Segunda greve geral contra Samaras e a troika

Protestos param hoje a Grécia

Os sin­di­catos gregos con­vo­caram para hoje, quinta-feira, uma greve geral de 24 horas, contra as novas me­didas de aus­te­ri­dade pre­co­ni­zadas pelo go­verno de An­tonis Sa­maras.

72% dos gregos afirmam viver com di­fi­cul­dade

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Os pro­testos su­biram de tom de­pois de o go­verno grego e a troika terem de­ci­dido impor um novo pa­cote de cortes que as­cende a 13,5 mil mi­lhões de euros, que será hoje sub­me­tido ao par­la­mento.

A greve geral, a se­gunda desde que Sa­maras as­sumiu a chefia do go­verno após as le­gis­la­tivas de Junho, tem lugar uma se­mana de­pois de grandes ma­ni­fes­ta­ções re­a­li­zadas, dia 9, no centro de Atenas, contra a vi­sita da chan­celer alemã, An­gela Merkel, ao país.

Nesse dia, de­zenas de mi­lhares de pes­soas par­ti­ci­param em di­versas ac­ções de pro­testo, de que se des­tacou pela sua di­mensão o des­file pro­mo­vido pela Frente Mi­li­tante de Tra­ba­lha­dores (PAME), no qual se in­te­graram a Frente Mi­li­tante de Es­tu­dantes (MAS), tra­ba­lha­dores in­de­pen­dentes e pe­quenos co­mer­ci­antes (PA­SEVE) e a Fe­de­ração das Mu­lheres Gregas (OGE).

Alu­dindo à proi­bição das ma­ni­fes­ta­ções de­cre­tada pelo go­verno, Iannis Ta­soulas, membro do co­mité exe­cu­tivo da PAME, du­rante o seu dis­curso na Praça Omonia, de­clarou que «ne­nhuma bar­ri­cada nem ne­nhum ca­nhão de água nos ame­dron­tarão. O que eles temem é o mo­mento em que os tra­ba­lha­dores se re­vol­tarão. A nossa ma­ni­fes­tação é uma pri­meira res­posta».

Ta­soulas frisou ainda que Merkel, a chan­celer alemã, «não verte lá­grimas por ne­nhum povo. Ela es­frega as mãos como todos os ca­pi­ta­listas ante a pos­si­bi­li­dade de com­prar ao des­ba­rato infra-es­tru­turas bem como os me­lhores lu­gares do nosso belo país, ela luta contra ou­tros pre­da­dores pelo saque e não pelas vidas e o fu­turo das nossas cri­anças. Eis o que acon­tece em pe­ríodo de crise na ac­tual União Eu­ro­peia, que nos foi apre­sen­tada no pas­sado como uma pro­tecção se­gura».

Cri­ti­cando as po­si­ções dos par­tidos po­lí­ticos que se sub­metem aos di­tames da troika, Ta­soulas sa­li­entou: «A ver­dade é clara e lím­pida. Quem ma­ni­festar o seu de­sa­cordo com o me­mo­rando, as di­rec­tivas de trans­po­sição, os acordos de em­prés­timo com a troika tem de estar contra a UE, os seus acordos e de­ci­sões, tem de estar contra a via de de­sen­vol­vi­mento ca­pi­ta­lista que é apre­sen­tada como a via de sen­tido único. Aqueles que em si­mul­tâneo aplaudem a UE e as ma­ni­fes­ta­ções contra a UE mais não fazem do que en­ganar o povo».

Pre­sente na con­cen­tração, Aleka Pa­pa­riga, se­cre­tária-geral do Par­tido Co­mu­nista da Grécia, ma­ni­festou a con­vicção de que «estas pes­soas que não he­sitam em que­brar e se li­vrar das ca­deias de classe sairão vi­to­ri­osas. Este é o sen­tido das ma­ni­fes­ta­ções de hoje. Este de­verá ser o sen­tido das lutas ime­di­atas e fu­turas».

Na ma­ni­fes­tação que se­guiu de­pois para a Praça Sin­tagma ouviu-se, entre ou­tras, as se­guintes pa­la­vras de ordem: «Aca­baram-se as ilu­sões. Ou se está com o ca­pital ou se está com os tra­ba­lha­dores!», «Os tra­ba­lha­dores não são um custo, o custo são os ca­pi­ta­listas e os pa­ra­sitas».

So­bre­viver é di­fícil

Já no ter­ceiro ano sob se­veras me­didas de aus­te­ri­dade, que pro­vo­caram o dis­paro do de­sem­prego para 25 por cento da po­pu­lação ac­tiva, uma re­cente son­dagem sobre as con­di­ções de vida dos gregos veio com­provar um brutal em­po­bre­ci­mento da po­pu­lação.

O es­tudo, re­a­li­zado pela Pu­blic Issue para o jornal Kathi­me­rini, in­dica que 72 por cento dos in­qui­ridos vivem «com di­fi­cul­dade» ou com «muitas di­fi­cul­dades», sendo que estes úl­timos re­pre­sentam 42 por cento do total.

E se 25 por cento dizem não ter pro­blemas eco­nó­micos, apenas três por cento ad­mitem ter «uma vida có­moda». Não sur­pre­ende, pois, que 72 por cento se ma­ni­festem contra o novo plano de aus­te­ri­dade, o qual me­rece o apoio de apenas 19 por cento dos in­qui­ridos.

Uma mai­oria de 70 por cento está con­ven­cida de que o ac­tual go­verno irá cair.

 



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