Plenários de professores no dia 27

Fenprof não dá tréguas

O Go­verno não res­peita os pró­prios com­pro­missos e quer cortar mais 600 mi­lhões de euros na Edu­cação, o que exige uma pos­tura ofen­siva de pro­fes­sores e de todos os que não de­sistem da es­cola pú­blica.

Ine­vi­tável é manter e alargar a luta

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A si­tu­ação na Edu­cação e a in­ter­venção dos do­centes e dos seus sin­di­catos es­ti­veram em dis­cussão no Con­selho Na­ci­onal da Fen­prof, que reuniu sexta-feira e sá­bado, em Lisboa. Ao apre­sentar as con­clu­sões, o se­cre­tário-geral da Fe­de­ração Na­ci­onal dos Pro­fes­sores re­alçou que, no mo­mento pre­sente, «a acção e a luta dos pro­fes­sores e de todos os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses são as únicas ine­vi­ta­bi­li­dades».

Mário No­gueira, acom­pa­nhado na con­fe­rência de im­prensa por di­ri­gentes dos sin­di­catos fi­li­ados na Fen­prof, enun­ciou as li­nhas que vão ori­entar essa acção e des­tacou, a par da par­ti­ci­pação no ple­nário na­ci­onal da Ad­mi­nis­tração Pú­blica – que a Frente Comum con­vocou para 21 de Ou­tubro – um ple­nário na­ci­onal des­cen­tra­li­zado de pro­fes­sores e edu­ca­dores, na quinta-feira, dia 27, com reu­niões em ca­pi­tais de dis­trito e ou­tras ci­dades. Nal­guns casos, o ple­nário po­derá ex­tra­vasar para as ruas, para en­tregar do­cu­mentos em en­ti­dades e or­ga­nismos.

 

Cortar é de­sistir

 

A pre­vista re­dução das verbas para a Edu­cação, no Or­ça­mento do Es­tado para 2012, num mon­tante de 600 mi­lhões de euros – que se segue ao corte de mais de 800 mi­lhões, em 2011 (valor sem a re­dução no En­sino Su­pe­rior), e re­pre­senta o triplo do que consta no me­mo­rando da troika dos cre­dores – é agra­vada pelos cortes in­di­rectos, como su­cede com a re­dução dos or­ça­mentos das au­tar­quias lo­cais.

Ao avançar com cortes desta en­ver­ga­dura, o Go­verno tem que con­fessar ao País que de­sistiu da Edu­cação, co­mentou Mário No­gueira, se­gundo o re­lato pu­bli­cado no sítio da Fen­prof.

Os or­ça­mentos das es­colas estão agora ame­a­çados por um rombo de 5,5 por cento, quando até há pe­sados au­mentos da fac­tura ener­gé­tica. Tal sig­ni­fica que muitos es­ta­be­le­ci­mentos de en­sino podem, em breve, en­trar em rup­tura. Estes «cortes cegos», alertou a Fen­prof, vão pro­vocar enormes di­fi­cul­dades de fun­ci­o­na­mento das es­colas e vão pre­ju­dicar o cum­pri­mento dos ob­jec­tivos fun­da­men­tais, agu­di­zando os pro­blemas que re­sultam dos cres­centes ín­dices de de­sem­prego, pre­ca­ri­e­dade e ins­ta­bi­li­dade.

Das me­didas do Mi­nis­tério da Edu­cação e Ci­ência, in­se­ridas nesta ofen­siva des­trui­dora, a fe­de­ração des­taca:

- mais en­cer­ra­mentos de es­colas,

- im­po­sição de mais mega-agru­pa­mentos,

- mais alunos por turma,

- eli­mi­nação de áreas cur­ri­cu­lares e em­po­bre­ci­mento de cur­rí­culos,

- fra­gi­li­zação da Acção So­cial Es­colar,

- des­pe­di­mentos,

- en­cer­ra­mento de cursos,

- e fecho de ins­ti­tui­ções (como no En­sino Su­pe­rior), a par de cres­centes di­fi­cul­dades co­lo­cadas na in­ves­ti­gação ci­en­tí­fica.

Para poder avançar com as suas po­lí­ticas mais ne­ga­tivas, o MEC de­finiu que tem como pri­o­ri­dade al­terar o re­gime de au­to­nomia e gestão das es­colas. Como avisou Mário No­gueira, o Go­verno vai fazer da au­to­nomia um si­nó­nimo de des­res­pon­sa­bi­li­zação do poder cen­tral e vai pro­curar que a gestão se torne ainda mais pre­po­tente e au­to­ri­tária.

A isto, a fe­de­ração pre­tende con­ti­nuar a res­ponder com «uma pos­tura ofen­siva, na pro­posta, na acção e na luta». E, como o com­bate não diz res­peito apenas aos pro­fes­sores, a Fen­prof, conta com as de­mais or­ga­ni­za­ções que subs­cre­veram o Ma­ni­festo em de­fesa da Es­cola Pú­blica, para que este mo­vi­mento ganhe maior ex­pressão.

 

Saúde não es­pera

Estão de­tec­tados 435 casos de pro­fes­sores que ainda não foram co­lo­cados. Em­bora sejam por­ta­dores de do­enças graves ou te­nham que acom­pa­nhar fa­mi­li­ares pró­ximos nessa si­tu­ação, não foram abran­gidos por «des­ta­ca­mento em con­di­ções es­pe­cí­ficas».

A 24 de Agosto, o MEC com­pro­meteu-se pe­rante a Fen­prof a ga­rantir que aqueles do­centes sejam afec­tados ad­mi­nis­tra­ti­va­mente a es­colas. O com­pro­misso foi re­a­fir­mado pu­bli­ca­mente uma se­mana de­pois, num co­mu­ni­cado do Mi­nis­tério. O Se­cre­ta­riado Na­ci­onal da Fen­prof de­cidiu aguardar até amanhã pela con­cre­ti­zação da afec­tação ad­mi­nis­tra­tiva. Às dez horas, di­ri­gentes sin­di­cais e ou­tros pro­fes­sores de­verão apre­sentar-se no MEC.

Estão também em causa 670 do­centes com «ho­rário zero» que não ti­veram ainda des­ta­ca­mento.

 

 Com­bate de 45 anos

A re­co­men­dação re­la­tiva ao Es­ta­tuto dos Pro­fes­sores, apro­vada a 5 de Ou­tubro de 1966 na con­fe­rência in­ter­go­ver­na­mental pro­mo­vida pela Unesco, em ar­ti­cu­lação com a OIT, foi «um passo fun­da­mental para a va­lo­ri­zação da pro­fissão do­cente a um nível nunca as­su­mido em todo o mundo». No en­tanto, ao com­parar o do­cu­mento com a si­tu­ação ac­tual em Por­tugal, a Fen­prof sa­li­enta que a co­me­mo­ração do Dia Mun­dial do Pro­fessor ocorre num «tempo de com­bate», para «de­fender a pro­fissão e, por essa via, o ser­viço de Edu­cação e En­sino».

«Tudo, mas tudo, tem ser­vido para des­truir um tra­balho de dé­cadas em prol da pro­fissão do­cente e da es­cola», acusou o Se­cre­ta­riado Na­ci­onal da Fen­prof. Num co­mu­ni­cado que di­vulgou dia 4, lem­brou me­didas como «a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios de tra­balho, o au­mento do de­sem­prego entre os do­centes, da sua ins­ta­bi­li­dade pro­fis­si­onal e da pre­ca­ri­e­dade dos vín­culos la­bo­rais, a par dos ata­ques e roubos contra os sa­lá­rios, as car­reiras e o até mais ele­mentar di­reito à con­tagem do seu tempo de ser­viço».



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