PS cúmplice nos roubos
O ataque brutal aos rendimentos e às condições de vida das classes trabalhadores, dos pensionistas e reformados é uma das marcas mais cruéis deste orçamento. Impressão digital que está expressa nesse verdadeiro confisco que é o roubo nos salários, o roubo do subsídio de férias e de Natal.
E que suscitou tal indignação popular e revolta que levou os subscritores do pacto de agressão a ensaiar uma operação de camuflagem, com o PS a reclamar pela devolução de um subsídio e a maioria governamental a lamentar não o poder fazer por falta de «folga» ou qualquer outra «almofada».
Uma manobra que a bancada comunista tratou de desmontar logo no arranque do debate do OE na generalidade, pela voz de Jerónimo de Sousa, quando lembrou que o que separa o PCP do PS não é impedir o corte dos dois subsídios. «O que nos separa é que o PS está disposto a avançar com o corte de um subsídio para os trabalhadores da administração pública e para os reformados, ou seja a procura do mal menor», explicou o Secretário-geral do PCP, ciente de estar perante uma tentativa de convencer os portugueses de que, «tendo em conta o risco do corte das duas pernas», caberia ao PS assumir o papel de salvador, «cortando-se apenas uma perna a quem vive dos seus rendimentos e das suas reformas».
Na ocasião, o dirigente comunista deixou igualmente vincada a ideia de que a separar as duas formações políticas estava ainda o facto de o PS estar «claramente identificado, comprometido, responsabilizado» pelo programa de agressão, ao contrário do PCP. E por isso, concluiu, «quem vai ter que prestar contas ao seu eleitorado é o PS e não o PCP ou a CDU».
Retomando esta questão, faz hoje uma semana, o deputado comunista Francisco Lopes acusou o PS de «falar até à exaustão em devolução» quando efectivamente o que propôs foi o «roubo de um subsídio».
E quanto ao facto de o PSD e CDS terem vindo à última da hora fixar em 600 euros o valor dos salários e pensões a partir do qual se processa o roubo dos subsídios, considerou ser esse também um expediente destinado a tentar «mascarar» a extorsão que «continua a atingir tanta gente e a aumentar as dificuldades da sua vida».