Polícia britânica na via da privatização

No quadro do seu pro­grama de re­dução das des­pesas dos mi­nis­té­rios, de 15 a 25 por cento, e de eli­mi­nação de 300 mil fun­ci­o­ná­rios pú­blicos, o go­verno con­ser­vador-li­beral de David Ca­meron acaba de re­velar um plano de pri­va­ti­zação pro­gres­siva dos ser­viços de po­lícia.

De­pois de ter re­du­zido em 20 por cento o or­ça­mento da po­lícia e anun­ciado a re­dução de 34 mil agentes, o exe­cu­tivo de Lon­dres está a levar a cabo uma ex­pe­ri­ência pi­loto na re­gião de Mi­dlands Oci­den­tais, onde se situa Bir­mingham, a se­gunda ci­dade mais po­pu­losa do país (5,3 mi­lhões de ha­bi­tantes) a se­guir a Lon­dres, lan­çando um con­curso pú­blico para a pres­tação de di­versos ser­viços es­sen­ciais, até aqui da es­trita com­pe­tência das en­ti­dades po­li­ciais: «in­ves­ti­gação cri­minal, pa­tru­lha­mento de pro­xi­mi­dade e até de­tenção de sus­peitos».

O con­trato está ava­liado entre dois mil mi­lhões a quatro mil mi­lhões de euros e po­derá co­meçar em Abril do pró­ximo ano. Um plano si­milar está a ser pon­de­rado no con­dado de Surrey, nos ar­re­dores de Lon­dres. Se­gundo o su­pe­rin­ten­dente Phil Kay, ci­tado pelo Mor­ning Star (04.03), trata-se de «de­sen­volver laços mais es­treitos com o sector pri­vado», ape­lando «às or­ga­ni­za­ções ex­te­ri­ores» que ma­ni­festem o seu in­te­resse.

Os sin­di­catos vêm nesta prá­tica de «ex­ter­na­li­zação» e de «sub­con­tra­tação» um balão de en­saio para uma po­lí­tica na­ci­onal de pri­va­ti­zação da po­lícia, que en­tre­gará este sen­sível ser­viço pú­blico a em­presas pri­vadas gui­adas pelo lucro.

O sin­di­cato UNISON pro­moveu uma cam­panha contra um pro­cesso se­me­lhante no con­dado de Lin­colnshire (com um mi­lhão de ha­bi­tantes), onde foi fir­mado um con­trato no valor de 250 mi­lhões de euros com a em­presa de se­gu­rança G4S, que passou a gerir 500 agentes e todo o co­mis­sa­riado.

Entre as vá­rias pre­o­cu­pa­ções le­van­tadas pelo UNISON, des­taca-se a im­pu­ni­dade de que po­derão gozar estas em­presas pri­vadas, que fi­carão acima de qual­quer con­trolo de­mo­crá­tico: «Em caso de queixas sobre a ac­tu­ação da po­lícia, a po­pu­lação não po­derá re­clamar junto de uma co­missão pú­blica in­de­pen­dente», re­feriu ao mesmo jornal, Ben Pri­es­tley, di­ri­gente do UNISON.



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