IX Assembleia da Organização Regional de Santarém

Organizar, resistir, lutar

Sempre «com os tra­ba­lha­dores e o povo», re­a­lizou-se em Al­pi­arça, no do­mingo, a IX As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de San­tarém do PCP, que contou com a pre­sença do Se­cre­tário-geral, Je­ró­nimo de Sousa.

O re­forço do PCP é de uma grande e de­ci­siva im­por­tância

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Du­rante todo o dia, no Au­di­tório de «Os Águias» de Al­pi­arça, os cerca de 200 de­le­gados, vindos dos 21 con­ce­lhos da­quele dis­trito, de­ba­teram o ac­tual quadro po­lí­tico, as con­sequên­cias de 36 anos da po­lí­tica de di­reita na vida dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, o de­sen­vol­vi­mento, in­ten­si­fi­cação e di­ver­si­fi­cação da luta de massas, e de­ci­diram um con­junto de me­didas e ori­en­ta­ções de tra­balho para o fu­turo.

Oc­távio Au­gusto, da Co­missão Po­lí­tica e res­pon­sável pela Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de San­tarém do PCP, abriu os tra­ba­lhos fa­zendo um re­trato do dis­trito, que é também ví­tima de dé­cadas de po­lí­tica de di­reita.

Falou, por exemplo, da «des­truição do que ainda resta do apa­relho pro­du­tivo», da agri­cul­tura, que «atra­vessa uma pro­funda crise de ins­ta­bi­li­dade», da de­ser­ti­fi­cação dos cen­tros ur­banos, «com o en­cer­ra­mento de cen­tenas de es­ta­be­le­ci­mentos co­mer­ciais e de ser­viços», do de­sem­prego que «atinge ní­veis his­tó­ricos», da pre­ca­ri­e­dade que se ge­ne­ra­liza «a todas as ac­ti­vi­dades», da au­sência de saídas pro­fis­si­o­nais que «ace­lera ainda mais a fuga das jo­vens ge­ra­ções do in­te­rior do dis­trito», do «en­ve­lhe­ci­mento da po­pu­lação» e do «des­po­vo­a­mento que atingem ín­dices pre­o­cu­pantes».

Mas as crí­ticas não se fi­caram por aqui, res­pon­sa­bi­li­zando o PS, o PSD e o CDS pela «con­su­mação da des­truição de ser­viços pú­blicos». «En­cer­raram de­zenas de ex­ten­sões de saúde e em muitas ou­tras li­mi­taram os seus ho­rá­rios de fun­ci­o­na­mento e os ser­viços pres­tados», cri­ticou Oc­távio Au­gusto, lem­brando que «faltam mé­dicos, en­fer­meiros, téc­nicos e ma­te­rial», que «as far­má­cias lo­ca­li­zadas nas al­deias trans­fe­riram-se para os prin­ci­pais cen­tros ur­banos» e que «muitas juntas de fre­guesia pro­curam mi­norar as di­fi­cul­dades no acesso a re­ceitas mé­dicas, a tra­ta­mentos e trans­portes».

«Os cortes cegos na des­pesa com os hos­pi­tais e cen­tros de saúde estão a ter con­sequên­cias dra­má­ticas para os utentes», acres­centou, con­de­nando a cha­mada re­or­ga­ni­zação do Centro Hos­pi­talar do Médio Tejo, que veio «des­man­telar e des­lo­ca­lizar ser­viços exis­tentes e acen­tuar ainda mais as di­fi­cul­dades de acesso dos utentes aos cui­dados de saúde».

 

Vaga de en­cer­ra­mentos

 

Du­rante os úl­timos anos, o dis­trito de San­tarém as­sistiu ainda ao en­cer­ra­mento «de ser­viços da Se­gu­rança So­cial» e de 80 es­ta­be­le­ci­mentos de en­sino, es­tando pre­vistos muitos ou­tros no final do ano lec­tivo. «A po­lí­tica de cri­ação de mega-agru­pa­mentos re­pre­senta uma nova etapa na des­truição da es­cola pú­blica e pro­move o des­pe­di­mento em massa de pro­fes­sores e fun­ci­o­ná­rios», re­feriu o di­ri­gente co­mu­nista, in­for­mando, por outro lado, que «está em curso» o «en­cer­ra­mento, pri­va­ti­zação ou con­cessão às juntas de fre­guesia e a en­ti­dades pri­vadas, dos postos de cor­reio», assim como o en­cer­ra­mento dos tri­bu­nais de Al­ca­nena, Mação, Fer­reira do Zê­zere e Go­legã e das re­par­ti­ções de fi­nanças de nove con­ce­lhos.

Na rede de trans­portes pú­blicos a si­tu­ação não é di­fe­rente, as­sis­tindo-se a su­ces­sivos cortes de car­reiras de trans­portes ro­do­viá­rios, a que se junta as al­te­ra­ções de ho­rá­rios e o en­cer­ra­mento de vias fér­reas.

Sobre as re­centes me­didas de ataque à au­to­nomia do Poder Local, Oc­távio Au­gusto cri­ticou a Lei dos Com­pro­missos, o acordo subs­crito entre a As­so­ci­ação de Mu­ni­cí­pios e o Go­verno e a in­tenção de ex­tin­guir cen­tenas de fre­gue­sias «para, mais tarde, tra­tarem de ex­tin­guir con­ce­lhos». «O PCP, através da pro­posta e da de­núncia dos pro­blemas, tem sido a única força po­lí­tica que rema contra a cor­rente e que em todo o lado se bate em de­fesa dos in­te­resses do povo e da re­gião», va­lo­rizou.

 

PCP está mais forte

 

Oc­távio Au­gusto in­formou os de­le­gados que «no dis­trito, o Par­tido está mais forte», mas «sub­sistem di­fi­cul­dades e in­su­fi­ci­ên­cias que, es­tando longe de es­tarem ul­tra­pas­sadas, devem me­recer par­ti­cular atenção nos pró­ximos tempos». «Con­tamos com 2460 mi­li­tantes dis­tri­buídos por todos os con­ce­lhos do dis­trito, em­bora se man­tenha uma si­tu­ação muito di­fe­rente de con­celho para con­celho, quer no que res­peita ao nú­mero de efec­tivos, quer quanto à es­tru­tu­ração or­gâ­nica», pre­cisou, dando conta de que entre De­zembro de 2008 e Maio de 2012 «ins­cre­veram-se no Par­tido 191 novos ca­ma­radas», e destes «39 ins­cre­veram-se este ano».

Quase a ter­minar, o di­ri­gente co­mu­nista falou da pro­posta da nova Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de San­tarém (DORSA), que mais tarde foi apro­vada por mai­oria, que re­pre­senta «um novo e au­da­cioso pro­gresso na re­no­vação e re­ju­ve­nes­ci­mento da DORSA, ao mesmo tempo que este or­ga­nismo é re­for­çado em qua­dros li­gados às em­presas e ao mo­vi­mento sin­dical, ao mo­vi­mento as­so­ci­a­tivo e às co­mis­sões de utentes».

Dela fazem agora parte An­tónio Car­dador, An­tónio Fer­reira, An­tónio Santos, Au­gusto Fi­guei­redo, Au­gusto José Mar­ques, Carlos Cou­tinho, Ana Tomé, Clara Pisco, Do­mingos David, Fe­lis­bela Ca­çador, Fer­nando Pina, Hen­rique Ri­cardo, João Ri­cardo, João Osório, João Queiroz, Jo­a­quim Fer­reira, José No­gueira, José Jorge, José Lopes, Júlia Amorim, Li­liana de Sousa, Lily Gui­lherme, Lúcia Gon­çalves, Ma­nuel Mar­tins, Ma­nuel Eliseu, Marco Vi­eira, Maria Du­arte, Mar­ga­rida Poeta, Mário Pe­reira, Nuno Gue­delha, Nuno Sousa, Paulo Ma­cedo, Pedro Silva, Raul Fi­guei­redo, Ro­drigo Ro­dri­gues, Rui Al­deano, Rui Afei­teira, Rui Cruz, Rui Gal­veias, Sérgio Ri­beiro, Tiago Pe­reira, Telma Jorge e Valter Fer­reira.

 

Je­ró­nimo de Sousa
Par­tido por­tador de um pro­jecto de fu­turo

 

Je­ró­nimo de Sousa, a en­cerrar os tra­ba­lhos, no agra­dável Largo de «Os Águias», apesar do calor que ainda se fazia sentir, falou da ne­ces­si­dade de con­ti­nuar a pre­parar «com a má­xima atenção» o XIX Con­gresso do Par­tido, «ao mesmo tempo que pre­ci­samos de dar res­posta aos múl­ti­plos pro­blemas que uma si­tu­ação po­lí­tica exi­gente como a que vi­vemos nos está a co­locar».

Neste sen­tido, des­tacou, «o re­forço do PCP é, neste quadro em que lu­tamos, de uma grande e de­ci­siva im­por­tância», como ficou bem pa­tente na IX As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de San­tarém. «Todos temos cons­ci­ência da im­por­tância e da ne­ces­si­dade no plano da res­pon­sa­bi­li­zação e as­sumpção de res­pon­sa­bi­li­dades por mais qua­dros e da ne­ces­si­dade de avançar no re­cru­ta­mento de novos mi­li­tantes, par­ti­cu­lar­mente jo­vens, con­cre­ti­zando, desde já, a meta de­fi­nida de 150 novos ca­ma­radas até ao final do ano», afirmou o Se­cre­tário-geral do PCP, sem es­quecer a re­so­lução do pro­blema «do ele­vado nú­mero de mi­li­tantes com ficha por ac­tu­a­lizar» e do «for­ta­le­ci­mento da or­ga­ni­zação e in­ter­venção junto da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores, nas em­presas e lo­cais de tra­balho, uma di­recção de tra­balho pri­o­ri­tária».

Na sua in­ter­venção, focou ainda a «im­por­tância e a ne­ces­si­dade» de «dar mais força e atenção à di­na­mi­zação das or­ga­ni­za­ções de base, à li­gação aos tra­ba­lha­dores e às massas po­pu­lares, ao tra­balho junto das classes e ca­madas so­ciais an­ti­mo­no­po­listas», assim como do «tra­balho junto da ju­ven­tude, em ar­ti­cu­lação com a JCP, no res­peito pela sua au­to­nomia».

A somar a estas, junta-se a «im­por­tância de ter um Par­tido mais ac­tivo com uma in­ter­venção mais in­tensa na ba­talha ide­o­ló­gica», a «in­ten­si­fi­cação da pro­pa­ganda e da di­vul­gação da im­prensa do Par­tido» e «mais em­pe­nha­mento no tra­balho de re­colha de fundos, apesar dos avanços po­si­tivos já con­se­guidos».

«Um Par­tido mais forte, pre­pa­rado para as grandes ta­refas que se lhe co­locam e que, sabe a or­ga­ni­zação par­ti­dária, é a chave para o re­forço da nossa in­ter­venção e da nossa in­fluência so­cial e po­lí­tica», pre­cisou Je­ró­nimo de Sousa, que, na mesa da As­sem­bleia de Or­ga­ni­zação, se fez acom­pa­nhar pelos mem­bros do Exe­cu­tivo da DORSA e por Oc­távio Au­gusto, da Co­missão Po­lí­tica, Ma­nuel Pinto Ângelo, do Se­cre­ta­riado, Ma­rília Vi­la­verde Ca­bral, da Co­missão Cen­tral de Con­trolo, An­tónio Fi­lipe, do Co­mité Cen­tral e de­pu­tado na As­sem­bleia da Re­pú­blica, e Carlos Ramos, da Co­missão Po­lí­tica da JCP.

 

Pro­postas para o dis­trito

 

  • Apro­vei­ta­mento do po­ten­cial do Vale do Tejo nas ac­ti­vi­dades de agri­cul­tura, pe­cuária, sil­vi­cul­tura e pis­ci­cul­tura;

  • Re­forço do papel da Com­pa­nhia das Le­zí­rias;

  • Apoio das ac­ti­vi­dades eco­nó­micas tra­di­ci­o­nais e dos pa­tri­mó­nios cul­tural, am­bi­ental, lazer, ar­qui­tec­tó­nico e gas­tro­nó­mico;

  • Apostar no am­bi­ente como factor de ino­vação;

  • Ma­nu­tenção da CP, da REFER e da EMEF como em­presas pú­blicas;

  • In­ves­ti­mento nas ac­ti­vi­dades de ma­nu­tenção, re­pa­ração, cons­trução, ino­vação nos ma­te­riais de trans­portes fer­ro­viá­rios e ro­do­viá­rios, de­fen­dendo a pro­dução na­ci­onal, re­cu­pe­rando o po­ten­cial das ofi­cinas da EMEF no En­tron­ca­mento;

  • Apoio às micro e às pe­quenas e mé­dias em­presas;

  • Apoio e es­tí­mulo às ac­ti­vi­dades co­o­pe­ra­tivas;

  • Or­ga­ni­zação e dis­tri­buição do po­ten­cial lo­gís­tico, tendo em atenção a pro­xi­mi­dade a Lisboa e a sua lo­ca­li­zação no eixo in­ter­na­ci­onal.



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