Contra a política que conduz o País ao desastre

Clamor popular de lés a lés

O PCP con­si­dera que o Go­verno so­freu uma pe­sada der­rota ao ser obri­gado a re­cuar na questão da TSU mas ad­verte que «novas me­didas se anun­ciam para fazer pagar os mesmos de sempre».

Go­verno tem na manga novo roubo dos sa­lá­rios e pen­sões

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«A de­sis­tência das al­te­ra­ções à TSU não sig­ni­fica que o Go­verno tenha de­sis­tido de fazer en­trar pela ja­nela o que não con­se­guiu fazer en­trar pela porta», as­si­nalou na pas­sada se­mana o de­pu­tado co­mu­nista An­tónio Fi­lipe em de­cla­ração po­lí­tica no de­curso da qual acusou o Exe­cu­tivo PSD/​CDS-PP de ter na calha um novo roubo dos sa­lá­rios e pen­sões, a par de um agra­va­mento da carga fiscal sobre os ren­di­mentos do tra­balho.

O es­bulho pode en­tre­tanto não ficar por aqui, avisou, uma vez que «quando se trata de ir aos bolsos dos por­tu­gueses a ima­gi­nação do Go­verno su­pera a dos mais há­beis car­tei­ristas».

O de­pu­tado do PCP mos­trou-se aliás con­victo de que o Go­verno tem em curso «não um pro­grama para con­duzir à re­cu­pe­ração do País» mas sim para con­cre­tizar o «saque dos ren­di­mentos do tra­balho e do pa­tri­mónio na­ci­onal a favor do grande ca­pital na­ci­onal e trans­na­ci­onal».

Povo está farto

Na de­cla­ração po­lí­tica pro­fe­rida em nome da sua ban­cada An­tónio Fi­lipe afirmou ainda que é hoje uma evi­dência para a «es­ma­ga­dora mai­oria dos por­tu­gueses» o «cla­mo­roso fra­casso do pacto de agressão na­ci­onal acor­dado entre as troikas» e con­si­derou que a «onda gi­gan­tesca de pro­testo que per­corre todo o País», as­su­mindo múl­ti­plas ex­pres­sões, é a com­pro­vação de que «o povo já não está dis­posto a su­portar mais esta po­lí­tica e o Go­verno que a exe­cuta».

Uma po­lí­tica que «em nome do com­bate ao dé­fice das contas pú­blicas e ao en­di­vi­da­mento do País», lem­brou, pro­cede ao roubo de sa­lá­rios e pen­sões, au­menta a carga fiscal sobre o tra­balho, as pe­quenas em­presas e o con­sumo de bens es­sen­ciais, in­ten­si­fica a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, li­be­ra­liza os des­pe­di­mentos, aliena pa­tri­mónio e so­be­rania, ataca o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde (SNS), de­te­riora a es­cola pú­blica e eli­tiza o en­sino, reduz apoios so­ciais, «lança mi­lhares de por­tu­gueses na mi­séria e no de­ses­pero».

Que­brar o jugo

Do quadro de pro­funda re­cessão em que está o País em con­sequência do pacto de agressão falou ainda An­tónio Fi­lipe para su­bli­nhar os ní­veis de de­sem­prego «nunca vistos», a po­breza que alastra, as fa­lên­cias e in­sol­vên­cias de pe­quenas e mé­dias em­presas que não páram.

E no en­tanto, ob­servou, «a re­ceita fiscal cai a pique, au­menta a dí­vida ex­terna, e au­menta o dé­fice das contas pú­blicas».

Por isso, con­cluiu, a opção que está hoje co­lo­cada aos por­tu­gueses é «entre aceitar o jugo da troika ou lutar por uma vida digna».

Não deixa en­tre­tanto de ser sig­ni­fi­ca­tivo que pe­rante as afir­ma­ções e acu­sa­ções pro­fe­ridas ne­nhum de­pu­tado das ban­cadas do PSD ou do CDS tenha vindo à liça em de­fesa do seu Go­verno. Um «rui­doso si­lêncio» que não passou sem o re­paro de An­tónio Fi­lipe, que o in­ter­pretou como in­dis­so­ciável do «enorme clamor contra a po­lí­tica do Go­verno» e da «in­sa­tis­fação e re­púdio po­pular» pelas suas me­didas.





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