O caminho de Seguro

José Casanova

Seguro não pára: depois da «hora da mudança», ei-lo, frenético, em rota de moção para a mudança… Tudo mentira. Quando anunciou a chegada da «hora da mudança» estava, certamente, a pensar na mudança da hora – que essa, sim, ocorrerá nos próximos dias. Quanto à «moção», ela é contra o Governo e não contra a política de direita, ou seja: é uma moção para que o Governo deixe de ser PSD/CDS e passe a ser PS e prossiga, com Seguro, a política que Passos/Portas estão a fazer. Aliás, e jogando pelo seguro, Seguro fez questão de informar a troika patroa de que não quer mudar nada, antes pelo contrário. Após a prestação de vassalagem ao ocupante, fez-se à estrada, com um exército de jornalistas a acompanhar todos os seus passos, gesto, tiques e falas. Parou onde estava previsto parar e onde tudo fora cuidadosamente preparado para o receber bem – tudo: desde o pinheiro que fingiu plantar até à placa que ficará a assinalar a histórica plantação.

«As pessoas estão primeiro», repetiu e repetiu durante o périplo: «disto é que eu gosto: ouvir as pessoas», «visitar, conhecer, escutar» – e mais todo o blá-blá-blá recorrente e que, com igual recorrência, o exército mediático registou e difundiu, nalguns casos com purificado fervor religioso (não esqueçamos que caminhante e panegiristas pararam em Fátima).

A fechar a representação, e mesmo antes de cair o pano, o intrépido plantador de um-pinheiro-um falou, enfim, verdade. Grandíloquo, proclamou: «tenho um caminho».

Tem: assegurar o bom cumprimento do pacto das troikas e continuar a política de direita iniciada pelo seu partido em 1976 e prosseguida desde então por sucessivos governos PS/PSD/CDS.

Quanto à hora da mudança, sem aspas, ela há-de chegar. E certamente mais cedo do que Seguro e os seus parceiros da troika colaboracionista desejam.

Porque, por muitas «mudanças» que Seguro agite no caldeirão da alternância – esse caldeirão no qual, há longos 37 anos, os três partidos da política de direita têm vindo a cozinhar a liquidação de Abril e o afundamento de Portugal – a luta organizada das massas trabalhadoras e populares acabará por impor a mudança necessária: a alternativa patriótica e de esquerda.



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