Impasse político na Grécia

A caminho de novas eleições

O fracasso das tentativas dos três partidos mais votados para formar governo na Grécia aponta com grande probabilidade para a realização de novas eleições, num quadro de rearrumação do quadro partidário grego.

Oportunidade para o povo fortalecer o KKE

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A derrocada dos dois grandes partidos (PASOK e ND), que governaram o país nas últimas décadas, e a emergência da coligação da esquerda radical (Syriza) como segunda força política traduziram a vontade da esmagadora maioria do povo grego de pôr fim às políticas ruinosas de austeridade.

Contudo, como sublinhou, no domingo, 13, a secretária-geral do Partido Comunista da Grécia (KKE), Aleka Papariga, «seja qual for o governo que saia antes ou após as eleições – e na nossa opinião estamos a encaminhar-nos para eleições – não abolirá o memorando ou o acordo de empréstimo e nem tão pouco erradicará as suas consequências».

E de modo a clarificar a verdadeira posição das forças políticas que se dizem antimemorando, os comunistas já anunciaram que vão apresentar no parlamento um projecto de lei, que «colocará de modo muito específico a abolição e derrube do acordo de empréstimo e do memorando».

A actual conjuntura, considerou ainda a dirigente comunista, representa uma oportunidade para o povo: «Esta oportunidade consiste em fortalecer o KKE, fazer frente conjunta nas lutas, de modo a que possamos rejeitar as medidas e lutar para melhorar a situação.»

 

Romper com os monopólios

 

Na realidade, como salienta o comunicado do CC do KKE sobre as eleições de dia 6, «apesar do declínio espectacular da ND e do PASOK, o resultado das eleições não constitui uma nova era na correlação das forças entre o povo e os monopólios, uma viragem ou uma "revolução pacífica" como tem sido dito».

Para os comunistas, a «principal característica» da actual situação «é a recomposição da social-democracia com as forças do Syriza inicialmente como seu núcleo. O poder dos monopólios necessita do sistema político burguês renovado, e possivelmente com a criação de novos partidos, para proporcionar as respectivas alianças e governos de coligação. Esta possibilidade de tentar a renovação do sistema assenta no facto de que as forças do "caminho único UE", as forças que servem os interesses do capital, do sistema capitalista, não foram reduzidas em termos da sua votação geral.»

Nestas forças «do caminho único UE» inclui-se a coligação Syriza, à qual o CC do KKE imputa «enormes responsabilidades» «pelas mentiras desavergonhadas que propalou antes e durante o período eleitoral, pelas ilusões que promoveu e promove de que pode haver uma situação melhor para o povo sem uma confrontação com os monopólios, com as uniões imperialistas».

A análise do CC do KKE assinala ainda que «nas condições da crise económica capitalista, que tanto tem agravado a pobreza relativa como absoluta do povo, coexistem dois elementos: o movimento pode avançar, mas também pode retrair-se temporariamente». Isto porque os estratos pequeno-burgueses, ou sob a sua influência ideológica, que subitamente perderam o seu rendimento, apesar de estarem descontentes, «não querem perder tudo e ainda são hostis à mudança radical porque acreditam na sua sobrevivência continuada».

No entanto, o KKE considera que há possibilidades de que «a luta de classes se agudize e que o movimento possa reforçar-se». Os comunistas gregos encaram assim o futuro com «esperança e uma perspectiva positiva.»



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