível de vida e os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções».

 

Mais pe­na­li­zados

 

Com os com­pro­missos já fir­mados para 2012 e 2013, «a Ad­mi­nis­tração Pú­blica e os seus tra­ba­lha­dores são par­ti­cu­lar­mente pe­na­li­zados», sa­li­enta-se no ma­ni­festo. Entre as me­didas que para tal con­tri­buem, a Frente Comum aponta:

- con­ge­la­mento de re­mu­ne­ra­ções, pen­sões e pro­mo­ções;

- eli­mi­nação de ser­viços (um quinto das de­le­ga­ções mu­ni­ci­pais de Fi­nanças) e re­dução de tra­ba­lha­dores, ao ritmo anual de um por cento na ad­mi­nis­tração cen­tral e de dois por cento na ad­mi­nis­tração local;

- fusão de ser­viços (Im­postos e Al­fân­degas, a que po­derá juntar-se a co­brança da Se­gu­rança So­cial);

- re­or­ga­ni­zação de con­ce­lhos e fre­gue­sias, para re­dução sig­ni­fi­ca­tiva do seu nú­mero;

- re­dução das trans­fe­rên­cias do OE para a ADSE, a ADM e a SAD;

- au­mento das taxas mo­de­ra­doras na Saúde e re­dução do nú­mero de pes­soas isentas;

- re­dução das trans­fe­rên­cias para o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde e para a ad­mi­nis­tração local e re­gi­onal (175 mi­lhões por ano, em 2012 e 2013);

- re­dução do in­ves­ti­mento pú­blico;

- au­mento sig­ni­fi­ca­tivo de im­postos (IVA, im­posto sobre o con­sumo, IRS, IMI) e cri­ação de novos (como o que in­ci­dirá sobre a elec­tri­ci­dade).



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