Confiança no futuro
Uma grande mobilização popular de apoio à revolução bolivariana e de solidariedade para com o presidente Hugo Chávez, em tratamentos oncológicos em Cuba, marcou as comemorações dos 21 anos da movimentação cívico-militar de 1992.
Os poderes que enfrentamos persistem em tentar deter o curso da história
Para os venezuelanos, neste dia assinala-se o início da marcha bolivariana rumo à conquista do poder e a consequente libertação do país das garras do imperialismo. Na altura, um grupo de cerca de 300 oficiais liderados pelo então tenente Hugo Chávez não conseguiu derrubar o presidente Carlos Andrés Perez, cuja impopularidade batia recordes devido à miséria a que votava a maioria do povo e ao esmagamento sangrento de uma revolta popular em Caracas, dois anos antes, a 27 de Fevereiro de 1989.
Os oficiais e soldados liderados por Chávez lograram, no entanto, semear um movimento que, sete anos mais tarde, se viria a impor nas urnas e prossegue, hoje, grandes transformações progressistas no país.
Em Caracas, esta segunda-feira, milhares de venezuelanos participaram nas marchas até ao Museu Militar e, depois, à zona do Palácio Miraflores, palcos das iniciativas centrais organizadas.
Na ocasião, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, leu uma carta enviada desde Havana pelo presidente Hugo Chávez, o qual, lamentando não poder estar presente, sublinhou que a 4 de Fevereiro «os venezuelanos viram amanhecer a esperança graças ao povo-soldado, sentindo-se de novo acompanhados por militares patriotas que empunharam as armas em defesa das garantias sociais».
Os militares de então recusaram continuar a servir de «guarda petroriana de uma classe política tão opressora como corrupta e criminosa» e juraram «que nunca mais nos iam utilizar para afogar em sangue os justos clamores populares», continuou Chávez, antes de advertir que «o 4 de Fevereiro gerou forças que, todavia, ainda estão em expansão; cujo espírito insubmisso deve acompanhar-nos cada dia, porque os poderes que enfrentamos desde há mais de duas décadas persistem em tentar deter o curso da história na Venezuela, na América Latina e no mundo, poderes que ameaçam destruir a humanidade e o planeta».
Dois dias antes, o vice-presidente Nicolás Maduro acusou alguns sectores da burguesia comercial de implementarem uma estratégia cujo objectivo é provocar a escassez de alimentos no país, e avisou que «não haverá contemplações para quem sabotar o povo».
A acção denunciada por Maduro ocorre justamente quando estatísticas oficias e dados divulgados por agências da ONU, como a FAO, confirmam que a Venezuela ultrapassou as chamadas Metas do Milénio para a diminuição da pobreza, e que tal conquista resulta das políticas implementadas pelo governo bolivariano, facto que não agrada aos sectores nacionais e estrangeiros antibolivarianos, mas que justificam a entusiástica celebração popular do 4 de Fevereiro, demonstrativa, para além do mais, do empenhamento colectivo num futuro soberano, de democracia e justiça social.