PCP contra destruição dos transportes públicos

Aumentos de preços são roubo ao povo

No dia em que en­traram em vigor novos e bru­tais au­mentos dos preços dos trans­portes pú­blicos, o PCP es­teve nas ruas re­a­fir­mando a sua de­ter­mi­nação em com­bater mais este roubo ao povo e ao País.

Os juros pagos à banca são o maior en­cargo das em­presas pú­blicas

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Ao final da tarde de quarta-feira, 1, mais de mil pes­soas par­ti­ci­param numa marcha de pro­testo pro­mo­vida pelo PCP contra os au­mentos no preço dos trans­portes pú­blicos que co­me­çaram a ser apli­cados na­quele mesmo dia. Per­cor­rendo as mo­vi­men­tadas ruas da baixa lis­boeta, os mi­li­tantes e sim­pa­ti­zantes do PCP em­pu­nhavam car­tazes e faixas com men­sa­gens que to­caram fundo em muitos dos que por ali pas­savam, para quem estes au­mentos re­pre­sentam mais um forte rombo na já magra eco­nomia do­més­tica.

E foi junto ao Mi­nis­tério da Eco­nomia, nas ime­di­a­ções do Largo de Ca­mões, que Je­ró­nimo de Sousa subiu ao pe­queno pa­lanque ali ins­ta­lado para apelar à «in­ten­si­fi­cação da mo­bi­li­zação dos utentes e dos tra­ba­lha­dores» das em­presas do sector contra os au­mentos dos preços, a re­dução de ser­viços e a pri­va­ti­zação das em­presas. Para o di­ri­gente co­mu­nista, «só a luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções po­derá travar este rumo de de­sastre que está em curso», acres­cen­tando que essa luta «conta com a ini­ci­a­tiva e so­li­da­ri­e­dade do PCP».

Antes, Je­ró­nimo de Sousa tinha já des­men­tido o Go­verno quando este fala em au­mentos mé­dios de cinco por cento no preço dos trans­portes. Trata-se, se­gundo o Se­cre­tário-geral do PCP, de uma «ha­bi­li­dosa ma­ni­pu­lação es­ta­tís­tica» se­me­lhante à re­a­li­zada em Agosto do ano pas­sado, para tentar es­conder que para a mai­oria dos uti­li­za­dores «a su­bida dos preços será bas­tante su­pe­rior, por via de um vasto con­junto de al­te­ra­ções ao ta­ri­fário, todas elas com o claro ob­jec­tivo de au­mentar o custo para os utentes».

 

Entre cinco e 106 por cento

 

Para além do au­mento médio de cinco por cento nas ta­rifas, Je­ró­nimo de Sousa re­alçou que a po­pu­lação da Área Me­tro­po­li­tana de Lisboa está con­fron­tada com muitos ou­tros au­mentos, como sejam o dos passes no Metro, de cerca de 20 por cento, e com in­ci­dência nos res­pec­tivos passes com­bi­nados; e de perto de 50 por cento para es­tu­dantes e idosos.

A ex­tinção dos passes de dias úteis e o fim, para os novos uti­li­za­dores, da opção de compra de passes só com a Carris e o Metro (que será ex­ten­sível a todos os utentes a partir de Ja­neiro de 2013), são ou­tras formas de au­mento do preço dos passes. Assim, se­gundo o Se­cre­tário-geral do PCP, «é a apli­cação deste con­junto de au­mentos que leva a que os preços te­nham su­bido entre cinco e 106 por cento, con­forme os utentes, e não cinco por cento como anun­ciou o Go­verno».

Com­pa­rando as ta­rifas em vigor com as que eram pra­ti­cadas em De­zembro de 2010, fica claro que o Go­verno, em 13 meses, pro­vocou um au­mento real dos preços dos trans­portes pú­blicos de entre 25 e 140 por cento, «atin­gindo par­ti­cu­lar­mente os preços mais baixos an­te­ri­or­mente exis­tentes».

 

Cortes e pri­va­ti­za­ções

 

Mas são também as re­du­ções de ser­viços e os cortes de car­reiras a jus­ti­ficar o pro­testo po­pular. Na marcha do pas­sado dia 1, Je­ró­nimo de Sousa va­lo­rizou a luta tra­vada por utentes e tra­ba­lha­dores, que terá im­pe­dido que «al­gumas das bar­ba­ri­dades pro­postas nos úl­timos meses» ti­vessem ido por di­ante. Mas o que está con­tinua a ser ina­cei­tável, acres­centou o di­ri­gente co­mu­nista, con­si­de­rando que os cortes pre­vistos sig­ni­ficam o «aban­dono das po­pu­la­ções e a im­po­sição do re­co­lher obri­ga­tório».

Na Área Me­tro­po­li­tana de Lisboa, para além das al­te­ra­ções à cir­cu­lação na CP, já em curso, des­taca-se pela sua gra­vi­dade a «im­por­tante re­dução» pre­vista das frequên­cias na li­gação flu­vial entre as duas mar­gens do Tejo, bem como a que está pro­posta para as redes do Metro e da Carris.

Je­ró­nimo de Sousa re­jeitou ainda os ar­gu­mentos evo­cados pelo Go­verno para jus­ti­ficar estas me­didas, sa­li­en­tando que o que está em causa é o «fa­vo­re­ci­mento dos grupos eco­nó­micos» e a pre­pa­ração das em­presas para a pri­va­ti­zação.

 

Ac­ções em todo o País

 

A ini­ci­a­tiva po­lí­tica do PCP em torno do au­mento do preços dos trans­portes pú­blicos e dos cortes nas car­reiras não se li­mitou à marcha da Baixa de Lisboa que contou com a par­ti­ci­pação de Je­ró­nimo de Sousa. Nesse mesmo dia, como também na vés­pera, os co­mu­nistas es­ti­veram na rua um pouco por todo o País a de­nun­ciar as in­ten­ções do Go­verno e a mo­bi­lizar para a luta.

No Porto, re­a­lizou-se no dia 1 de Fe­ve­reiro uma acção de con­tacto com os utentes do Metro na es­tação da Trin­dade, en­quanto que na Pe­nín­sula de Se­túbal se con­tactou os utentes nas es­ta­ções fer­ro­viá­rias do Pragal e de Alhos Ve­dros, na es­tação ro­do­viária de Se­túbal e no ter­minal de trans­portes do Bar­reiro, onde se cruzam utentes dos com­boios, barcos e au­to­carros. Também em Braga os co­mu­nistas de­nun­ci­aram junto dos utentes dos trans­portes pú­blicos a na­tu­reza da po­lí­tica do Go­verno para o sector.

Em Lisboa, no dia 31, de­correu nos Oli­vais uma acção de con­tacto com a po­pu­lação onde se va­lo­rizou a luta de­sen­vol­vida contra os cortes nas car­reiras 79, 21, 25, 28, 745 e 208, que obrigou o Go­verno a re­cuar e a manter estas car­reiras. No mesmo dia, no Largo de Sa­pa­dores e junto do Metro da Praça do Chile, os co­mu­nistas de­nun­ci­aram o corte de car­reiras da Carris, em par­ti­cular da 797, e o au­mento do preço dos trans­portes.



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