Ambiciosa proposta artística
O espectáculo de abertura do Palco 25 de Abril, tradicionalmente dedicado à música erudita, é, porventura, o mais ambicioso de todos os que até agora se realizaram. Pela opulência do programa, pelas dificuldades artísticas que comporta, pelas exigências técnicas, pelo elevado número de artistas em palco – uma grande orquestra, com cerca de 90 instrumentistas, dois coros e seis cantores solistas.
É, pois, o regresso à ópera, depois do grande sucesso de 2009, mas é bem mais do que uma normal gala de ópera: é um invulgar concerto lírico-sinfónico que acolhe algumas raridades, peças que o público português poucas vezes tem oportunidade de escutar.
Entre os cantores solistas está o tenor romeno Mircea Nedelescu, que assim se estreia no nosso País, depois de ter sido aclamado na Europa (Alemanha, Áustria, Holanda, Bélgica, Bulgária, países escandinavos), bem como nos EUA e em Israel. Discípulo de N. Herlea e A. Florescu, na Roménia, estudou depois na Áustria como a meio-soprano Hanna Ludwig e na Alemanha com a mundialmente célebre Celestina Casapietra, entre outros.
Nedelescu construiu a sua carreira internacional a partir da Alemanha, onde reside desde 1984. Cantou muitos dos principais papéis de tenor do reportório em óperas como Aida, La Traviata, Nabucco, Fausto, Tosca, Così fan tutte, A Flauta Mágica, Os Contos de Hoffmann, etc.
Com Portugal a atravessar um dos piores períodos da sua história, abalado por várias ameaças, a Festa do Avante! e o Ginásio Ópera (co-produtores do espectáculo) tiveram a audácia de responder à crise com esta ambiciosa proposta artística dedicada à Pátria. Espera-se agora que o generoso público da Festa corresponda com o seu habitual entusiasmo.