Homenagem a José Neves Amado
Promovido pela União de Resistentes Antifascista Portugueses, realizou-se, no dia 14 de Outubro, no Auditório do Museu de Aveiro, uma sessão evocativa ao marinheiro-tarrafalista José Neves Amado. A iniciativa, onde estiveram mais de 70 pessoas, foi um acontecimento importante não só para quem o conheceu, como para os mais jovens e todos aqueles que, tendo-o conhecido ou não, procuram a real dimensão do papel do indivíduo na construção dos colectivos que promovem o progresso social na história. Nela participaram, entre outros, os filhos do homenageado, Rosa Amado, Jorge Sarabando, Marília Villaverde Cabral, presidente da URAP, e António Regala, que orientou os trabalhos da sessão.
Entre o público, esteve ainda Fernando Marques, presidente da Junta de Freguesia de Glória, que sempre se associou, desde o primeiro momento, ao conjunto de iniciativas de homenagem. Na ocasião, o autarca informou que o Executivo da Junta a que preside, e por unanimidade, deu parecer favorável à atribuição do nome de José Neves Amado, Comendador da Ordem da Liberdade, a uma importante via da cidade.
O contexto histórico, nos planos nacional e internacional, em que se deu a Revolta dos Marinheiros de 1936, foi amplamente detalhada por Jorge Sarabando. Na verdade esta acção exigiu grande coragem e determinação dos revoltosos, entre os quais se incluía José Neves Amado.
Por sua vez, Francisco Amado leu algumas passagens de um texto escrito pelo seu pai, em 1998, sobre as condições de sobrevivência no campo do Tarrafal – onde se incluiu uma descrição da horrível «frigideira» – que ilustram bem a natureza criminosa do regime fascista.
Marilia Villaverde Cabral, presidente da URAP, evocou também os mortos no Tarrafal, recordando a grandiosa demonstração de massas à data da chegada dos restos mortais desses heróis assassinados.
O momento ficou marcado por um momento musical em que, acompanhada por Manuel Reis à guitarra, Ana Serrano interpretou, no violino, as canções heróicas de Fernando Lopes Graça: «Mãe Pobre», «Trovas da Prisão» e «Jornada».
A finalizar, mais uma incursão pela poesia. Do público surgiu António Oliveira que, tendo sido colega de José Neves Amado, lhe dedicou um belo poema onde exprime a sua profunda admiração pelo homenageado.