Os «Borgeas»

Jorge Cordeiro

António Borges é o espelho dos muitos que, em nome dos interesses do grande capital ao serviço dos quais agem, saqueiam os rendimentos dos trabalhadores, arruínam a vida de milhões de portugueses, saqueiam os recursos nacionais, entregam o País ao estrangeiro.

Dir-se-á que aquilo que Borges revela ser, é tão só a expressão visível do que lhe mandam ser: por detrás do putativo conselheiro para as privatizações, aparentemente designado pelo primeiro-ministro, mora de facto o homem de mão do FMI aqui colocado para assegurar a segura condução da criminosa alienação de empresas e sectores estratégicos nacionais; por detrás daquela desprezível concepção esclavagista que idealizaria poder repor está alguém a mando dos que no País e fora dele pretendem impor um programa de exploração do trabalho, de retrocesso civilizacional e de liquidação de direitos; por detrás daquela arrogância com que insulta os que se atravessam à frente de si e dos interesses que representa está apenas a face mais boçal do indisfarçável autoritarismo da natureza reaccionária e antidemocrática do capital monopolista e do seu projecto de domação; por detrás da desprezível ligeireza com que teoriza sobre a necessária redução dos míseros salários que centenas de trabalhadores usufruem – ele que, sem nada fazer, se banha em centenas milhares de euros obtidos à custa dos que trabalham – esconde-se a mão dos que prosseguem a cruzada de espoliação dos rendimentos do trabalho para a bolsa do capital, roubando salários e pensões de reforma.

Os Borges desta e doutras terras servirão até quando os que lhe pagam acharem que terão utilidade. Joguetes nas mãos daqueles que fazem os Borgias – conhecidos pelo despotismo, ausência de princípios e tráfico de influência – parecerem meninos de coro.

 



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