Vêm de perto, de longe…
Vêm de perto, de longe
e não têm nada de seu,
excepto as mãos,
a inteligência do mundo
e uma voz que se eleva
do chão dos dias cinzentos,
do amargor antigo da pobreza
e da renúncia,
a dizer Basta!,
a dizer Fora!
O sol que os recebe na praça dos ladrões
não lhes foi roubado ainda
– como foram o pão e o trabalho,
a saúde e a educação –
e por isso à praça chamam,
agora, o Terreiro do Povo.
Vêm de perto, de longe,
estão a vir de todo o lado
e de seu não têm nada,
excepto as mãos, a razão,
a unidade sindical.
E é por isso que o clamor
da compacta multidão
faz tremer os altos muros
a cuja sombra se acoitam
os que traem, traem sempre
e esbulham o seu povo.
29 de Setembro de 2012
João Pedro Mésseder