Assembleia da ORL dá prioridade ao reforço orgânico

Tarefas de todo o Partido

Das múl­ti­plas ta­refas co­lo­cadas aos co­mu­nistas do dis­trito de Lisboa nos tempos mais pró­ximos, uma ganha es­pe­cial im­por­tância: o re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção do Par­tido nas em­presas e lo­cais de tra­balho.

O local de tra­balho deve ser o centro da ac­ti­vi­dade do Par­tido

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Em todo o pro­cesso pre­pa­ra­tório da VII As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa do PCP – e na pró­pria as­sem­bleia – o de­bate cen­trou-se, em grande parte, nas me­didas a tomar para elevar con­si­de­ra­vel­mente a or­ga­ni­zação e a acção do Par­tido. A re­so­lução po­lí­tica apro­vada, que re­cebeu de­zenas de con­tri­butos, adendas cor­rec­ções e pre­ci­sões, re­serva a maior parte das suas pá­ginas à de­fi­nição dos ca­mi­nhos para cum­prir este ob­jec­tivo.

Logo na aber­tura dos tra­ba­lhos, Ar­mindo Mi­randa, da Co­missão Po­lí­tica, con­si­derou que a ne­ces­si­dade de dar res­posta à brutal ofen­siva que está em curso contra di­reitos e ga­ran­tias cria às or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes do Par­tido «res­pon­sa­bi­li­dades e ne­ces­si­dades no que res­peita ao seu re­forço or­gâ­nico e à sua li­gação aos tra­ba­lha­dores e às po­pu­la­ções, de forma a alargar e a in­ten­si­ficar a luta de massas no dis­trito». Uma luta que, «pelo es­cla­re­ci­mento e ele­vação das cons­ci­ên­cias que pro­por­ciona, pela con­fi­ança que induz, pelas con­tra­di­ções que gera e pela rup­tura que pro­voca, é um po­de­roso ins­tru­mento, e de ex­tra­or­di­nária efi­cácia, na trans­for­mação da re­a­li­dade».

Sendo no local de tra­balho que se «ma­te­ri­a­liza a ex­plo­ração, o con­fronto entre tra­ba­lhador e pa­trão, a pri­meira ins­tância da luta de classes», é nele que se deve cen­trar a atenção dos co­mu­nistas, a atenção «de todo o Par­tido», sa­li­entou Paula Hen­ri­ques, do Co­mité Cen­tral. Va­lo­ri­zando o facto de se ter avan­çado co­lec­ti­va­mente na «com­pre­ensão da im­por­tância de criar Par­tido nos lo­cais de tra­balho», a di­ri­gente re­alçou que a pri­o­ri­dade deve ser dada ao «for­ta­le­ci­mento e cri­ação de cé­lulas, mesmo se ela for cons­ti­tuída só por dois ca­ma­radas».

Mesmo a exis­tência de apenas um membro do Par­tido num de­ter­mi­nado local de tra­balho pode ser de «im­por­tância de­ter­mi­nante», as­si­nalou Paula Hen­ri­ques. Mas para tal há que tra­ba­lhar «com ele no sen­tido de in­tervir junto dos com­pa­nheiros de tra­balho, tendo pre­sente a ne­ces­si­dade de de­fesa do pró­prio ca­ma­rada».

 

Cons­truir a greve geral

 

Coube ainda a Paula Hen­ri­ques par­ti­lhar o es­sen­cial da re­flexão – ver­tida na re­so­lução po­lí­tica – sobre o con­teúdo da in­ter­venção das cé­lulas do Par­tido. Antes de mais, adi­antou, há que co­nhecer o local de tra­balho em que se in­tervém e os pro­blemas dos seus tra­ba­lha­dores.

De­pois, trata-se de «sin­di­ca­lizar, eleger de­le­gados sin­di­cais, co­mis­sões de tra­ba­lha­dores, co­mis­sões de hi­giene e se­gu­rança, di­na­mizar rei­vin­di­ca­ções e lutas por mais sim­ples que possam ser». De re­crutar para o Par­tido, re­co­lher fundos, tomar po­si­ções, in­tervir no plano ide­o­ló­gico, mo­bi­lizar para a luta, «não só por rei­vin­di­ca­ções eco­nó­micas ime­di­atas mas também por exi­gên­cias po­lí­ticas aos go­vernos do ca­pital, in­dicar o ca­minho da eman­ci­pação da ex­plo­ração, o so­ci­a­lismo».

A in­ter­venção uni­tária dos co­mu­nistas nas em­presas foi abor­dada por Luís Cai­xeiro, igual­mente do CC, que chamou a atenção para as suas res­pon­sa­bi­li­dades na cons­ti­tuição e re­forço da or­ga­ni­zação sin­dical e na in­ten­si­fi­cação da acção rei­vin­di­ca­tiva. Para este di­ri­gente, cabe ainda aos co­mu­nistas, em cada local de tra­balho, dar com­bate às múl­ti­plas formas «através das quais se pro­cura fra­gi­lizar a ca­pa­ci­dade de re­sis­tência e luta dos tra­ba­lha­dores».

Luís Cai­xeiro não es­queceu a re­a­li­zação da greve geral a 24 de No­vembro e con­si­derou-a uma «ta­refa de todos os co­mu­nistas e de todas as or­ga­ni­za­ções do Par­tido no dis­trito». Es­tando certo de que a res­posta dos tra­ba­lha­dores será «for­tís­sima», o membro do CC des­tacou, porém, que o «es­sen­cial do seu re­sul­tado está ainda por cons­truir e que as forças do ca­pital usarão de todos os meios para des­mo­bi­lizar e con­di­ci­onar os tra­ba­lha­dores». Como sa­li­en­tara já Paula Hen­ri­ques, a greve geral «vai re­flectir o que todo o Par­tido con­se­guir fazer. Vai ser um afe­ridor das nossas ca­pa­ci­dades e um mo­mento de rara im­por­tância para o re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária e uni­tária dos tra­ba­lha­dores, para a apren­di­zagem da luta – um mo­mento em que novos qua­dros se vão re­velar».



Barrar o ca­minho à ide­o­logia do ca­pital

 

«Os co­mu­nistas pre­cisam de ler o Avante! e O Mi­li­tante porque pre­cisam de estar pre­pa­rados, in­for­mados, para sermos cada um de nós um es­cla­re­cedor, um agi­tador, um mo­bi­li­zador», afirmou Ade­laide Alves, do CC, na tri­buna da as­sem­bleia. Em sua opi­nião, a lei­tura da im­prensa do Par­tido ganha ainda mais pre­mência neste quadro de «in­ten­sís­sima ofen­siva do ca­pi­ta­lismo, em que o an­ti­co­mu­nismo, a de­tur­pação e o si­len­ci­a­mento das nossas po­si­ções são uma cons­tante».

Re­al­çando que o Avante! e O Mi­li­tante não devem in­te­ressar só aos mi­li­tantes do Par­tido, mas aos tra­ba­lha­dores, aos jo­vens, aos re­for­mados – que nas suas pá­ginas en­con­tram os seus pro­blemas e as suas causas – Ade­laide Alves apelou a que se dê uma maior im­por­tância à pro­moção e di­fusão da im­prensa do PCP: estas de­verão ser con­si­de­radas «ta­refas per­ma­nentes de todo o co­lec­tivo par­ti­dário».

Res­pon­sa­bi­lizar, em cada or­ga­nismo, mi­li­tantes pela di­fusão da im­prensa; criar e re­forçar os co­lec­tivos de dis­tri­buição do Avante!; re­a­lizar bancas de rua junto a em­presas e nou­tros lo­cais – são al­gumas das me­didas a in­ten­si­ficar para au­mentar a di­fusão do Avante! e d’ O Mi­li­tante.

Ma­nuel Gou­veia, também do Co­mité Cen­tral, con­si­derou a pro­pa­ganda não como um «fim em si mesmo» ou uma ro­tina, mas como uma «res­posta que surge da ne­ces­si­dade de trans­formar, de agitar, de in­formar, de or­ga­nizar».

Hoje existem «vastos e di­ver­si­fi­cados meios de pro­pa­ganda», sa­li­entou o di­ri­gente do Par­tido, afir­mando que deve ser a re­a­li­dade a impor os meios a usar: «se numa em­presa a re­pressão im­pede a livre pro­pa­ganda, que se faça clan­des­ti­na­mente. Se noutra em­presa existe uma pá­gina de fa­ce­book, que se tente aí in­tervir. Se numa fre­guesia é mais útil colar as tar­jetas nas pa­ra­gens de au­to­carro, siga-se esse ca­minho. Se noutra fre­guesia é pos­sível re­a­lizar uma ex­po­sição na co­lec­ti­vi­dade, or­ga­nize-se.»

O que é pre­ciso é que cada or­ga­ni­zação par­ti­dária, «me­dindo as forças de que dispõe e os efeitos con­cretos do que re­a­liza, alargue a sua acção de pro­pa­ganda».
 

Alargar e crescer

 

O tra­balho po­lí­tico uni­tário é uma «re­a­li­dade do quo­ti­diano» do PCP em Lisboa, sa­li­entou An­tónia Dimas, da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal. Nos sin­di­catos e co­mis­sões de tra­ba­lha­dores, no mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo po­pular ou nas co­mis­sões de utentes os co­mu­nistas in­te­ragem di­a­ri­a­mente com muitos ho­mens e mu­lheres sem par­tido ou mem­bros de ou­tros par­tidos, lu­tando lado a lado pela re­so­lução dos pro­blemas dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções.

Re­al­çando que a «agres­si­vi­dade da po­lí­tica de di­reita e dos seus men­tores e exe­cu­tores em­purra um con­junto de sec­tores da pe­quena e média bur­guesia e da in­te­lec­tu­a­li­dade para uma pro­xi­mi­dade de pontos de vista e ob­jec­tivos com o PCP», An­tónia Dimas cons­tatou que as or­ga­ni­za­ções do Par­tido têm pe­rante si um «vasto campo uni­tário».

É também de alar­ga­mento da in­fluência e do pres­tígio do Par­tido que se fala quando o as­sunto é a par­ti­ci­pação ac­tiva do PCP nas lutas das po­pu­la­ções em de­fesa dos ser­viços pú­blicos, de­fendeu Mi­guel So­ares, do Co­mité Cen­tral: os co­mu­nistas estão pre­sentes na sua di­na­mi­zação e or­ga­ni­zação e os eleitos da CDU tornam-se os seus porta-vozes nas ins­ti­tui­ções. A lutas das po­pu­la­ções, afirmou Mi­guel So­ares, «será um ele­mento de­ci­sivo para o alar­ga­mento da frente so­cial de luta contra este Go­verno e a sua po­lí­tica».

Também nas ins­ti­tui­ções, os co­mu­nistas e o seu Par­tido «têm um pa­tri­mónio único de se­ri­e­dade, co­e­rência, tra­balho e luta», re­alçou a de­pu­tada Rita Rato. Foram os co­mu­nistas, lem­brou, que desde a pri­meira hora de­nun­ci­aram as imensas ca­rên­cias ve­ri­fi­cadas ao nível da Saúde e da Edu­cação; como foram eles que de­fen­deram os tra­ba­lha­dores da Bra­si­leira do Chiado, do call-center da EDP em Odi­velas, da TNC, das grandes su­per­fí­cies, os en­fer­meiros e os pro­fes­sores. Ou­tros, por não ser «so­nante» ou por es­tarem com­pro­me­tidos, não fa­laram nestes as­suntos, acusou.



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<font color=0093dd>Justa indignação pública</font>

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