Combustíveis nunca foram tão caros

PCP exige regulação de preços

Para o PCP, não há so­lução para o pro­blema do preço dos com­bus­tí­veis sem tocar nos lu­cros das em­presas pe­tro­lí­feras. Co­mu­nistas querem re­gu­lação de preços.

Em poucos anos, os com­bus­tí­veis au­men­taram mais de 75 por cento

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Numa con­fe­rência de im­prensa re­a­li­zada na se­gunda-feira, Vasco Car­doso, da Co­missão Po­lí­tica, lem­brou que, no caso dos com­bus­tí­veis, Por­tugal tem dos preços mais altos antes de im­postos do con­junto dos países da União Eu­ro­peia. Para o di­ri­gente co­mu­nista, por mais que­bras e va­ri­a­ções que existam nos preços, estas são a «ex­cepção que ca­rac­te­riza um per­curso de sen­tido único no brutal agra­va­mento dos preços». Assim, e só desde o início deste ano, o ga­sóleo subiu 6,7 por cento, en­quanto que a ga­so­lina 95 au­mentou 11 por cento. No seu con­junto, os com­bus­tí­veis lí­quidos «su­biram em média nestes úl­timos três meses nove por cento».

Vasco Car­doso re­cordou ainda que o povo por­tu­guês e a pró­pria ac­ti­vi­dade eco­nó­mica estão su­jeitos, desde 2003 – com a pri­va­ti­zação da GALP e de­pois com a li­be­ra­li­zação do preço dos com­bus­tí­veis –, ao «con­tínuo agra­va­mento dos preços». Em poucos anos, as­sistiu-se a um au­mento de mais de 75 por cento, no que cons­ti­tuiu um factor de­ci­sivo para a «perda de com­pe­ti­ti­vi­dade de muitas em­presas». A vida con­firmou, assim, como era falso o ar­gu­mento de que a li­be­ra­li­zação traria a baixa de preços, afirmou o membro da Co­missão Po­lí­tica, aler­tando ainda para a in­tenção do Go­verno de se­guir o mesmo ca­minho na energia eléc­trica.

«Não se julgue que é apenas no sis­tema elec­tro­pro­dutor que existem as ditas rendas, como o re­cente epi­sódio da de­missão do Se­cre­tário de Es­tado da Energia veio dar vi­si­bi­li­dade», afirmou Vasco Car­doso. Essas rendas existem também no ne­gócio dos com­bus­tí­veis lí­quidos, do­mi­nado pelos grupos mo­no­po­listas. Estas rendas «ga­rantem e tornam ab­so­lu­ta­mente in­to­cável e cons­tante o es­can­da­loso lucro das em­presas pe­tro­lí­feras como a REPSOL, a BP, ou a GALP, que só no ano de 2011 al­cançou quase 500 mi­lhões de euros de lu­cros».

 

Tocar nos lu­cros

 

Na con­fe­rência de im­prensa, o PCP adi­antou al­gumas das pro­postas que le­vará à vo­tação na As­sem­bleia da Re­pú­blica para ga­rantir que Por­tugal terá energia mais ba­rata. A pri­meira delas é a rein­tro­dução, ainda no pri­meiro se­mestre deste ano, de um sis­tema de re­gu­lação dos preços (na elec­tri­ci­dade, no gás na­tural e nos com­bus­tí­veis) por via do es­ta­be­le­ci­mento de um me­ca­nismo de preços má­ximos com­pa­tível com a vi­a­bi­li­dade eco­nó­mica das em­presas.

Os co­mu­nistas de­fendem ainda a con­cre­ti­zação, num es­paço de seis meses, de uma rede de com­bus­tí­veis de baixo-custo e do ga­sóleo pro­fis­si­onal para os trans­portes co­lec­tivos ro­do­viá­rios de pas­sa­geiros, com ex­tensão para os sub­sec­tores do táxi, re­bo­ques e pe­quena ca­mi­o­nagem de mer­ca­do­rias, no caso das em­presas até 10 tra­ba­lha­dores. A ac­tu­a­li­zação dos va­lores de bo­ni­fi­cação no apoio ao ga­sóleo de ac­ti­vi­dades pro­du­tivas como a agri­cul­tura e as pescas e a cri­ação de bo­ni­fi­ca­ções na ga­so­lina para as pescas são ou­tras das me­didas pro­postas pelo PCP. A eli­mi­nação das «rendas ex­ces­sivas» do sis­tema elec­tro­pro­dutor (EDP, Iber­drola, In­desa) é também ob­jec­tivo do PCP.

Vasco Car­doso acusou o Go­verno de não só não querer «afrontar os in­te­resses das em­presas pe­tro­lí­feras» como de se com­portar como um agente «ao ser­viço dos seus in­te­resses». Para o PCP, «ou se in­tervém para de­fender a conta ban­cária de ca­pi­ta­listas como Amé­rico Amorim – um dos prin­ci­pais ac­ci­o­nistas da GALP – ou se tomam me­didas ur­gentes, ca­pazes de num curto es­paço de tempo in­verter este pro­blema». Os co­mu­nistas es­co­lheram o seu lado.



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