Estudantes mais endividados
Num comentário às notícias publicadas em alguns órgãos de comunicação social, dando conta de que 200 recém-licenciados devem já 1,4 milhões de euros aos bancos, o Secretariado da Direcção Central do Ensino Superior da JCP acusa os governos do PS e do PSD/CDS de tratar o ensino como uma «mercadoria» e os estudantes como «clientes».
40 mil jovens licenciados estão inscritos nos Centros de Emprego
Em nota de imprensa, a JCP refere mesmo que a «falta de emprego e de condições de vida» impede os estudantes, que entretanto já acabaram o seu curso, de pagar aquelas dívidas às instituições bancárias, o que já provocou o aumento, de 2,2 por cento (em Novembro) para 2,4 por cento (em Dezembro), da taxa de incumprimento. Aos que pediram crédito no ano lectivo 2008/2009, a mesma taxa ascendeu a mais de um por cento.
«Este é um modelo inconcebível para um justo e digno acesso a estes graus de ensino», referem os jovens comunistas, lembrando que em 2008, com a criação dos sistemas de empréstimos, acompanhado pelo brutal aumento do custo de frequência do Ensino Superior e com os muitos cortes na acção social escolar, com a criação de regulamentos de atribuição de bolsas de estudo mais injustos e distanciados da realidade económica dos jovens e das famílias, «os empréstimos foram para muitos estudantes a alternativa entre desistir e concluir o curso superior».
«Manter uma política de selecção económica para o Ensino Superior, gerando recém-licenciados endividados, é uma opção política contrária aos interesses da população portuguesa e dos jovens, um retrocesso para o desenvolvimento do País e um atropelo a um direito», acrescenta a JCP.
Respeitar os compromissos assumidos torna-se cada vez mais difícil, já que têm um prazo de 12 meses para iniciar o pagamento do empréstimo contraído, numa altura em que um em cada três jovens com menos de 25 anos está desempregado, e quando há um total de 40 mil jovens licenciados inscritos nos Centros de Emprego.
«O problema não é só o desemprego e a incapacidade de cumprir o empréstimo, não são só os juros e o valor final da dívida, o problema é também a perversidade que estes governos incutem no sistema de ensino, obrigando jovens com 17 e 18 anos a dirigirem-se a entidades bancárias para pagarem e se endividarem para ter acesso à educação», criticam os jovens comunistas, que sempre consideram que «os empréstimos nunca foram um real apoio aos estudantes e nunca puderam substituir a Acção Social Escolar (ASE), uma garantia do apoio do Estado», sendo os «empréstimos uma forma de endividamento».
Novas barreiras na progressão dos estudantes
No dia 17 de Fevereiro, a Organização do Ensino Secundário da JCP manifestou-se contra a obrigatoriedade imposta aos estudantes do Básico e do Secundário de realizarem todos os exames nacionais na primeira fase.
Uma medida imposta pelo Governo que visa reduzir despesas e determinar uma selecção mais apertada na entrada no Ensino Superior. «Sem dúvida que esta medida trará resultados ainda mais negativos nos exames nacionais, reforçando a barreira na progressão dos estudos, que se acentua quando os estudantes têm que pagar uma taxa por cada exame que tiverem que fazer na segunda fase», o que é «injusto e penalizador para os estudantes que não são das famílias mais ricas», referem, em nota de imprensa, os jovens comunistas, que não aceitam que «o ensino seja feito em função da preparação dos exames nacionais» e que «não se tenha em conta nem as condições sociais e económicas dos estudantes, nem o ritmo de aprendizagem de cada aluno».
«Utilizam os exames nacionais como barómetros de qualidade do ensino, sem querer ter em conta o real conhecimento adquirido. Reduzir a avaliação dos estudantes em duas horas, pelo que fazem em anos de trabalho, é injusto e só contribui para um ensino de memorização e não de aprendizagem e formação dos estudantes como indivíduos plenos e cidadãos preparados para contribuir para o desenvolvimento de que o País precisa», afirma a JCP, que contesta ainda as turmas sobrelotadas, a falta de professores, a falta de condições materiais das escolas, «agravada com os cortes orçamentais» de 2012, assim como da «situação económica e social das famílias».
PR foge a protestos de alunos
Cavaco Silva cancelou, no dia 16 de Fevereiro, uma visita à Escola Secundária Artística António Arroio, em Lisboa, sem explicações, quando ali decorria um protesto de estudantes que se queixavam de «falta de condições» do estabelecimento de ensino, designadamente, a falta de um refeitório e de impressoras.