Semana em Estrasburgo
Na reabertura do Parlamento Europeu, nesta primeira sessão de Setembro, em Estrasburgo, entre os vários debates ali realizados, há temas da maior importância para Portugal e os portugueses, seja na área económica, seja no campo social e dos direitos, seja da política internacional.
São exemplos:
Na área económica: «a crise económica e o euro» a dominar todas as atenções, num momento em que a situação na Grécia atinge a maior gravidade e em Portugal prossegue o programa de agressão ao povo português, o que já está a provocar uma recessão económica. Mas as respostas continuam a ser mais do mesmo, escamoteando as responsabilidades das orientações, políticas e medidas neoliberais da União Europeia, que apenas serve interesses do capitalismo europeu e das grandes potências, como também ficou bem patente na apresentação, pelo Conselho, da sua posição sobre o orçamento comunitário para 2012 ou, ainda, nas declarações sobre o acompanhamento das negociações da continuação de Doha no âmbito da Organização Mundial de Comércio. E, mesmo quando surge uma ou outra proposta positiva, como no debate sobre uma estratégia eficaz para a Europa no domínio das matérias-primas, não é possível concluir que a sua concretização se fará se não houver uma forte luta dos trabalhadores e das populações que obrigue a uma mudança de rumo.
Na área social e dos direitos, o destaque vai para uma resolução sobre a situação das pessoas sem abrigo e a situação das mulheres que se aproximam da idade de reforma, onde, além de uma denúncia da grave situação social actual, sobretudo através das nossas intervenções, com ideias e propostas positivas, mas que, na generalidade, não passarão do papel, por a maioria não aceitar decisões que levem à ruptura e à mudança das políticas que lhe estão na origem.
Na área da política internacional sublinha-se os debates sobre a situação no Médio Oriente, na Líbia e na Síria, a fome em África e o papel da União Europeia na cimeira de alto nível da Assembleia Geral da ONU sobre as doenças não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, cancro, doenças pulmonares crónicas e diabetes, que se realiza a 19 e 20 de Setembro em Nova Iorque, além da evocação do 10.º aniversário do 11 de Setembro, logo no início dos trabalhos.
Mais uma vez, ficou claro que a União Europeia é um instrumento do capitalismo na sua fase monopolista e imperialista, que não olha a meios para atingir os seus fins: a concentração e centralização cada vez maior do capital. Demonstra-o bem o seu envolvimento na agressão militar que a NATO prossegue na Líbia ou no Afeganistão, destruindo estados e matando milhares de pessoas, para assegurar um controlo fácil das matérias-primas, designadamente do petróleo, e, simultaneamente, garantir aos seus grupos económicos uma partilha das riquezas, através do processo de reconstrução desses países subjugados e entregues aos seus fiéis seguidores.
Mas não podem ser ignoradas as contradições que se avolumam em todo este processo, como mais uma vez foi visível nos debates no Parlamento Europeu, por onde também passou a denúncia de altos responsáveis da União Europeia que afirmaram que as bandeiras de Portugal, Irlanda e Grécia deviam ser colocadas a meia-haste, como um castigo e vexame destes países e dos seus povos. Mas, entretanto, a maioria do PE continua a defender algo que, na prática, conduz ao mesmo: a aplicação de multas a todos os estados-membros da zona euro que não cumprirem as suas orientações, não apertarem o garrote aos seus povos, não aumentarem a exploração dos seus trabalhadores e não venderem ao desbarato as suas riquezas aos grupos económicos e financeiros europeus.
Naturalmente que, pela nossa voz, ali esteve o nosso protesto e indignação contra estas políticas, tal como a denúncia de alguns dos problemas que mais afligem Portugal e os portugueses, seja na área das políticas sociais, seja da produção e também da soberania, numa perspectiva de defesa e promoção dos interesses nacionais. Foi assim que lá chegaram as lutas dos vitivinicultores, designadamente da Região Demarcada do Douro ou de Palmela, dos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, dos pescadores, bem como as denúncias da aplicação do programa de agressão a Portugal e a luta que a CGTP já anunciou para o próximo dia 1 de Outubro.