Para festas mais felizes

Natal com protestos

Nas ruas de Lisboa, Braga e Porto, como em vá­rias em­presas e ser­viços, a se­mana que an­te­cedeu o Natal ficou mar­cada pela luta de tra­ba­lha­dores no ac­tivo e re­for­mados, contra a po­lí­tica das de­si­gual­dades e do em­po­bre­ci­mento.

Go­verno e pa­trões não dão tré­guas, por isso a luta não pára

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Para exigir que sejam re­cu­pe­rados com ur­gência os atrasos ve­ri­fi­cados na atri­buição do Fundo de Ga­rantia Sa­la­rial, a União dos Sin­di­catos de Braga re­a­lizou no dia 19, quarta-feira, du­rante a tarde, uma tri­buna pú­blica em frente à Se­gu­rança So­cial, na ca­pital do dis­trito. Afirma a USB/​CGTP-IN que, nesta quadra na­ta­lícia, estão mi­lhares de tra­ba­lha­dores à es­pera da atri­buição deste fundo, que tem como ob­je­tivo subs­ti­tuir o pa­ga­mento dos sa­lá­rios quando a en­ti­dade pa­tronal não cumpre rei­te­ra­da­mente a sua obri­gação. Como há atrasos de mais de um ano, o fundo acaba por não cum­prir o ob­je­tivo para que foi criado.
Na tri­buna pú­blica foram dados tes­te­mu­nhos, na pri­meira pessoa, ilus­trando a ne­ces­si­dade de uma maior ce­le­ri­dade dos ser­viços da Se­gu­rança So­cial. Casos de in­for­ma­ções er­radas de­notam a quebra de qua­li­dade dos ser­viços, re­sul­tado da cons­tante acção dos go­vernos, para des­va­lo­ri­zação e des­truição da Se­gu­rança So­cial.
A USB deu a co­nhecer um le­van­ta­mento, que está a re­a­lizar, acerca das dí­vidas aos tra­ba­lha­dores, in­clu­sive de al­gumas que são há anos re­cla­madas em tri­bunal.

Na quinta-feira, dia 20, na baixa de Lisboa, as es­tru­turas dis­tri­tais da Inter-Re­for­mados e do MURPI (Farpil) de­nun­ci­aram pu­bli­ca­mente a grave si­tu­ação em que vivem mi­lhares de pen­si­o­nistas e apo­sen­tados. A tri­buna de pro­testo «contra o Natal das de­si­gual­dades e in­jus­tiças so­ciais» de­correu du­rante a tarde, na Rua Au­gusta, apon­tando res­pon­sa­bi­li­dades à po­lí­tica de di­reita, pra­ti­cada pelo Go­verno PSD/​CDS e a troika, e que será agra­vada com as me­didas ins­critas no OE para 2013.
Foi exi­gido o fim do roubo nas re­formas e foram re­a­fir­madas as po­si­ções das or­ga­ni­za­ções pro­mo­toras contra a re­ti­rada, aos re­for­mados com mais de 65 anos, dos des­contos de 50 por cento nos trans­portes co­lec­tivos, contra o au­mento das taxas mo­de­ra­doras na saúde e contra a di­mi­nuição da com­par­ti­ci­pação es­tatal nos me­di­ca­mentos. Um «coro de Natal» de ac­ti­vistas da Inter-Re­for­mados e da Farpil en­toou estas rei­vin­di­ca­ções. Numa ár­vore de Natal es­tavam co­lo­cados «pre­sentes», iden­ti­fi­cados como «me­di­ca­mentos mais caros» ou «re­for­mados sem sub­sí­dios».
Li­bério Do­min­gues, co­or­de­nador da União dos Sin­di­catos de Lisboa e membro da Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN, in­ter­veio no final da ini­ci­a­tiva.
Antes, in­ter­vi­eram di­ri­gentes da Inter-Re­for­mados e da Farpil, bem como vá­rios re­for­mados. Foram ainda gri­tadas pa­la­vras de ordem, como «re­formas a baixar, lu­cros a subir» e «a luta con­tinua, Go­verno para a rua».

À en­trada do Bingo do Sal­gueiros, no Porto, vol­taram a con­cen­trar-se, no dia 19, al­gumas de­zenas dos 93 tra­ba­lha­dores des­pe­didos em 20 de Ou­tubro. «O pre­si­dente do Sal­gueiros in­formou os tra­ba­lha­dores, na­quela noite, de que es­tavam todos de­sem­pre­gados e o Sal­gueiros não tinha di­nheiro para pagar os di­reitos», mas a sala de jogo «fac­turou, só em 2011, mais de 12 mi­lhões de euros», re­lata o Sin­di­cato da Ho­te­laria e Tu­rismo do Norte. Na tar­jeta dis­tri­buída no local à po­pu­lação, o sin­di­cato ques­tiona «para onde foram os lu­cros».
Mas, re­a­berta a sala no dia 15 de De­zembro, o con­sórcio que a vai ex­plorar não quer rein­te­grar todos os tra­ba­lha­dores que es­tavam no bingo em Ou­tubro.
O sin­di­cato da CGTP-IN re­corda que, em 2004, foi com a luta dos tra­ba­lha­dores que se con­se­guiu a re­a­ber­tura da sala, quando foi en­cer­rada por fuga ao Fisco e desvio da re­ceita do Es­tado. E de­fende que «não há ne­nhuma razão para que os tra­ba­lha­dores não sejam rein­te­grados», pois o con­sórcio que vai ex­plorar a sala ad­mitiu o pes­soal que ficou sem em­prego, de­pois do fecho do Bra­sília, e está a con­tratar ou­tros tra­ba­lha­dores.

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Greve na Ma­deira

Em ple­nário, no dia 20, o Sin­di­cato da Ho­te­laria e Tu­rismo da Ma­deira con­firmou a mar­cação de greves para os dias 25 de De­zembro e 1 de Ja­neiro no sector.
Ao dar conta desta de­cisão, a agência Lusa re­fere a falta de pa­ga­mento dos sub­sí­dios de Natal e da re­tri­buição cor­res­pon­dente ao tra­balho pres­tado em dias fe­ri­ados como ra­zões que le­varam os tra­ba­lha­dores a optar pela pa­ra­li­sação, numa al­tura em que a ocu­pação nas di­fe­rentes uni­dades ho­te­leiras ronda os 50 a 70 por cento.
«De­vido aos in­te­resses do tu­rismo e da Ma­deira, os pro­blemas dos tra­ba­lha­dores de­viam me­recer as aten­ções das en­ti­dades em­pre­ga­doras», co­mentou Le­onel Nunes. O di­ri­gente sin­dical ex­plicou aos jor­na­listas que não estão em causa au­mentos sa­la­riais, cons­ti­tuindo a greve «mais um passo para obrigar as en­ti­dades em­pre­ga­doras a cum­prirem o que está con­sa­grado no con­trato co­lec­tivo de tra­balho».
A greve de 1 de ja­neiro visa exigir o pa­ga­mento do sub­sídio de Natal, que de­veria ter sido pro­ces­sado até 15 de De­zembro. «Com­pre­en­demos que existam si­tu­a­ções di­fí­ceis para al­guns em­pre­sá­rios, mas não podem ser os tra­ba­lha­dores a aper­tarem mais o cinto», disse Le­onel Nunes.
O pré-aviso de greve deixa de fora as em­presas que res­peitam o con­trato co­le­tivo de tra­balho.




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