O silêncio dos não inocentes

O líder par­la­mentar do PCP rei­terou faz hoje oito dias em ple­nário a con­vicção de que o Go­verno, após o recuo a que se viu for­çado na Taxa So­cial Única (TSU), vai tirar «aos mesmo do cos­tume». «Se não rouba do bolso di­reito rouba do bolso es­querdo mas a pro­ve­ni­ência é exac­ta­mente a mesma», as­se­gurou, ao in­ter­pelar o de­pu­tado Luís Fa­zenda (BE) que mo­mentos antes de­sa­fiara os par­tidos da mai­oria a es­cla­recer quais as me­didas que o Go­verno adop­tará neste ca­pí­tulo.

Ber­nar­dino So­ares não deixou de re­alçar, por outro lado, o mu­tismo das ban­cadas do PSD e do CDS-PP pe­rante as duras crí­ticas ao Go­verno pre­sentes quer nesta de­cla­ração po­lí­tica do BE quer na pro­fe­rida na vés­pera pelo PCP (ver peça ao lado).

Uma ati­tude que in­ter­pretou não como um «sinal de so­bran­ceria ou de qual­quer ar­ro­gância» mas como «um sinal de fra­queza».

«É um sinal de uma mai­oria em que nin­guém pede a pa­lavra para de­fender o Go­verno dos ata­ques dos par­tidos da opo­sição, que con­se­quen­te­mente têm de­nun­ciado a gra­vi­dade desta po­lí­tica», sin­te­tizou o pre­si­dente da for­mação co­mu­nista, para quem, acres­centou, este «não é um si­lêncio de ino­centes, é um si­lêncio de cul­pados pela si­tu­ação em que es­tamos e que não querem agora dar a cara para de­fender o ca­minho para onde nos querem levar».

Ber­nar­dino So­ares fez igual­mente notar que pese em­bora o des­co­nhe­ci­mento sobre o «me­ca­nismo» a adoptar para ex­tor­quir di­nheiro ao povo, uma coisa é já certa: «o País vai ter de or­ça­mentar dois mil mi­lhões de euros para trans­ferir para o me­ca­nismo eu­ropeu de es­ta­bi­li­zação». Essa foi uma in­for­mação do Go­verno tor­nada pú­blica nesse mesmo dia e que não sur­pre­endeu o de­pu­tado do PCP, dado que só con­firma que «afinal há di­nheiro para al­gumas coisas» e que este, pro­va­vel­mente, é «di­nheiro que vai ser re­ti­rado dos sa­lá­rios e das re­formas dos tra­ba­lha­dores».



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