Jovens insubmissos

Dando exem­plos do que é a agressão do pro­grama as­si­nado com a troika aos di­reitos da ju­ven­tude, Rita Rato falou dos mais de seis mil es­tu­dantes que já terão aban­do­nado o En­sino Su­pe­rior por falta de di­nheiro para pagar as pro­pinas, a ali­men­tação e o alo­ja­mento.

E contou que na vés­pera do de­bate, à porta da AR, onde de­sem­bo­cara uma ma­ni­fes­tação es­tu­dantil, uma jovem tomou a ini­ci­a­tiva de se lhe di­rigir para dizer o se­guinte: «a se­nhora de­pu­tada ima­gina a tris­teza de uma mãe que diz a um filho: vais ter de deixar o En­sino Su­pe­rior porque eu não tenho di­nheiro para con­ti­nuar a pagar? Pois foi o que a minha mãe me disse ontem».

Sem de­longas, foi este quadro, to­cante, que Rita Rato en­dossou ao mi­nistro Mi­guel Relvas, a quem per­guntou: «Ima­gina a tris­teza de uma mãe que diz isto a uma filha? Ima­gina o que é a cru­el­dade desta po­lí­tica que só em Fe­ve­reiro cortou 29,5 por cento em bolsas de es­tudo, isto de­pois de o an­te­rior go­verno já ter cor­tado a bolsa a 11 mil es­tu­dantes?»

Rita Rato as­si­nalou ainda que há es­tu­dantes a passar fome, uma vez que a «bolsa média não chega para al­moçar e jantar todos os dias na can­tina».

Quanto à re­a­li­dade dos jo­vens tra­ba­lha­dores, essa, «não é me­lhor», de­nun­ciou, como se com­prova pelos nú­meros do de­sem­prego, os quais, frisou, «são hoje os pi­ores desde o fas­cismo».

Chamou ainda a atenção para o facto de «mais de um terço dos jo­vens não tra­ba­lhar nem es­tudar, só em­po­brecer».

E, a ter­minar, citou a frase de um tra­ba­lhador da re­colha do lixo, de quem ouviu pa­la­vras sá­bias sobre o sig­ni­fi­cado da ac­tual ofen­siva contra os tra­ba­lha­dores e da ati­tude a ter: «O ataque é muito grande, sem pre­ce­dentes; mas se bai­xamos os braços, eles comem-nos vivos».

Uma sín­tese que re­flecte, afinal, as for­tís­simas ra­zões que jus­ti­fi­caram a greve geral.



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