Contra os cortes sociais

Itália protesta

Mais de uma cen­tena de ma­ni­fes­ta­ções nas prin­ci­pais ci­dades de Itália mar­caram a jor­nada de greve geral, con­vo­cada pela CGIL, dia 6, que pa­ra­lisou o país.

Greve re­gista grande adesão no sector pú­blico e pri­vado

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En­quanto mi­lhares de ma­ni­fes­tantes per­cor­riam as ruas dos prin­ci­pais cen­tros ur­banos, com pa­la­vras de ordem, car­tazes e panos contra as novas me­didas de aus­te­ri­dade, anun­ci­adas no dia 12 de Agosto, a greve de oito horas por turno re­gis­tava uma forte adesão nos prin­ci­pais sec­tores de ac­ti­vi­dade.

Como é normal, os efeitos da pa­ra­li­sação foram par­ti­cu­lar­mente vi­sí­veis nos trans­portes pú­blicos, in­cluindo os ma­rí­timos, ca­mi­nhos-de-ferro e ae­ro­portos, mas também hos­pi­tais, cor­reios e uma parte dos bancos e ser­viços pú­blicos em geral res­pon­deram mas­si­va­mente ao apelo da CGIL, a maior cen­tral sin­dical do país, que conta mais de seis mi­lhões de fi­li­ados.

A jor­nada teve ainda fortes im­pactos na in­dús­tria, sendo re­ve­lador que a pró­pria ad­mi­nis­tração da FIAT tenha ad­mi­tido uma adesão em torno dos 25 por cento nas uni­dades do grupo au­to­móvel.

No pro­testo in­cor­poram-se também eleitos mu­ni­ci­pais e re­gi­o­nais das di­fe­rentes cores po­lí­ticas, alar­mados com o au­tên­tico ter­ra­moto ad­mi­nis­tra­tivo anun­ciado por Roma e so­bre­tudo com os drás­ticos cortes nas trans­fe­rên­cias do Es­tado. Afirmam que não será pos­sível con­ti­nuar a as­se­gurar ser­viços es­sen­ciais à po­pu­lação na área dos Trans­portes, Saúde ou Edu­cação caso se con­firmem as re­du­ções or­ça­men­tais que, em vá­rias si­tu­a­ções, po­derão atingir os 77 por cento.

Na con­cen­tração junto ao Co­liseu de Roma, pe­rante de­zenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores, Su­sanna Ca­musso, se­cre­tária-geral da CGIL, cri­ticou aber­ta­mente as di­rec­ções das ou­tras grandes cen­trais sin­di­cais que não se jun­taram ao pro­testo. Sobre o pro­grama anti-po­pular, Ca­musso con­si­derou que se trata de «me­didas in­justas, ir­res­pon­sá­veis e que co­locam todo o peso dos sa­cri­fí­cios nos sec­tores po­pu­lares, par­ti­cu­lar­mente sobre os tra­ba­lha­dores do sector pú­blico». Para a líder sin­dical, o mo­mento é de es­pe­cial gra­vi­dade: «Es­tamos à beira do pre­ci­pício, temos de dar um passo atrás».

De­pois de vá­rias al­te­ra­ções, o plano de aus­te­ri­dade apro­vado pelo Se­nado prevê um en­caixe de 54 mil mi­lhões de euros até 2013, sendo que a prin­cipal fonte de re­ceita re­sulta do au­mento do IVA em um ponto para 21 por cento. O tão fa­lado im­posto sobre os ricos foi, en­tre­tanto, ame­ni­zado, pas­sando a in­cidir apenas sobre ren­di­mentos acima dos 300 mil euros anuais, numa taxa de três por cento, e não a partir dos 90 mil euros, como ini­ci­al­mente fora anun­ciado.



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