Mais uma vez, não!
A sétima greve geral na Grécia, desde o início do ano, foi uma importante demonstração do repúdio geral pelas políticas de austeridade, agora prosseguidas pela coligação governamental liderada pelo ex-banqueiro Lucas Papademos.
Gregos repudiam novo orçamento de miséria
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se, dia 1, em Atenas, Salónica, Pireu e na zona de Thriasio, onde está instalada a siderurgia Helliniki Halivourgia, cujos operários estão em greve há mais de um mês.
Em dia de greve geral, serviços públicos, ministérios, municípios e escolas permaneceram encerrados, o mesmo acontecendo nos hospitais, onde só foram garantidos os serviços mínimos. A paralisação afectou a maioria dos transportes públicos urbanos, os caminhos-de-ferro e as ligações marítimas entre as ilhas. Aderiram também os trabalhadores da Federação de Sindicatos da Aviação Civil, provocando o cancelamento de voos nacionais e internacionais.
Segundo relatou Antonio Cuesta, correspondente da agência Prensa Latina na Grécia (02.12), os trabalhadores gregos repudiaram o aprofundamento das políticas antipopulares pelo novo governo: cortes sociais, aumentos de impostos e despedimentos na administração pública.
Para uma grande parte da população, o governo de Papademos não é mais do que a continuação do anterior do PASOK, com a mesma política, que «apenas conduz ao empobrecimento rápido e violento das classes populares». Ninguém espera que o actual executivo recuse pagar uma dívida que é ilegítima: «Isso só pode ser feito por um governo popular», declarou um manifestante ao correspondente da agência cubana, «mas esse governo não sairá das próximas eleições. É preciso mudar tudo radicalmente, e essa mudança radical só pode vir da rua, não do parlamento».
Dias antes da paralisação, os jornais noticiaram que 16 mil funcionários haviam passado ao estatuto de «reserva» ou foram aposentados. O executivo de Atenas quer eliminar 35 mil postos de trabalho nos próximos meses. Já em Janeiro, um outro contingente de 12 mil funcionários será dispensado no âmbito do processo de fusão ou extinção de 36 empresas e organismos públicos. Até 2015, 300 mil empregos terão sido destruídos na esfera do Estado.
Nenhum sector de actividade é poupado à voragem da crise. Na semana passada, um grupo de trabalhadores da Aviação Civil ocupou as oficinas de manutenção em protesto contra a passagem à «reserva», a qual implica um corte de 40 por cento nos salários e o despedimento quase certo ao fim de um ano, sem direito a indemnização. Também a agência estatal ANA, as rádios e televisão públicas cumpriram uma greve de 12 horas, no dia 30, contra os despedimentos colectivos que resultam do encerramento de um canal público e do plano de redução geral de efectivos.