A luta não pára
Decididos a intensificar a luta, mais de cinco mil trabalhadores das empresas públicas de transportes e comunicações repudiaram, dia 20, em Lisboa, as privatizações, os despedimentos e a destruição de direitos.
Para dia 8 está marcada nova jornada de luta em todo o sector
Numa acção extraordinariamente participada, trabalhadores das empresas Carris, do Metropolitano de Lisboa, das empresas do Grupo CP e do Grupo TAP, da ANA, da Transtejo, da Soflusa e dos CTT responderam à convocatória da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, Fectrans/CGTP-IN, e de outros sindicatos do sector. A concentração, no Largo de Camões, com desfile até à residência oficial do primeiro-ministro, teve assim uma extraordinária participação no primeiro dia da semana de luta da CGTP-IN.
Numa resolução aprovada no fim da concentração e posteriormente entregue em São Bento, os participantes repudiam a destruição da contratação colectiva, de postos de trabalho e de empresas públicas, rejeitam as privatizações, as fusões e o aumento do custo de vida, e comprometem-se a fazer da greve geral de 24 de Novembro uma «resposta geral» à «brutal ofensiva» contra os seus direitos. Também aprovaram um novo dia de luta, a 8 de Novembro, em todas estas empresas, com plenários e paralisações.
No Porto, no mesmo dia, os trabalhadores da STCP e da Metro do Porto anunciaram, após plenários, que juntarão a sua luta à greve geral, e à luta sectorial, no dia 8.
Na manhã da concentração, em Lisboa, mais de 700 trabalhadores do Metropolitano aprovaram, em plenário, a sua participação em todas as formas de luta que os sindicatos considerem convenientes paras impedir a concretização do plano do Governo para o sector.
Na concentração interveio o coordenador da Fectrans, Amável Alves, avisando que a concretização das intenções do Governo para o sector significará despedimentos, destruição de postos de trabalho, desmantelamento e privatização de empresas públicas, mais precariedade, e a destruição de direitos laborais, acabando com os acordos de empresa e a negociação colectiva.
Recordando as medidas que afectam toda a população, como o quotidiano aumento do custo de vida e, em especial, dos custos no acesso a serviços públicos, incluindo o tarifário dos transportes, Amável Alves salientou que «aos trabalhadores resta lutar para impedir esta destruição, que prejudicará também toda a população e utentes».
Impedir a destruição
Para enfrentar o actual «ataque sem precedentes» aos direitos laborais, «torna-se inevitável recorrermos à única forma que poderá travar a destruição de empregos, de empresas e direitos», considerou o dirigente sindical. «Nada substitui a força e a consequência da participação dos trabalhadores na luta organizada, em cada local de trabalho e nas lutas gerais contra o roubo dos salários e de direitos, a destruição dos acordos de empresa, de serviços públicos e dos apoios sociais», explicou, enunciando as conclusões constantes na resolução, aprovada por unanimidade e aclamação durante a acção.
Em solidariedade com os trabalhadores em luta esteve o deputado do PCP, Bruno Dias, que saudou e foi entusiasticamente cumprimentado pelos trabalhadores, à chegada da manifestação a São Bento, junto à Assembleia da República.