Voz do Operário acolhe homenagem ao General Vasco Gonçalves

«Vasco, nome de Abril»

A As­so­ci­ação Con­quistas da Re­vo­lução pro­moveu, sá­bado, na Voz do Ope­rário, em Lisboa, uma ini­ci­a­tiva de ho­me­nagem ao Ge­neral Vasco Gon­çalves, na pas­sagem do sé­timo ani­ver­sário da sua morte. Para este grupo de ci­da­dãos, civis e mi­li­tares, amantes da li­ber­dade e da de­mo­cracia, este é o mo­mento opor­tuno para re­flectir sobre a fi­gura ímpar do Ge­neral Vasco Gon­çalves, a sua di­mensão ética, moral e po­lí­tica, o seu exemplo de de­di­cação ao País e aos por­tu­gueses, a sua sim­pli­ci­dade e trans­pa­rência e so­bre­tudo a sua luta por uma so­ci­e­dade mais justa e mais fra­terna.

Só lu­tando ven­ce­remos, cum­prindo o sonho do Ge­neral Vasco Gon­çalves

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«Re­cor­demos o homem ín­tegro, o ci­dadão ex­cep­ci­onal, o mi­litar co­ra­joso e o po­lí­tico to­tal­mente de­di­cado à causa dos tra­ba­lha­dores e dos mais des­fa­vo­re­cidos», lê-se numa bro­chura feita pela As­so­ci­ação Con­quistas da Re­vo­lução e dis­tri­buída na ho­me­nagem, onde se re­corda al­guns mo­mentos da vida da Ge­neral Vasco Gon­çalves, como o ani­ver­sário da Na­ci­o­na­li­zação das Minas de Al­jus­trel ou uma vi­sita à UCP 1.º de Maio, em Avis. «As­pi­ramos evi­den­te­mente a uma re­forma agrária, in­te­grada no con­junto do pro­cesso. Não pre­ten­demos con­tudo impor essa re­forma pela força. Pen­samos levar aos pe­quenos agri­cul­tores as ideias do co­o­pe­ra­ti­vismo, da ren­ta­bi­li­dade das em­presas, do pro­cesso eco­nó­mico e so­cial», lê-se no do­cu­mento, que cita uma en­tre­vista de Vasco Gon­çalves à re­vista es­pa­nhola Cambio 16, do dia 31 de Março de 1975.

Ilus­trado por car­tazes e fo­to­gra­fias, no fo­lheto des­taca-se ainda um outro ar­tigo, desta vez ao Jornal de No­ti­cias (15 de Março de 1975), sobre as na­ci­o­na­li­za­ções – tema en­tre­tanto abor­dado, na sessão de 30 de Junho de 2012, por Ar­mando Fa­rias, membro da Co­missão Na­ci­onal da CGTP-IN, e Ma­nuel Be­gonha, pre­si­dente da As­so­ci­ação Con­quistas da Re­vo­lução, que re­cordou as pa­la­vras de Vasco Gon­çalves, du­rante a pre­pa­ração dos pro­gramas de me­didas eco­nó­micas de emer­gência nos go­vernos pro­vi­só­rios (II a V), pós 25 de Abril de 1974. «De­verão ser com­ple­tados os passos já dados no sen­tido da na­ci­o­na­li­zação dos sec­tores bá­sicos da ac­ti­vi­dade eco­nó­mica (in­dús­tria, trans­portes e co­mu­ni­ca­ções) e ainda ga­rantir a in­de­pen­dência na­ci­onal para um so­ci­a­lismo ver­da­dei­ra­mente por­tu­guês, evi­tando si­tu­a­ções ex­tremas de crise eco­nó­mica, que nos co­lo­quem em re­for­çadas e de­li­cadas de­pen­dên­cias ex­ternas», disse, na al­tura, o «Com­pa­nheiro Vasco», como ca­ri­nho­sa­mente o povo tra­tava o Ge­neral.

Re­por­tando-se para a ac­tu­a­li­dade, Ma­nuel Be­gonha alertou para a ne­ces­si­dade de «des­mas­carar e des­mis­ti­ficar estes de­mo­cratas de úl­tima hora que pre­tendem go­vernar-nos, sem que ja­mais sejam ca­pazes de en­frentar os de­ten­tores do ca­pital, não só porque se julgam da mesma classe so­cial, mas também porque o seu sen­tido de servir o País tem por ob­jec­tivo virem a ser seus as­sa­la­ri­ados».

«É então claro es­tarmos a ser ob­jecto de de­ci­sões de ca­rácter ide­o­ló­gico, pro­ve­ni­entes dos que do­minam a co­mu­ni­dade eu­ro­peia», con­denou, lem­brando que «os re­cursos pro­ve­ni­entes desta Eu­ropa não se des­tinam a criar ri­queza, a di­mi­nuir o de­sem­prego, a me­lhorar a pres­tação dos ser­viços de saúde, a es­tancar a emi­gração ou de­volver os sub­sí­dios so­ne­gados aos fun­ci­o­ná­rios pú­blicos e re­for­mados», mas sim «a per­pe­tuar os ricos, sa­tis­fazer os mo­no­pó­lios e as­se­gurar o apoio dos lob­bies».

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Re­forma Agrária

A sessão contou ainda com a in­ter­venção de An­tónio Ger­vásio, des­ta­cado re­sis­tente an­ti­fas­cista e mi­li­tante co­mu­nista, a quem coube falar sobre a Re­forma Agrária, que, se­gundo ele, foi a «re­a­li­zação de­mo­crá­tica mais pro­funda e mais avan­çada da Re­vo­lução de Abril, aquela que mais mexeu com a vida dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês» e que Vasco Gon­çalves «viveu com paixão e in­tenso en­tu­si­asmo».

«O avanço rá­pido e or­ga­ni­zado, o cres­cente apoio e so­li­da­ri­e­dade à Re­forma Agrária, os seus rá­pidos su­cessos, as­sus­taram as forças da contra-re­vo­lução. O golpe de di­reita do 25 de No­vembro al­terou a cor­re­lação de forças po­lí­ticas e mi­li­tares a favor da di­reita. Travou o avanço da Re­vo­lução, criou con­di­ções para a des­truição da Re­forma Agrária e de ou­tras con­quistas de Abril», enu­merou An­tónio Ger­vásio, que acusou o pri­meiro Go­verno Cons­ti­tu­ci­onal (PS/​Mário So­ares), de «ini­ciar a ofen­siva des­trui­dora».



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Algumas notas sobre o óbvio

Es­cla­recer o óbvio é uma ne­ces­si­dade sempre pre­sente no com­bate ide­o­ló­gico contra os nossos ad­ver­sá­rios e, so­bre­tudo, o ini­migo de classe. Essa ta­refa as­sume na ac­tu­a­li­dade um ca­rácter re­vo­lu­ci­o­nário porque o ca­pital usa todas as armas ao seu dispor para con­fundir e ma­ni­pular as cons­ci­ên­cias. A co­mu­ni­cação so­cial nos nossos dias re­produz como nunca a ide­o­logia do­mi­nante. Seja na TV, na rádio ou nos jor­nais.