Minérios

O Go­verno fez o maior es­tar­da­lhaço à volta de uma «con­cessão de ouro no Alen­tejo», a par de ou­tras menos pre­cisas, mas igual­mente «so­nantes», ou não se fa­lasse de ouro.

O mi­nistro da Eco­nomia, Álvaro Santos Pe­reira, en­con­trou o anúncio à me­dida da sua in­dis­far­çável ale­gria em ser mi­nistro (e que ainda não es­mo­receu, como se lhe vê no bri­lho­zinho dos olhos): o do con­trato de «con­cessão ex­pe­ri­mental» dada a uma mul­ti­na­ci­onal norte-ame­ri­cana (a Colt Re­sources) para que pro­cure ouro nas en­tra­nhas do Alen­tejo, con­cre­ta­mente na área de Boa Fé, no con­celho de Mon­temor-o-Novo. Aludiu igual­mente a mais «oito con­tratos de pros­pecção de mi­nério me­tá­lico», seja lá isso o que for, onde for e quando for, que o mi­nistro não adi­antou mais nada.

Mas não re­sistiu a adi­antar mais pro­messas, afir­mando que «nas pró­ximas se­manas, te­remos cer­ta­mente mais no­vi­dades».

Se nas pró­ximas se­manas al­guém pro­curar tais no­vi­dades, o me­lhor é pre­caver-se e es­perar sen­tado.

En­tre­tanto, os jor­nais afa­di­garam-se a pro­mover esta ideia do mi­nistro Álvaro e anun­ci­aram mais uma en­xur­rada de pa­ta­co­adas sobre a «ri­queza mi­neral» no nosso País. O úl­timo nú­mero a reter (até nova «pros­pecção» ge­o­lo­go­de­ma­gó­gica) é que as re­servas de mi­nério em Por­tugal rondam os 165 mil mi­lhões de euros, o equi­va­lente ao ac­tual PIB anual na­ci­onal.

Um au­tên­tico «filão de ouro», com­pa­rando-se com os in­ves­ti­mentos en­tre­tanto pro­gra­mados para todas estas «con­ces­sões»: 8,6 mi­lhões de euros.

O que os jor­nais não alar­de­aram foi a mi­se­rável per­cen­tagem que ca­berá ao Es­tado por­tu­guês nestas con­ces­sões de ex­plo­ração de mi­nério: qual­quer coisa à volta dos... 3%.

É o que dá fun­ci­onar como país sub­de­sen­vol­vido.

Quanto à «ri­queza mi­neral» de Por­tugal, o Go­verno que não se ex­cite: é va­riada, com bons fi­lões e já quase toda «pi­co­tada» (ou seja as­si­na­lada) pelos ro­manos...

 

Pe­di­tó­rios

 

A no­tícia vem curta e grossa, na pri­meira pá­gina do Diário de No­tí­cias: «Ali­mentos dados nas can­tinas pela Acção So­cial não chegam para ali­mentar todos os alunos. Di­rec­tores de es­colas já or­ga­nizam pe­di­tó­rios».

Não é pre­ciso dizer mais nada: es­tamos a falar de fome, da fome con­creta e real que falta na boca e de­bi­lita o corpo. Só que, neste caso, a fome ataca cri­anças deste País e no sítio onde nunca se ima­gi­naria tal acon­tecer – nas es­colas pú­blicas, que estão cons­ti­tu­ci­o­nal­mente con­sa­gradas às cri­anças e jo­vens na missão de lhes en­ri­quecer o cres­ci­mento e a for­mação com en­sino geral e gra­tuito. E dar-lhes de comer quando por lá andam.

 

Perdas

 

E o de­sastre so­cial con­du­zido pelo Go­verno soma e segue: no sector da Saúde, mais de mil en­fer­meiros e se­cre­tá­rios (um terço do total) das Uni­dades de Saúde Fa­mi­liar vão ficar sem con­trato. Há con­cursos a de­correr, mas sem ga­rantia de in­te­gração de todos os fun­ci­o­ná­rios, nem dos que já estão nas USF.

Mas o que é que esta gente pre­tende? En­cerrar o País e pô-lo a es­ti­olar ao sol?



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