Faleceu Joaquim Benite

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O en­ce­nador e di­rector do Te­atro Mu­ni­cipal de Al­mada, Jo­a­quim Be­nite, fa­leceu an­te­ontem na sequência de com­pli­ca­ções res­pi­ra­tó­rias mo­ti­vadas por uma pneu­monia. O País perde assim um dos seus mais pres­ti­gi­ados en­ce­na­dores, li­gado ao mo­vi­mento de re­no­vação do te­atro por­tu­guês no pe­ríodo que an­te­cedeu e se se­guiu à Re­vo­lução de Abril de 1974.

Jo­a­quim Be­nite, que pre­pa­rava a es­treia ab­so­luta em Por­tugal de «Timão de Atenas» de Sha­kes­peare, que re­pre­sen­taria o seu re­gresso à ac­ti­vi­dade após um pe­ríodo de au­sência dos palcos por mo­tivo de do­ença, nasceu em Lisboa em 1943, co­me­çando a tra­ba­lhar aos 20 anos como jor­na­lista no «Re­pú­blica». Fez ainda parte da re­dacção do «Diário de Lisboa» e foi chefe de re­dacção dos jor­nais «O Sé­culo» e «O Diário». No «Diário de Lisboa» e nou­tras re­vistas e pu­bli­ca­ções foi crí­tico de te­atro.

Em 1971 fundou o Grupo de Cam­po­lide, tendo-se es­treado na en­ce­nação com «O avan­çado centro morreu ao ama­nhecer», de Agustin Cuz­zani. Com a peça «Aven­turas do grande D. Qui­xote de la Mancha e do gordo Sancho Pança», de An­tónio José da Silva, ga­nhou, no ano se­guinte, o Prémio da Crí­tica para o me­lhor es­pec­tá­culo de te­atro amador. Em 1976, o Grupo de Cam­po­lide trans­formou-se em com­pa­nhia pro­fis­si­onal e, dois anos de­pois, muda-se para Al­mada, ci­dade de onde não mais sairá e que se trans­for­mará num dos prin­ci­pais focos te­a­trais do País.

É ainda a Jo­a­quim Be­nite que se deve, em 1988, a cri­ação do pri­meiro Te­atro Mu­ni­cipal em Al­mada que, em 2005, verá con­cluído o seu novo edi­fício da au­toria dos ar­qui­tectos Graça Dias e Egas Vi­eira e que se tornou num dos prin­ci­pais te­a­tros do País. O Fes­tival In­ter­na­ci­onal de Te­atro de Al­mada, criado em 1984 e que terá no pró­ximo ano a sua 30.ª edição, é outra das marcas dei­xadas por Jo­a­quim Be­nite.

Ao longo da sua car­reira en­cenou peças de au­tores como José Sa­ra­mago, Shahes­peare, Mo­lière, Brecht, Lorca, Bul­gakov, Camus, Adamov, Gogol, Bec­kett, Albee, Ne­ruda, Thomas Ber­nhard, San­chis Si­nis­terra, An­tonio Skár­meta, Pushkin, Peter Schaffer, Mar­gue­rite Duras, Dias Gomes, Nick Dear, O’­Neill, Ma­ri­vaux, Fey­deau, Al­meida Gar­rett, Gil Vi­cente, Raul Brandão, entre muitos ou­tros. Foi ainda dis­tin­guido com nu­me­rosos pré­mios e dis­tin­ções, na­ci­o­nais e in­ter­na­ci­o­nais.

Era membro do PCP desde 1976.



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